domingo, 30 de agosto de 2009

Nasi canta blues e clássicos do rock no CCSP

Com muito veneno e descontração, Nasi se apresentou neste sábado (dia 29) no Centro Cultural São Paulo. O show, que durou aproximadamente 90 minutos, trouxe o "novo" estilo do músico, mais voltado ao blues.

O roqueiro já lançara 3 álbuns sob o nome Nasi e os Irmãos do Blues, projeto paralelo criado em 1991. Com a saída da banda Ira!, Nasi voltou a focar seus shows da carreira solo ao estilo precursor do rock'n'roll. Nasi incorporou Johnny Cash (1932–2003), ícone do rock dos anos 50, em várias canções.
A plateia do CCSP, pequena mas empolgada, ocupou os espaços além dos bancos. Alguns sentaram-se no chão, bem próximo do palco. Um grupo ficou de pé, no "gargarejo", na frente de Nasi, servindo de coro para os refrões mais conhecidos da setlist.

Nasi relembrou grandes sucessos do rock nacional. Canções do Ira!, como "Tarde Vazia" e "Eu Vou Tentar", foram interpretadas. "O Tempo Não Para", de Cazuza, recebeu solos de guitarra mais calmos, porém não menos empolgantes. O "Wolverine Valadão", como ficou conhecido no Rockgol, da MTV, veio a caráter, com camiseta e até caneca personalizada com o herói da Marvel.

Desde antes do começo do show, os fãs já gritavam "Toca, Raul!". O baixista Johnny Boy pediu paciência, que o desejo se tornaria realidade em breve. E aconteceu: as quatro últimas canções do show foram de Raulzito: "Metamorfose Ambulante", "As Minas do Rei Salomão", "Mosca na Sopa" e "Sociedade Alternativa". Nasi reviveu a apresentação na Virada Cultural 2009, no palco em homenagem a Raulzito (foto acima). Na ocasião, interpretou o álbum Krig-Ha, Bandolo (1973).

O show teve seu lado descontraído. Em cada música, Nasi disparava indiretas sobre a banda que liderou por 26 anos. O público foi à loucura quando ele soltou essa: "A banda que eu formei... e que roubaram o nome!".

A banda ainda voltou ao palco para tocar as últimas três músicas: "Garota de Guarulhos" (versão de "Jersey Girl", de Tom Waits), uma versão de "Epitáfio", tema da novela Chamas da Vida, da Record, e a clássica "Núcleo Base", sucesso do início da carreira do Ira!, apesar dos gritos de "Pobre Paulista" da plateia.

Ao final do show, Nasi retirou-se rapidamente, diferentemente dos outros integrantes. O baterista Evaristo Pádua, com um solo nervoso e incrível, recebeu os merecidos parabéns. Um garoto, de aparentemente 12 anos, chorou ao abraçá-lo, e foi recompensado com um par de baquetas. "Para ir começando", consolou Pádua.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Entrevista com Mário Lúcio de Freitas - Primeira Parte

Mario Lúcio de Freitas é músico, compositor, chegou a participar da Jovem Guarda, apresentou um programa na TV Cultura, ganhou prêmios com jingles publicitários e fez trabalhos para a TV Globo. Talvez seu trabalho mais reconhecido – por ainda estar no ar – seja a dublagem do seriado Chaves. Vindo do México em 1981, estreou no SBT há exatos 25 anos. Como não veio preparada para dublagem, a versão brasileira teve que abusar da criatividade. Mário Lúcio de Freitas, responsável pelas músicas do seriado, conta como conheceu Silvio Santos, revela bastidores da dublagem de Chaves e fala de sua amizade com Marcelo Gastaldi (Maga), a voz do Chaves, morto em 1995.

Quando começou sua carreira?
Foi no circo Marabá, do meu pai, em 1952. Eu era o palhacinho, meus pais eram trapezistas e trabalharam em circos grandes na época, como o Circo Garcia. Meu pai também era palhaço, comprou um circo e me deu a chance.

Como foi o ingresso do circo para a televisão?
Eu comecei a fazer alguns programas de televisão. Acho que eles me viram no circo e me convidaram para fazer programas do tipo Praça da Alegria. Comecei a fazer umas pontinhas vestido de palhaço e resolveram me contratar.

Como surgiu sua trajetória de músico?
No circo eu já cantava. Em 1962, meu pai me comprou uma guitarra e eu comecei a tocar um pouquinho. Minha amiga Soninha, namorada de um amigo que você deve conhecer e que já faleceu, o Marcelo Gastaldi, tocava um pouquinho de violão e começou a me ensinar a música "Ouça", da Maysa. E me convidaram para entrar em um conjunto que estava começando, Os Giannini’s. Comecei a ser o contrabaixista, porque, como tinha quatro guitarristas e um baterista, alguém tinha que tocar contrabaixo (risos). Surgiu o programa Jovem Guarda, com todo aquele sucesso, a fila era muito grande naquela época, e contrataram meu conjunto para ficar tocando na rua, animando a fila. E um dia um baixista da Jovem Guarda saiu de um conjunto e foi para outro, e me convidaram para entrar no lugar, foi quando eu fiz Jovem Guarda, e virei profissional.

