domingo, 13 de setembro de 2009

A trajetória corintiana por Celso Unzelte

No último sábado (dia 12), o jornalista e professor da Faculdade Cásper Líbero, Celso Unzelte, contou a história de seu time do coração no Museu do Futebol (SP). A apresentação "Corinthians 100 anos em 10 décadas" reuniu imagens raras, registros históricos e momentos marcantes da trajetória do "clube mais brasileiro".

Sempre descontraído, Unzelte já começou criticando a camisa azul (ou verde) do membro do MemoFut (Grupo de Literatura e Memória do Futebol) José Renato Santiago, que passaria os slides da apresentação. "Para você é azul. Para os corintianos é?" E a plateia gritou: "Verde!" Após conferir a majoritária presença de torcedores alvinegros no auditório, sentiu-se mais à vontade para exibir a relíquia: uma camisa 10, de 1975, usada por Basílio e autografada pelos jogadores na época.

O jornalista contou com o apoio da esposa Patrícia para organizar os slides. Segundo ele, o trabalho "durou a semana inteira". A apresentação foi dividida por décadas. Os anos 10 vieram ao som de "Odeon", canção composta em 1910 por Ernesto Nazareth. Fato que, para Unzelte, foi o segundo mais importante daquele ano (o primeiro, obviamente, a fundação do Corinthians, em 1º de setembro). Os corintianos presentes também puderam ver a fotografia mais antiga do clube, datada de 1913.

Nos anos 20, Unzelte trouxe o primeiro hino do time alvinegro, de 1929. Para cantar junto, chamou seu filho, Daniel, e brincou: "Até criança de 5 anos sabe esse hino! Escolhi uma criança aleatoriamente aqui. Você é Rafael, né?"

A década de 30 foi também a do terceiro tricampeonato paulista conquistado pelo Corinthians, o que mereceu mais ataques bem-humorados de Celso Unzelte aos rivais. "O Santos tem dois tricampeonatos paulistas. O Palmeiras, na época Palestra Itália, tem um. O São Paulo nunca foi tri paulista. Chato! Paulista. Ia colocar 'Nunca foi tri', mas ficaria pesado demais!"

Unzelte recordou Teleco (1913-2000), o terceiro maior artilheiro da história do clube. "Meu pai era são-paulino. Mau avô o levou para ver um Corinthians X São Paulo. O Corinthians ganhou. Na hora de ir embora, meu pai falou: 'Meu time é outro, o do Teleco'".

Para relembrar os anos 40, Celso Unzelte recorreu à mais antiga imagem em movimento do Corinthians. Ele, no entanto, preferiu vê-la rapidamente, pois se tratava de uma derrota para o Palmeiras por 3 a 1, em 1947. No YouTube, há um revés de 1948 (vídeos abaixo), desta vez para o Santos (3 X 2). A primeira vitória filmada (6 a 1 contra o Bologna, da Itália) está em restauração e deve ficar pronta em 2010. "Precisamos mesmo restaurar, porque a gente ganhou, por enquanto a gente está só perdendo!", reclama, sempre bem-humorado.













Nos anos 50, o Corinthians faturou o título do IV Centenário de São Paulo em cima do Palmeiras. Os números do ataque alvinegro impressionavam: 103 gols em 28 jogos. O jornalista comentou: "Depois que o Pelé apareceu, esse negócio dos 100 gols avacalhou. Até aqui jogavam pessoas normais".

"Anos 60. Vamos falar rapidinho?", brincou Unzelte, já que, nesta década, o Corinthians não levou nenhum título paulista, apesar de ter conquistado outros campeonatos. Também explicou a origem do apelido "Timão", desmentindo o boato de que seria uma alusão ao timão usado nos barcos. O jornal A Gazeta Esportiva passou a chamar o clube de "Timão", pois o presidente na ocasião, Wadih Helu, havia investido pesado na contratação de craques como Garrincha.

As décadas de 70 e 80 trazem ótimas recordações aos corintianos. A invasão do Maracanã, em 1976, levou o time à final do Campeonato Brasileiro. Em 1977, após 22 anos, 8 meses e 7 dias, o jejum de títulos paulistas terminava. Entre 1981 e 1985, tornou-se conhecida a Democracia Corinthiana, protagonizada por Sócrates, ídolo reverenciado por Celso Unzelte na apresentação.

Os anos 90 e 00 foram de muitos títulos ao Corinthians. O principal da história do clube, o Mundial da Fifa, provoca discussões inclusive entre os corintianos. Celso rebateu as provocações: "A legitimidade é perfeitamente discutível, mas discutir a legalidade desse título é burrice". O jornalista encerrou a apresentação com o hino corintiano. Em holandês: "Não vou tocar esse hino [em português], todo mundo conhece".

Ainda faltava a resposta para o seguinte enigma: por que o corintiano é tão fiel? Celso Unzelte responde: "Não vou dizer que nas outras torcidas não existam pessoas que amem seus clubes como o corintiano. A diferença é que há uma quantidade maior de xiitas no Corinthians". A comprovação veio ao final da apresentação, com os corintianos pedindo fotos e autógrafos ao jornalista tão fanático quanto à fiel torcida.

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