domingo, 6 de setembro de 2009

Bastidores da reportagem "25 anos de Chaves e Chapolin no Brasil"


Observação: novamente, valho-me da primeira pessoa para relatar um fato pessoal, porém interessante de ser publicado: a produção de um reportagem de TV feita por um estudante de jornalismo.

O programa
Edição Extra, produzido por estudantes de Jornalismo e Rádio e TV da Faculdade Cásper Líbero e exibido mensalmente na TV Gazeta, será especial, pelo menos para mim, Paulo Pacheco, fundador do Letras Escapadas: Meu apreço pelos seriados Chaves e Chapolin rendeu uma reportagem que será exibida hoje, à meia-noite.

A pauta "25 anos de Chaves e Chapolin no Brasil" conseguiu ser aceita pela editora do programa, Regina Soler, que já trabalhou no SBT no final da década de 90. Mesmo assim, corri riscos, já que havia convidado a maioria dos entrevistados antes da aprovação. Caso não tivesse sido aprovada, teria de cancelar todos os convites.

No entanto, acredito que a entrega da pauta com entrevistas agendadas teve seu lado positivo, já que, aliado ao fator "data comemorativa" (Chaves e Chapolin comemoram bodas de prata em agosto) pressionou a aprovação. Afinal, grande parte do trabalho de obter fontes afins de gravar conosco já tinha sido concluída, não é mesmo?

No dia 13 de agosto, a primeira gravação. José Salathiel Lage dirigiu o núcleo de dublagem do SBT na época da vinda dos seriados mexicanos. Mário Lúcio de Freitas, grande amigo de Salathiel e que já participou do Edição Extra, nos passou o telefone do hoje consultor de comunicação do SEB (Sistema Educacional Brasileiro).

Atencioso, porém preocupado com o barulho da equipe do programa na sala de estudos, Salathiel concedeu a entrevista no terraço do prédio onde trabalha. Apesar de cometer alguns equívocos, ele nos contou o que queríamos saber: Silvio Santos o tinha telefonado para ouvir uma opinião sobre Chaves. Os elogios de Salathiel ao humorístico foram importantes para a decisão do dono do Baú de colocar um programa de tão baixa qualidade técnica no ar.

No dia seguinte, fomos entrevistar Luís Joly e Fernando Thuler, autores dos livros Chaves: Foi sem querer querendo? e Chaves e Chapolin: Sigam-me os bons!. Os dois trabalham juntos na mesma empresa, facilitando a gravação. Solicitei a eles que levassem bonecos ou pelúcias do Chaves para incrementar o cenário. Fui atendido.

Os jornalistas relembraram fatos interessantes, como o preconceito que enfrentaram na faculdade por causa do tema do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), justamente Chaves (que mais tarde se tornaria o primeiro livro lançado por eles, em 2005).

Duas gravações realizadas com sucesso. Faltava a mais importante: com os dubladores do seriado. A sorte veio a meu encontro quando sintonizava a Rede Brasil de Televisão, canal recentemente acusado de transmitir séries ilegalmente, em um dia qualquer, no programa A Tarde é Show, do qual Nelson Machado participou. O dublador do Kiko divulgou seu telefone, e anotei. "Vai que um dia eu precise", pensei. Semanas depois, liguei para Nelson. Às 10 horas. Ele me atendeu com uma voz sonolenta. Eu tinha acordado o dublador do Kiko!

Enfim, propus a Nelson uma gravação em um estúdio, onde simularia a dublagem do Chaves. Ele sugeriu os estúdios da BKS. Solicitei o empréstimo de um estúdio. Uma série de imprevistos não permitiram a gravação na renomada dubladora (a antiga AIC). Em contrapartida, recebi o contato de Cecília Lemes, a segunda dubladora da Chiquinha.

Enquanto procurava local para a última gravação, convidei sósias para participarem da matéria. Ricardo Manfredini e Flávio Pelozin, conhecidos meus de eventos como o Anime Friends e encontros de fãs, aceitaram gravar fantasiados de Chaves e Chapolin, respectivamente. Tiago Frazão, sósia do Professor Girafales, não compareceu, apesar de ter informado Mariana Damiani, outra grande fã do seriado, sobre reportagem. A locação e a data já haviam sido decididas: o restaurante Chilango, palco de dois encontros sobre Chaves, no dia 22 de agosto.