Nesse grupo tinha o Marcelo Gastaldi?
Não. Esse grupo [com o Marcelo Gastadi] era o quarteto vocal Os Iguais, comigo, o Antônio Marcos, que ficou famoso, o Apolo e o Marcelo Gastaldi. O Marcelo e eu éramos atores da TV Paulista nessa época. O Antônio Marcos, não. O Apolo não era ator, mas trabalhava na parte administrativa da TV Paulista.

O senhor e o Marcelo conviveram juntos...
Até ele morrer, de 1960 a 1995. Só que teve uma fase em que nos separamos um pouco. Quando o conjunto acabou, ficamos um tempo assim. Depois nós voltamos na época do SBT, nos anos 80 e depois até o fim.

Já que falou de SBT, como o senhor conheceu Silvio Santos?
Conheço o Silvio Santos desde 1959, 1960. Exatamente a fase em que eu estava fazendo circo e ele, televisão. Eu cheguei a fazer a "Caravana do Peru", não sei se você já ouviu falar disso, a caravana de circo do Silvio Santos. Chamava-se "Caravana do Peru" porque o apelido do Silvio Santos no começo era “o peru que fala”, porque ele ficava vermelho. A primeira coisa que ele começou a fazer foi circo, e eu participei por um tempo da "Caravana do Peru".

Então quando o Silvio fundou o SBT, ele já o conhecia.
Só que eu acho que ele não me conhece até hoje. Eu fiz uns 200 trabalhos para ele, mas...

Quando o SBT cobriu o evento com os fãs de Chaves, o senhor estava lá e não o entrevistaram.
Não, me entrevistaram. Só que me cortaram. Você sabe por que, não é?

Gostaria que o senhor me explicasse.
Existe um processo meu contra o SBT. Eu trabalhei no SBT de 1981 a 1996, mas eu nunca fui funcionário, só prestei serviços. Existe no SBT um departamento musical dirigido pelo maestro Osmar Milani. Então toda vez que precisava fazer a abertura de um programa, o SBT pedia para o departamento criar a música. O SBT não gostava muito do trabalho do departamento e em cima da hora pediam para mim. Eu acabei fazendo umas 40 aberturas para eles, só que eu não era funcionário deles. Em todo esse tempo não colocavam o meu nome. É isso que está sendo cobrado. Eu digo que ele não me conhece porque eu trabalho com ele desde a "Caravana do Peru", trabalhei 15 anos para o SBT e ele não sabe quem eu sou. Se ele me encontrar na rua, ele não sabe quem eu sou. Mas não acho que seja de propósito, ele é uma pessoa muito ocupada. Acho que, realmente, falta assessoria.

Desde o começo da TVS, o senhor trabalhou fazendo aberturas?
Sim. Comecei fazendo Lucille Ball, uma série cujas músicas eu fazia para cantar. Depois fiz a abertura do Marco, um desenho, tinha uma abertura. A música não era minha, mas fiz o arranjo. E comecei a fazer isso, me chamaram para fazer porque não tinha ninguém contratado da emissora para fazer. E fiz as novelas, fiz dez novelas.

Fez Os ricos também choram?
Os ricos também choram, Chispita...

Vocês que trocaram Guadalajara por Araraquara?
Foi a dublagem (risos). É uma orientação do SBT. O Silvio Santos pedia para que tudo fosse dublado. No próprio Chaves acontecia isso.

Isso até prejudicou um pouco, porque, no Chaves, quando teve diferença de lotes, a continuação de um episódio foi comprada anos depois e o primeiro episódio da história de Acapulco, por exemplo, a cidade era Acapulco, mas, nos outros dois, foi dublado como Guarujá.
Neste caso, a culpa não é nem da dublagem, nem do SBT. É culpa da Televisa. Eles [da Televisa] eram meio bagunçados. Outro caso que acontecia era que, na época, as gravações eram ruins, chegavam capítulos, por exemplo, em que um pedaço da fita estava todo deteriorado, não dava para exibir aquilo. Todo mundo pensa: "Não, é episódio perdido". Não era perdido, mas veio em más condições e não dava para exibir aquilo. Não houve um planejamento da Televisa para vender a série organizada. E também era uma coisa da época, a dublagem estava passando de filme para o videotape. Todo mundo se perdeu ali.

