quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Quatro acertos do SBT em 2009

Continuando o balanço anual da programação do SBT, iniciado em 2008, segue o balanço de 2009. Aqui estão os acertos deste ano:

SBT onipresente: Em 2009, o SBT investiu pesadamente em propaganda. Anúncios em jornais e revistas, na TV Minuto, transmitida dentro dos trens do Metrô de São Paulo, e a inserção no mundo virtual constituíram fatores fundamentais para a reviravolta da emissora. Em agosto, o slogan "A TV mais feliz do Brasil" vinha acompanhado das estrelas da casa em outros corpos. Só dessa forma pôde-se ver Silvio Santos sem camisa e Roberto Justus dançando break. A rede social Twitter foi amplamente utilizada pelos funcionários do SBT, e os "SBTistas" são os fãs mais ativos, quando comparados aos de outras emissoras.

Séries "Pantanal": Em uma surpreendente estra
tégia, o SBT deslocou o telejornal SBT Brasil para às 19h30 e ocupou o horário com séries. Arriscado, já que o público da TV aberta não está acostumado a assistir aos produtos da TV paga? Pode até ser. Mas o risco deu certo, e hoje a emissora obtém excelentes resultados às 21 horas. Em setembro, Harper's Island - O Mistério da Ilha mostrou a que veio e dobrou a audiência na faixa de exibição. Seus treze episódios foram transmitidos diariamente, como uma novela. Exatamente a intenção da emissora: dar uma opção a quem não assiste às novelas da Globo e da Record. A meta era de cinco pontos. A audiência média foi de oito. O sucesso seguinte, Sobrenatural (foto abaixo), confirmou a preferência do público. Na última quarta-feira (dia 16), a série obteve 12 pontos de média. Índices semelhantes aos de Pantanal, se considerar a concorrência com a trama das nove da Globo. Além disso, prejudicou as duas esperanças da Record: Bela, a Feia e A Fazenda perdem diariamente para o SBT, que se saiu muito bem sendo a "alternativa".

O domingo mais feliz do Brasil:
Gugu foi embora. Em compensação, Eliana voltou à casa que a projetou, e Celso Portiolli recebeu seu maior presente: o Domingo Legal. Junto de Maisa, nas manhãs, e Silvio Santos, à noite, o domingo do SBT cresceu não apenas em audiência, mas também em felicidade. Na parte mais "triste", Celso visita a família de "Construindo um Sonho" fantasiado, dando mais irreverência ao quadro antes sofrido nas mãos de Augusto Liberato. Eliana trouxe um Tudo é Possível - seu antigo programa na Record - incrementado, e chegou a vencer a Globo nas primeiras semanas. Apesar de não ter mexido nas atrações de seu tradicional programa, Silvio Santos enfrenta corajosamente a cada vez mais competitiva "guerra pelo ibope". Quatro emissoras lutam pelo primeiro lugar, e o mestre da comunicação incomoda a concorrência em torno das 20 horas e após às 23 horas. Para um programa quase cinquentão, é uma vitória frente às "inovações" da concorrência. Mas, para se firmar na disputa, Silvio precisa se atualizar.

A consolidação do SBT Show: O SBT Show, que começou em 2008 como uma alternativa aos telejornais da Globo e da Record, ganhou força em 2009. Você se Lembra?, Esquadrão da Moda, Qual é o Seu Talento? (foto abaixo), Nada Além da Verdade e TV Animal chegam a incomodar a concorrência e inclusive a derrotá-la. Para não provocar desgaste nos formatos, o horário foi ocupado por diferentes programas durante o ano. Alguns form mal-sucedidos, como o reality Só Falta Esposa, às quintas-feiras. Outros, como o 10 Anos + Jovem, às sextas, deixou saudade. Esquadrão da Moda e Qual é o Seu Talento? configuram os destaques da faixa de shows do SBT.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Quatro erros do SBT em 2009

Continuando o balanço anual da programação do SBT, iniciado em 2008, segue o balanço de 2009. Aqui estão os erros deste ano:

Apelação em horário nobre: Uma estratégia de mestre recuperou a audiência noturna do SBT. Mas o espírito do "velho" SBT - que não tinha escrúpulos para aumentar o ibope - ainda resiste. Prova disso foi a exibição de Pegadinhas Picantes (foto ao lado) às 22 horas. Gravado no Leste Europeu, o programa, que estreou em 14 de setembro, causa risos pela nudez inesperada das atrizes. Mas a alegria esconde o desconforto em ver pornografia em horário inadequado - apesar de a classificação indicativa ser 14 anos. Já que o SBT gostaria de manter a boa audiência das séries das 21 horas com humor, poderia ter trazido de volta o Câmera Café - transmitido em 2007 antes e após os telejornais da emissora. Comédia bem feita e sem apelação.