O Orkut foi fundamental para convidar dois sósias: Ana Cláudia (Chiquinha) também não pôde ir, ao contrário de Rogério Favo. Além de sósia do Kiko, ele participara do programa Vinte e Um, do SBT, apresentado por Silvio Santos. Na ocasião, Favo respondeu a perguntas sobre Chaves e questionou o sumiço dos episódios "perdidos". Silvio desconversou. Favo, então, teria uma participação mais expressiva que a dos outros sósias.

Sem alternativas, fui prático: chamei Nelson e Cecília para gravarem conosco no mesmo restaurante. Mariana Damiani levou a família para acompanhar a gravação de seu TCC, sobre o Chaves. O produtor Antonio Costa sugeriu entrevistá-los para "dar voz ao povo" na reportagem.

Entrevistei Favo e Nelson Machado. Neste, fiquei apreensivo, apesar de tê-lo conhecido pessoalmente em 2005. Antonio decidiu conversar com Cecília Lemes para agilizar a gravação. Pôde-se notar as diferenças das entrevistas: enquanto o "repórter-fã", fez questões mais específicas para Nelson, Antonio cumpriu sua função e perguntou apenas o básico a Cecília, com direito a uma palhinha da Chiquinha. Uma entrevista comum, mas perfeita.

Pelo Twitter, convidei David Denis Lobão para comentar os episódios "perdidos" e gravamos junto aos sósias. Mesmo sendo um mistério a ser desvendado, o depoimento de David distanciou-se da concisão, tão valorizada na rede social. No Chilango, o teatro foi montado: Chaves, Kiko e Seu Madruga gravaram um sketch para a matéria. Seu Madruga? Sim. Flávio Pelozin não levou sua fantasia de Chapolin, que, aliás, é perfeita.

Com todas as entrevistas realizadas, chegou a vez da edição, marcada para 3 de setembro. Para incrementar a reportagem, levei DVDs com episódios gravados da TV por fãs. Manfredini colaborou, copiando parte de sua coleção para mim. Regina Soler elogiou a matéria, porém indagou: "O SBT autorizou o uso dessas imagens?". A mesma apreensão da entrevista com Nelson Machado me tomou novamente.

Acusado de pirataria, fiquei preocupado. A reportagem pelas redes sociais esta sendo divulgada intensamente. Agora, corria o risco de não ir ao ar. Na mesma noite, corri ao Twitter, desesperado, pedindo a todos os telefones do SBT e mandando tweets a Daniela Beyruti, filha de Silvio Santos e atual diretora do SBT. Ela havia, na noite anterior, gostado da iniciativa da reportagem e que iria assistir quando publicássemos na internet. Não tive a mesma sorte, e ela não me respondeu.

Na manhã seguinte, conheci, pelo telefone, quase toda a equipe do SBT. Desde o segurança ao advogado. Incrivelmente, a autorização veio por e-mail. Maisa Alves, gerente de comunicação, repassou a permissão do assessor executivo, Rafael Larena. A reportagem, enfim, estava garantida.

A reportagem "25 anos de Chaves e Chapolin no Brasil" irá ao ar hoje, 6 de setembro, à meia-noite, dentro do programa Edição Extra, pela TV Gazeta.

Um comentário:

  1. Estou ansioso para ver o resultado de toda essa empreitada. Só pelo que pude ver, percebi que é realmente uma grande homenagem de um grande fã de "Chaves" (afinal, quem não gosta de "Chaves"?).

    O mais incrível é que vc já conhecia as fontes e agora, como jornalista, as entrevistaria para uma matéria de TV. Sem falar na "epopéia" até vc conseguir a tão aguardada confirmação por parte do SBT para a utilização das imagens. E, quem diria, a temível Regina Soler ter feito parte do time de Senior Abravanel (!).

    Parabenizo o excelente trabalho. É nóis na fita...ops, no Edição Extra!

    Abraço,
    Narlir Galvão

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