Quando Chaves chegou ao SBT, o Silvio pediu para a Maga dublar. A Maga era um estúdio sem estúdio?
A Maga não tinha estúdio, mas nem precisava ter. O SBT tinha feito seis estúdios e terceirizava a dublagem, contratava várias dubladoras. E me contratavam para fazer música para todas. Eu dirigi muitas séries no SBT, como Jem e as Hologramas, Ursinhos Carinhosos, isso nos estúdios do SBT. O diretor era o Salathiel Lage, um amigo meu, até conversei com ele outro dia, e ele estava me lembrando exatamente da chegada desse primeiro lote. Primeiro: Chaves não ia para o ar. O departamento artístico do SBT, que na época era TVS ainda, disse: "Não, isso aí é muito ruim, não vamos pôr no ar isso. Não vai para o ar". Chaves veio de contrapeso, o Silvio comprou uns programas, umas novelas e veio o Chaves de brinde (risos). E o departamento disse: “Não, essa série é muito ruim, é um humor muito infantil, moleque, criança não gosta disso. Não vamos colocar no ar". E o Salathiel falou para o Silvio Santos: "Silvio, você tem que colocar no ar, isso é legal". E o Silvio respondeu: “Não, o departamento já falou que não vai para o ar". E o Salathiel falou: "É o tipo do humor que a criança vai gostar, eu gostaria até que meu filho visse". Mas o Silvio respondeu: "Não, não, não vai para o ar".

O Silvio falou isso?
O Silvio não queria que pusesse no ar. O Salathiel insistiu, insistiu, até que o Silvio falou (imitando o Silvio Santos): "Está bom, está bom, Salathiel, vamos colocar", mas foi de contragosto, porque ninguém acreditava no Chaves. Eu já vi até gente escrever que isso é mentira. Não é mentira, eu acabei de ouvir isso de novo do diretor da dubladora. Isso é verdade. A série não ia para o ar, porque não acreditaram. E, na época, a mídia disse que estava mal dublado, que a dublagem era horrorosa. Estava mudando de filme para vídeo. Então começaram a dublar em vídeo e tinha que refazer tudo: porta, avião, passo, música. E hoje falam que a melhor dublagem é a do Chaves.

Como o senhor foi chamado pelo SBT para fazer as músicas?
O Marcelo me indicou.

Desde o começo [da dublagem de Chaves] o senhor também participava?
Eu participei de tudo, comecei antes disso. Eu fazia a parte musical. Todas as músicas que cantam na série fui eu que dirigi. Tem um violão tocando, mas sou eu que toco. O Chaves vai tocar uma música, mas sou eu que estou tocando. E algumas músicas também, essas musiquinhas que nós chamamos de "Background Music", mas que, na verdade, é ME, "Música e Efeitos". Depois, já nos anos 90, teve o lote dublado na Marshmallow. A Maga foi para lá e alugou alguns estúdios nossos.

Como foi fundada a Marshmallow?
Começou a pintar muita coisa para fazer, então fiz uma sociedade com o Gilberto Santamaría para fazer o estúdio Marshmallow. Depois entrou um terceiro sócio, o [Antônio] Paladino, diretor da gravadora do SBT e diretor da Som Livre. Ele trabalhava na Som Livre, foi para o SBT e voltou para a Som Livre. Montamos a Marshmallow, um estúdio de publicidade, e começamos a fazer dublagens. Depois eu saí e ficou só como dubladora mesmo.

O senhor se lembra de quantas vezes a Marshmallow dublou Chaves? Porque foram em anos diferentes.
Foi em 1992. Já tinha fechado o estúdio na TVS e a Maga ficou sem estúdio. As músicas do Chaves foram gravadas todas na Marshmallow. Nessa época, esses capítulos da Maga dublados na Marshmallow já vinham com ME, mas eram meia-boca, eles estavam começando a fazer isso. Por isso que em alguns capítulos tem músicas minhas de discos da Som Livre. Por exemplo, tem disco da novela Vamp [da Rede Globo], tem música minha que está no Chaves. Por quê? Porque a ME estava ruim.

Caiu como uma luva, hein?
(Risos) Melhor do que as outras! Mas na realidade foi feita para a novela.

Como era a sua relação profissional com a Globo?
Meu parceiro que trabalhava na Som Livre e eu não podíamos apresentar os projetos com nosso nome, por isso usávamos pseudônimos.

Depois da Marshmallow veio a Gota Mágica. Como foi feita essa transição?
O meu primeiro sócio, Gilberto Santamaría, morreu, era novo, tinha 38 anos. Aí fiquei só com o Paladino. Hoje ele é meu amigo, mas na época a sociedade não estava dando certo. Eu falei: "Paladino, eu vou sair, vou fazer um estúdio para mim, só que enquanto eu estou montando o estúdio eu posso ficar aqui?" Ele disse: "Tudo bem". Eu saí da sociedade e fiquei mais um mês na Marshmallow, mas já não sendo Marshmallow, sendo Gota Mágica. A Gota Mágica nasceu dentro da Marshmallow. Ficou um ano gravando no estúdio da Marshmallow. A Gota Mágica estreou em 1994.