Roberto Justus, o "animador": Foi precipitada a investida de Roberto Justus em um game show. O 1 contra 100 (foto ao lado), que estreou em 16 de setembro, é uma atração com a cara do SBT, emissora craque em programas de entretenimento. Todavia, ter deixado Justus, conhecido nacionalmente como o irredutível chefe de O Aprendiz - reality show apresentado por ele durante seis anos na Record -, no comando foi uma atitude infeliz. Sem menosprezar o talento de Justus, mas o público se assustou ao ver a mudança brusca de feição dele. Talvez isso tenha deixado transparecer a incipiente tentativa do apresentador em sair do estigma de mal-humorado. Um reality envolvendo o mundo empresarial, porém mais dinâmico - como promete o O Grande Desafio, que estreará em 2010 - deveria ter sido a estreia de Justus no SBT.

Desperdício de novelas:
Como se o fracasso de Revelação não tivesse bastado, o SBT insistiu no erro e escalou outra novela de Íris Abravanel para o horário das 22 horas. Vende-se um Véu de Noiva (foto ao lado) manteve um público fiel, mas não sai dos cinco pontos de audiência. Um dos motivos pode ter sido o excesso de externas, que deixou a novela "iluminada" demais, adequada para um folhetim exibido às 19 horas, mas não às 22 horas, fato que prejudicou a fotografia. Contudo, partindo para o campo estratégico, Vende-se um Véu de Noiva herdou um horário antes ocupado pelo boom de Pantanal. Após o término da trama da extinta Manchete, Revelação ficou sozinha no horário. E pior: pensando que alavancaria o ibope da novela de Íris, estreou a nova "arma secreta" da Manchete, Dona Beija (foto abaixo) - quando todos pensavam que seria A História de Ana Raio e Zé Trovão -, após Revelação, às 23 horas. Está certo que a história protagonizada por Maitê Proença dobrou a audiência no horário (de míseros dois pontos para quatro), fato que nada significava para quem esperava um sucesso semelhante ao de Pantanal. Na soma dos prejuízos, três novelas desperdiçadas: Dona Beija - exibida em horário ingrato -, A História de Ana Raio e Zé Trovão - que permanecerá na "geladeira" da emissora em virtude do fraco desempenho das reprises da Manchete -, e Véu de Noiva, texto de Janete Clair (1925-1983) - a maior novelista brasileira.

SBT Manhã, SBT Manhã e SBT Manhã: Não é ilusão. Quando o teles
pectador liga a TV às 4 horas, assiste ao Jornal do SBT Manhã (foto abaixo, de 2008). Às 5 horas, o mesmo jornal é reapresentado. Às 6 horas, surpresa: nova reprise. Deve-se ressaltar o fato de que "só" havia duas apresentações - às 5 e às 6 horas -, mas a partir de 9 de novembro resolveu-se reprisar novamente. Pode ser útil para quem estiver acordando, mas três horas com o mesmo noticiário dos outros telejornais do SBT e com a aparição dos âncoras gravada é um retrocesso para uma emissora que vem investindo pesadamente no jornalismo.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Barril de homenagens

Há 25 anos, um gênio desembarcou na TV brasileira: Roberto Gómez Bolaños. O ícone mexicano "Chespirito" estreou no SBT com duas de suas séries mais famosas: Chaves e Chapolin. No último sábado (dia 12), admiradores da obra de "Chespirito" - os "chavesmaníacos" - se encontraram no restaurante Chilango, em São Paulo.

A quarta edição do evento "Vamos ao Chilango com o Polegar Vermelho" trouxe um pedido ao SBT: a reapresentação de episódios que foram exibidos nos anos 80 e que jamais voltaram ao ar, os episódios "perdidos". Muitos, na verdade, são "esquecidos", pois compõem o acervo CH da emissora, porém foram substituídos por roteiros semelhantes. Os fãs criaram um abaixo-assinado na internet, chamado "Volta Perdidos CH & CH", e já conta com mais de duas mil adesões.