Por que a Gota Mágica fechou?
Eu não tinha saído com muito dinheiro da Marshmallow. Além disso, montamos o estúdio da Gota Mágica para três firmas, mas não era sociedade. A primeira fechou logo. A segunda também fechou. A Gota Mágica ficou com uma estrutura muito grande só para ela.

O Clube do Chaves foi dublado na Gota Mágica, mas em que estúdio?
O Clube foi dublado nos Estúdios Echo’s. Nós alugamos e fizemos lá.

A dublagem do Clube do Chaves ficou marcada pela adaptação polêmica. Como foi feita a tradução?
Muitas piadas e trocadilhos com palavras em espanhol não teriam graça no Brasil. Eu cheguei a traduzir uns dois capítulos e não era fácil. No Chaves clássico foi assim também. Com os nomes dos personagens aconteceu isso também. No original, todos os nomes começavam com "Ch": "Chómpiras", "Chaparrón". Nós tentamos traduzir da mesma forma, e colocamos "Chaveco" no "Chómpiras". Pensamos em um nome para o "Chaparrón", mas não tinha nenhum bom com "Ch". Colocamos "Pancada", mas chegamos a pensar em "Chapado" (risos).

O senhor procurou chamar os mesmos dubladores que dublaram a série clássica?
Sim. Quem eu conseguia chamar, eu chamava. O Silton [Cardoso, dublador de Horácio Gómez Bolaños, o Godines] estava perdido, só voltou agora. O Mário [Villela, dublador de Edgar Vivár] estava doente, bebia muito, e não conseguiria dublar o Botijão, porque ele fala muito depressa. O Senhor Barriga ele conseguiria, mas o Botijão, não. Tanto que ele não conseguiu na dublagem dos DVDs (Mário Villela faleceu em 2005; na época, dublava no Studio Gabia episódios que seriam lançados em DVD pela Amazonas Filmes).

Como conheceu Cassiano Ricardo, o substituto do Marcelo no Clube?
O irmão dele já trabalhou comigo no circo. O Cassiano é ator e estava na peça "Caixa Dois". Então eu o levei ao SBT e o apresentei ao Salathiel Lage, que tinha voltado ao SBT. Procurei alguém que imitasse o Marcelo e o Cassiano nunca tinha dublado. Ele era ator e imitador. Ele fez o teste e passou. Queriam até que eu fizesse (risos). Chegaram a me convidar, mas eu pensei: "Não vou entrar nessa fria" (risos). Porque o Marcelo ficou marcado. O SBT não devia ter exibido o Chaves do Clube. Só os clássicos, e só os outros personagens, Chaveco, Pancada.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Toca Raul. Eternamente.

Raul Seixas não morreu. Pelo menos para a multidão de raulseixistas que marcharam do Teatro Municipal à Praça da Sé nesta sexta-feira, 21 de agosto, mesma data da morte do ídolo do rock nacional, há 20 anos.

Penna Seixas, sósia de Raulzito fez seu show em cima de uma motocicleta personalizada, propriedade de "Maluco Beleza" – como quer ser identificado. Ao som de grandes clássicos, como "Ouro de Tolo" e "Metamorfose Ambulante", os fãs finalmente puderam gritar "Toca Raul" e ser atendidos. Penna mostrou sua máxima demonstração de afeto pelo músico: uma tatuagem no abdome.

A concentração de raulseixistas começou por volta das 16 horas. O crepúsculo acompanhou a caminhada rumo ao marco zero da cidade. Comerciantes que encerravam o expediente traziam no rosto um misto de surpresa e boas recordações, talvez por músicas de Raul que embalaram o passado deles.

Em pouco tempo, a Sé foi tomada por "malucos beleza". No dia em que o centro de São Paulo parou, estava o músico Tico Santa Cruz, que considera as letras de Raul inspiração para toda a vida, e exaltou a multidão presente: "Eles podem mudar o mundo".

A grande reunião também foi palco das últimas gravações para o documentário Raul Seixas – O início, o fim e o meio, previsto para estrear em 2010. O diretor Walter Carvalho acompanhou desde o começo a homenagem. Na Sé, chamou vários fãs para responder a seguinte pergunta: "Onde está Raul agora?". Visivelmente alterados, alguns não conseguiram resolver a questão.

O palco "Toca Raul" da Virada Cultural 2009, a marcha de raulseixistas e o documentário apenas confirmar um fato verdadeiro: a obra de Raul Seixas permanecerá viva, e perdurará por tanto tempo como aquele velhinho sentado na calçada, que contou uma história mais ou menos assim: "Eu nasci há dez mil anos atrás...".

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A esperança do SBT

Há 28 anos, Silvio Santos anunciava a inauguração da TVS (TV Studios) em São Paulo. O canal 4, antes ocupado pela TV Tupi, foi entregue ao apresentador, comemora seu aniversário feliz, mesmo em terceiro lugar no Ibope.

O atual slogan do SBT, "A TV mais feliz do Brasil", traz a motivação de quem se orgulha de ser "brega", "popularesca", "cafona", estigmas que serviram de elo entre a emissora e seu público. Os telespectadores se identificam com a programação do SBT, explicando a fidelidade ao canal.

Mais "brega", no entanto, foi perder tal confiança ao mudar constantemente a programação. Após ter conquistado sua maior audiência em 2001, com a Casa dos Artistas, o SBT perdeu-se na disputa pelo Ibope. Formatos mal-sucedidos limados da grade, "grade voadora", mudanças súbitas que impacientaram o telespectador.

O troca-troca acentuou-se com o a avanço da Record. Na iminência de perder o segundo lugar no Ibope, o SBT anunciava novas grades a cada semana, sem sucesso. Nem mesmo o investimento no jornalismo foi capaz de impedir a queda. Era desesperador ver a emissora noticiando que ainda ocupava a vice-liderança, porém cada vez menos distante da terceira colocada. Em 2007, a esperada ultrapassagem aconteceu.

Em 2008, o SBT começava a despertar. O fim da parceria com a mexicana Televisa pôs fim à transmissão dos "dramalhões". Somente o eterno coringa Chaves resistiu, graças a um contrato separado. Silvio Santos tomou para si a responsabilidade de trazer de volta o prestígio de sua emissora, apresentando seu programa de 40 anos de tradição.

Uma produção ultrapassada deu ânimo e confiança: Pantanal, novela de 1990 da Manchete, deu sobrevida à audiência ao canal, que por um mês retornou à vice-liderança – com direito a um broche comemorativo entregue aos funcionários O SBT já havia experimentado reprises da extinta emissora, também com altos e baixos: o triunfo de Xica da Silva (2005) contrasta com os péssimos índices de Dona Beija (2009).

Íris Abravanel lidera a nova teledramaturgia do SBT. No entanto, Revelação e Vende-se um Véu de Noiva não alcançam a audiência desejada, e o sonho de voltar à vice-liderança torna-se cada vez mais distante de acontecer. Apesar dos revezes, Silvio Santos aprendeu a ter paciência. Ele mesmo afirmou que, "mesmo se der zero de audiência", manterá no ar.

Um novo SBT está se formando. Sem Gugu Liberato, mas com uma linha de shows que incomoda a concorrência e, aos poucos, conquista a fidelidade do público. Eliana, Roberto Justus, Tiago Santiago e Roberto Cabrini são as atuais contratações que trarão qualidade à programação da emissora. O SBT pode não ter motivos para tanta felicidade, mas ao menos tem esperança.

Ventos assustam paulistano

Uma forte ventania assustou os paulistanos nesta manhã. Fortes rajadas atingiram a capital paulista por volta das 4 horas.

Os estragos puderam ser vistos da janela dos ônibus. Na Freguesia do Ó (zona norte), tapumes que protegiam edifícios em construção amanheceram no chão. Galhos de árvores se espalharam ao longo da Avenida Miguel Conejo.

Mais à frente, no Largo do Comissário, a queda da vegetação interditou a entrada de uma creche. Na verdade, a árvore tinha sido derrubada na tarde de ontem (dia 18) pela chuva, acompanhada de rajadas superiores a 50 km/h, como informa o blog de Marcelo Lisboa. Hoje de manhã, a árvore ainda estava no local. Na Avenida Comendador Matinelli, próximo à Ponte da Freguesia do Ó, um posto de gasolina teve seu poste publicitário tombado por causa da força dos ventos.

O site G1 e o telejornal Bom Dia SP, ambos da Rede Globo, noticiaram a morte de uma pessoa em decorrência da queda de uma árvore, na Vila Nova Cachoeirinha (zona norte). Outra pessoa ficou ferida.

Chuva e ventos de até 60 km/h também provocaram queda de árvores na região ontem à tarde, causando ferimentos em uma mulher e atingindo um automóvel estacionado, segundo informações do G1. consequência da mudança brusca de temperatura, ocorrida esta semana.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Tensão na TV

Na última semana, Globo e Record trocaram acusações em seus principais telejornais. Ignorando o jornalismo, o Jornal Nacional (ao lado) expôs denúncias já arquivadas contra a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), salientando a prática do dízimo. O Jornal da Record respondeu atacando: relembrou alguns escândalos políticos da concorrente, usando cenas do documentário Brazil: Beyond Citzen Kane (1993). A briga, que se estendeu neste domingo, no Fantástico e no Repórter Record, tem como motivos indiretos a intolerância religiosa de uma e o crescimento em audiência de outra.