Impressionou o interesse da mídia em noticiar o encontro de "chavesmaníacos". O R7 e o UOL levaram fotógrafos. O SBT, que enviou o repórter Diego Sangermano, noticiou superficialmente o motivo do encontro, omitindo - como sempre - o termo "perdidos". A reportagem foi ao ar no SBT Brasil. O Pânico na TV, da RedeTV!, também entrou na brincadeira: Alfinete e Sabrina Sato levaram Zina para mandar "salves" para toda a turma do Chaves.

O ponto alto do encontro foi a participação dos dubladores. Chaves não seria o que é aqui no Brasil se não fossem algumas destas vozes que compareceram ao "Vamos ao Chilango...": Cecília Lemes (Paty, até 1984, e Chiquinha, a partir de 1988), Sandra Mara Azevedo (Chiquinha e Dona Neves, até 1984), Osmiro Campos (Professor Girafales, a partir de 1984) e Sílton Cardoso (Godines até 1990) formaram parte do elenco que deu um ar tupiniquim ao humorístico mexicano. Gustavo Berriel, o fã que dubla há três anos o Nhonho, e agora dubla o Jaiminho e o Senhor Barriga, completou o grupo presente.

Pela primeira vez em um evento CH, duas vozes de uma mesma personagem compareceram. Foi o caso da Chiquinha, que foi dublada por Sandra Mara Azevedo no lote de 1984 e Cecília Lemes a partir do lote de 1988. Os fãs não perderam a oportunidade e realizaram um "duelo de Chiquinhas". As duas choraram simultaneamente. Nos quesitos gritaria e talento, deu empate.

Além das perguntas da plateia, os dubladores encararam uma série de diálogos de Chaves e de Chapolin. Um teve de ser criado para que todas as vozes participassem. A estreia de Osmiro Campos em um evento CH foi bem aproveitada pelos fãs, que encenaram uma "Escolinha do Professor Girafales". Cada resposta "certa" (de acordo com o diálogo da série) valia um prêmio: um DVD com episódios "perdidos".

O encontro reuniu muito mais do que fãs e dubladores: reuniu centenas de corações apaixonados por duas letras: CH. Chaves e Chapolin fez a infância de três gerações. E, se depender dos "chavesmaníacos", não sairá da TV tão cedo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Zona norte sitiada

O título exagera, mas a rotina do morador da região na manhã desta terça-feira (dia 8) foi profundamente alterada em virtude da chuva que caía desde a noite anterior. O volume de água acumulado nas mais de doze horas seguidas de temporal, aliado à sujeira na cidade, inundou ruas, fez o rio Tietê transbordar e dificultou a viagem de quem precisa atravessar a cidade.

Desde as 7 horas o noticiário da TV destacava os efeitos da chuva noturna. O trânsito na ponte da Freguesia do Ó parou pelo alagamento da avenida Comendador Martinelli, continuação da via. A praça Delegado Amoroso Neto e avenida Ordem e Progresso (foto acima), que levam à ponte do Limão, na Casa Verde, foram tomadas pelas águas. Uma longa fila de ônibus com motores desligados formou-se. Motoristas e alguns passageiros permaneceram no veículo, enquanto outros saíram para fotografar a via forçosamente interditada.

João é motorista da linha 978-L/10 (Terminal Cachoeirinha - Terminal Princesa Isabel) há nove anos. Parado na rua Dom Amaral Mousinho, que dá acesso à avenida Ordem e Progresso, ele se lembra da última vez que teve de desligar o ônibus em função de enchentes: "Eu cheguei a parar há três ou quatro meses antes da ponte do Limão".

Até mesmo alternativas à marginal Tietê não puderam ser usadas. As águas ocuparam parte da avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, e de seu prolongamento, a Ermano Marchetti, na Lapa. Interdições também na avenida Doutor Abrahão Ribeiro, também na Barra Funda, próximo ao Fórum Criminal.

Os paulistanos da zona norte de São Paulo já sentem dificuldades de atravessar a cidade desde outubro, quando a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) deu início às interdições nas pontes da marginal Tietê. Com as obras, a da Freguesia do Ó, por exemplo, tem apenas duas faixas sentido centro e uma para o bairro.

Na época, o secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, declarou, segundo a Folha Online, que se o serviço não fosse realizado nas pontes desde já, as chuvas de fevereiro e março atrapalhariam ainda mais o paulistano. As chuvas começaram em novembro. As dificuldades aos moradores da zona norte também.