A Globo demonstrou, ao longo de sua história, profunda aversão ao protestantismo. Além de não vender sua programação a igrejas evangélicas – a propósito, exibe missas do padre Marcelo Rossi nas manhãs de domingo –, demonstra sua intolerância através de reportagens "investigativas", denunciando a utilização do dízimo para fins nem um pouco sagrados, como em 1990, no Globo Repórter, apresentado por Celso Freitas, e em 1995, no Jornal Nacional, sob o comando de Sérgio Chapelin. Em 2008, a Record deu o troco em reportagem veiculada no Domingo Espetacular, sobre a discriminação religiosa nas novelas da emissora carioca.

Além disso, a Globo não engoliu a perda dos direitos de transmissão da Olimpíada de 2012, em Londres, para a emissora de Edir Macedo. Os Jogos Pan-Americanos de 2011 e 2015 também foram adquiridos.

Desde 2004, a Record impulsionou sua audiência, investiu no jornalismo e na teledramaturgia. Três anos depois, em 2007, ultrapassou o SBT e tornou-se vice-líder, no mesmo ano em que inaugurou a Record News, primeiro canal aberto de jornalismo, sob o pretexto de "derrubar o monopólio" da informação. O sucesso da programação da Record gera controvérsias: cópias de formatos da concorrente puseram em xeque a originalidade e criatividade da emissora.

O avanço da Record atrapalhou os investimentos da Globo. Em 2008, o capítulo de estreia de A Favorita, principal atração da Globo obteve o pior índice de uma novela das oito. O inconveniente foi o encerramento de Caminhos do Coração, cujo horário de exibição foi alterado para prejudicar a concorrente. Em 2009, o ótimo desempenho de Caras e Bocas e Caminho das Índias não se repetiu nos reality shows. Jogo Duro e, mais recentemente, No Limite perderam a liderança para A Fazenda, cópia da Casa dos Artistas, do SBT, que, em sua primeira edição (2001), pôs fim à hegemonia da Globo nas noites de domingo, pelo menos temporariamente.

Apesar de a Record comemorar a liderança no Ibope em vários horários, ainda não houve consolidação do segundo lugar. O SBT, confiante, está se recuperando, voltando a investir, contratando, o que resultou em uma disputa paralela contra a Record, paralela à de agora, contra a Globo. Mesmo assim, são poucos os horários em que o SBT atinge a vice-liderança, bem diferente de anos anteriores, em que batia a Globo com programas populares.

Enquanto a Record se gaba por incomodar a supremacia da Globo, luta para não perder o segundo lugar para o recém-desperto SBT. Entre acusações e denúncias, o telespectador é o maior prejudicado, por ter de acompanhar a troca de farpas travestida de jornalismo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Novo trem do metrô quebra e causa transtornos aos usuários

Os usuários do metrô de São Paulo enfrentaram uma tarde difícil nesta quarta-feira (dia 12). Problemas com o novo trem atrasaram a viagem de passageiros que utilizavam a linha 2 – Verde, por volta das 16 horas.

O 4º novo trem do metrô chegou à estação Vila Madalena aparentemente sem dificuldades. A substituição de passageiros ocorria tranquilamente, quando, subitamente, as portas se fecharam sem o aviso do sinal luminoso e do sonoro. Um idoso foi pego de surpresa e quase ficou prensado em uma delas.

O trem permaneceu na plataforma, cada vez mais ocupada. Em seguida, as portas se abriram e, após o embarque dos demais passageiros, voltaram a fechar, desta vez com os sinais sonoro e luminoso.

A estação seguinte, Sumaré, parecia ser a última do trajeto. O veículo ficou por minutos na plataforma com as portas fechadas. O funcionário do Metrô solicitou o desembarque dos passageiros, e, após quatro minutos, o trem prosseguiu sua viagem, porém sem parar nas próximas estações.

Imediatamente após a saída do 4º novo trem, o 1º chegou lotado, pois enquanto aguardava na Vila Madalena a liberação dos trilhos, continuava a receber passageiros. A demora provocou lotação acima do comum nas estações subsequentes.

Os novos trens, grande trunfo do plano "Expansão SP" – ao custo de R$ 20 bilhões aos cofres do Governo do Estado –, parecem não serem capazes de estabelecer uma viagem tranquila aos passaseiros. Cinco veículos já foram entregues, investimento que, como foi mostrado na tarde desta quarta-feira, não garante segurança e conforto aos usuários do metrô.

sábado, 8 de agosto de 2009

A liberdade de criação na Cuba socialista

Exposição de cartazes cinematográficos traz a arte liberal cubana pós-Revolução

Cuba: país recluso, comunista. Atributos que, aparentemente, não inspiraria nenhum artista. Pelo contrário, a ausência do caráter comercial trouxe liberdade de criação a doze designers, cujos cartazes cinematográficos estão reunidos na exposição "Cartazes Cubanos – Um Olhar sobre o Cinema Mundial", na Caixa Cultural São Paulo.

Além do filme, os trabalhos, datados de 1965 a 1992, retratam as inovações artísticas de períodos distintos. Todos medem 51 cm X 76 cm e foram produzidos através da serigrafia, técnica de impressão em tela, geralmente de seda. Um televisor exibia o documentário Poética Gráfica Insular, que inseria os cartazes nos postes de Havana.

A ideologia não influenciava a escolha dos filmes. Produções soviéticas, polonesas e tchecoslovacas dividiam espaço com filmes de países capitalistas, como Japão, Inglaterra e Estados Unidos, cada um com seu cartaz "made in Cuba". Diretores renomados não eram esquecidos, o caso de Sergei Eisenstein, Alfred Hitchcock e Glauber Rocha.

O colorido dos trabalhos das décadas de 1960 e 1970 tem inspiração psicodélica. Alguns exemplos são os cartazes A Odisséia de General José (1969), de Antonio Pérez González (Ñiko); Caminho e Fim de Saturno (1969), de Eduardo Muñoz Bachs (1937-2001); A Revolução dos Inconfidentes (1972), de Jorge Dimas González; e Moby Dick (1968), de Antonio Fernández Reboiro.

A década de 1980 aparece pouco na exposição. A produção de cartazes neste período teve desempenho fraco, em virtude da crise econômica, prejudicando a indústria cinematográfica cubana e a exibição de filmes estrangeiros na ilha. Os trabalhos da época denotam forte apelo cômico.

Destaque para Bachs. Seu cartaz para o documentário cubano Antes tarde do que nunca (1987) traz um relógio-despertador dormindo na cama. Já para o filme argentino Esperando a carroça (1986), Bachs mostra um homem, a princípio morto – porém sorrindo e com os olhos abertos –, dentro de um caixão servindo de apoio para corvos.

O ápice do humor, no entanto, aparece no cartaz de Néstor Coll para a Mostra de Filmes Restaurados pela Federação Internacional de Arquivos Filmográficos (FIAF). Trata-se de Carlitos, clássico personagem de Charles Chaplin, dentro de uma cela e vestindo um uniforme semelhante à película.

A pluralidade de conteúdo presente nas obras dos designers cubanos impressiona, num primeiro instante, por serem de Cuba, país fechado à economia capitalista. Exatamente essa independência em relação ao mercado proporcionou aos artistas maior liberdade para criar e se inspirar nas tendências políticas e culturais de meados do século XX. Criatividade e originalidade em simples telas de seda.

Serviço
Cartazes Cubanos – Um Olhar sobre o Cinema Mundial
Local: Caixa Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111).
De 5 de agosto a 13 de setembro.
Terça a domingo, das 9 às 21h.
Informações: (11) 3321-4400
Entrada franca.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Quem é quem?

Record diz estar "a caminho da liderança", mas usa estratégias da rival, o SBT

Nesta terç
a-feira (dia 4), a Record estreará Bela, a Feia, versão da mexicana La Fea Más Bella, da Televisa. A mais nova parceira da emissora da Barra Funda fez sucesso na principal concorrente na disputa pelo segundo lugar no Ibope, o SBT, o que rendeu a ela o estigma de "canal dos dramalhões mexicanos". Agora, as adversárias trocam suas cartas entre si. Impressiona a Record, cujo slogan "a caminho da liderança" parece utópico para quem utiliza estratégias da terceira colocada na audiência.

O SBT tirou do bispo
Macedo Roberto Justus, Eliana, Tiago Santiago e Roberto Cabrini, entre outros nomes de peso em produção e direção de programas. O canal de Silvio Santos já tinha começado a ganhar feições da concorrente ao entregar as tardes de sábado a Netinho de Paula, sucesso por 5 anos na Record com o Domingo da Gente, com o Show da Gente. Na Anhanguera, Justus apresentará um game show previsto para estrear em setembro, Eliana terá seus amigos do "Ciência em Show" e o biólogo Sérgio Rangel em um programa semelhante ao Tudo é Possível, Santiago lê textos de Janete Clair a fim de produzir um remake bem-sucedido tal qual A Escrava Isaura - a gênese da subida da Record, em 2004 -, e Cabrini chega para alavancar a audiência do SBT Repórter.

Já a Bar
ra Funda recebeu ninguém menos do que Gugu Liberato. Seu programa na Record será nos mesmos moldes do Domingo Legal. Antes, Ana Paula Padrão foi contratada após recusar o convite de voltar a ser âncora no SBT. Com Celso Freitas, apresenta o Jornal da Record. Entretanto, a novidade não surtiu efeito no quesito audiência. Ademais, a emissora comprou os direitos do programa Ídolos, sucesso no SBT em 2006 e 2007, e, em 2009, recheia sua programação com a reality show A Fazenda, uma versão rural da Casa dos Artistas, exibida em 2001 e que até hoje sustenta o posto de maior audiência do canal de Silvio Santos.

Na teledramaturgia, a Televisa, após interromp
er uma longa parceria com o SBT, migrou seus textos para a Record. Remakes já são conhecidos pelo público: o SBT, além de exibir as versões originais (hoje na CNT), produzia novelas a partir dos roteiros mexicanos. Esmeralda, Os Ricos Também Choram, Marisol e muitos outros títulos garantiam ótima audiência para o canal do "dono do Baú". A propósito, La Fea Más Bella foi exibida pelo SBT em 2006.

Ao produzir remake de textos mexicanos, a Record coloca em dúvida sua potencialidade de alcançar a "toda-poderosa" Rede Globo, cujo forte é sua produção genuína. Mesmo garantindo que o texto sofrerá alterações para adequar-se aos costumes brasileiros, espanta a "estratégia" da Record, que se enche de confiança e esperança rumo ao primeiro lugar na audiência, mas, simultaneamente, luta para não perder a vice-liderança para o SBT.

sábado, 1 de agosto de 2009

Record: confinada na Fazenda

Pela audiência, Record entregou sua programação ao bem-sucedido reality show

Desde que estreou A Fazenda, em 31 de maio, a Record tem aproveitado o sucesso do reality show para alavancar a audiência de outros programas. Comandada por Britto Jr., a atração consolidou a vice-liderança no Ibope para a Record, que encontrava dificuldades para se manter no segundo lugar, seguida de perto pelo SBT. A Fazenda pauta o Hoje em Dia, o Geraldo Brasil e até o Esporte Fantástico.


A overdose de A Fazenda na programação da Record começa pela manhã. O Hoje em Dia, no ar desde 2005, recebe toda segunda-feira o eliminado da semana. Os números comprovam: no dia 20 de julho, quando trouxe Mirella Santos, a revista eletrônica atingiu 11 pontos de média e 14 de pico (cada ponto equivale a cerca de 60 mil residências na Grande São Paulo). É comum também a participação das mães dos artistas no programa matinal.

No mesmo dia, Mirella fez o Geraldo Brasil alcançar 9 pontos de média, com picos de 14, e o segundo lugar assegurado. Na quarta-feira (dia 22), segundo Daniel Castro, colunista da Folha de S.Paulo, Mirella "somava oito horas e 12 minutos de superexposição".

O programa, apresentado por Geraldo Luis, disputa ponto a ponto com o Programa do Ratinho, do SBT, e costuma apelar para o reality show para vencer Carlos Massa. Logo na estreia, em 6 de julho, Geraldo, Britto Jr. e o eliminado da semana, Miro Moreira, comandaram, do estúdio, uma prova com os famosos confinados. A audiência: 7 pontos de média e picos de 12, e a vice-liderança isolada para a Record.

Quando parece que, de tanto aparecerem nos programas da Record, os eliminados de A Fazenda não têm mais nada a contar sobre os dias de reclusão, há mais alguma coisa a ser extraída destes. Aos sábados, O Melhor do Brasil, comandado por Rodrigo Faro, recebe quem esteve no confinamento, no quadro "Lavando Roupa Suja". As novelas Mutantes – Promessas de Amor e Poder Paralelo deixaram de ser exibidas nesse dia, sendo substituídas pelo reality show.

Até a mais recente estreia da Record não escapou do laço da Record: o Esporte Fantástico – cópia descarada do Esporte Espetacular, da Globo – começou mal na audiência (4 pontos), trocou de horário, mas permanece inexpressivo na "guerra" pela audiência. Nem mesmo quando "cobriu" o reencontro de Lucielle di Camargo, eliminada de A Fazenda no dia 12 de julho, e seu namorado, o jogador Denílson.

A Record tem pressa. A primeira edição de A Fazenda terminará no dia 23 de agosto. A segunda já se encontra em fase de pré-produção e deverá estrear em novembro. Nesse intervalo, as atenções se voltarão para o Programa do Gugu, no ar a partir de 30 de agosto – a estreia estava prevista para o dia 16, com a intenção de unir o final do reality show e o programa de Augusto Liberato.

Com A Fazenda, a Record viu seus índices crescerem substancialmente. Na disputa pela audiência, vale tudo, até entregar grande parte de sua programação a um reality show. A Fazenda confinou 14 famosos, em busca de R$ 1 milhão – e mais fama –, e a própria emissora, em busca de audiência.