quarta-feira, 30 de junho de 2010

Subitamente

Sem Copa, Band decide de última hora que exibirá Os Cavaleiros do Zodíaco

O maior sucesso da animação japonesa no Brasil finalmente retorna à TV. Porém, Os Cavaleiros do Zodíaco, que virou febre em meados dos anos 90, volta nesta tarde para a Band de forma repentina, sem alarde e com publicidade deficiente, e será exibido nos dias em que não haverá jogos da Copa do Mundo.

A notícia pegou de surpresa até mesmo o site CavZodiaco.com.br, o site sobre animes mais acessado no Brasil e parceira de praticamente todos os projetos relacionados a Os Cavaleiros do Zodíaco. Ontem, foi publicada a nota de que a série seria exibida na manhã de hoje, 30 de junho, dentro do programa Band Kids. Mais tarde, a informação foi corrigida: o dia permanece o mesmo, mas o horário mudou para 14h15. A estreia aconteceria em maio, mas fora adiada pela Copa do Mundo.

Mais irritante do que a troca para o horário de programação local – só passará para a Grande São Paulo – é o caráter súbito da informação. A Band demonstra, assim, total descaso com o produto que impulsionou uma geração de fãs nos anos 90. Os Cavaleiros do Zodíaco estreou em 1º de setembro de 1994 na extinta TV Manchete. Por lá ficou até 12 de setembro de 1997, após três anos de sucesso, ter ganhado da Globo no Ibope e vendido mais de 500 mil bonecos dos personagens da série – o principal objetivo da Samtoy, empresa espanhola de brinquedos que trouxera Cavaleiros, tardiamente, para o Brasil.

Após um hiato de seis anos, Cavaleiros voltou a ser pauta de revistas e dos primeiros sites especializados. Mas a censura barrou a exibição do anime nas manhãs da Rede Globo, que desistiu da compra e deixou o caminho aberto para a Band. Antes de voltar à TV aberta, o anime foi redublado – a versão do estúdio Gota Mágica foi extraviada; na Álamo, alguns erros que vieram da dublagem espanhola foram corrigidos – e estreou no canal fechado Cartoon Network exatamente nove anos depois da Manchete: 1º de setembro de 2003.

Até a exibição da Band, em 5 de julho de 2004, a venda dos bonecos aguçaram a nostalgia dos adolescentes, fãs da série quando eram crianças, e a curiosidade de uma nova geração já acostumada a animações japonesas como Pokémon e Dragon Ball Z. Quando Cavaleiros finalmente reestreou na TV aberta, veio a decepção: com a apresentação sofrida da cantora Kelly Key, a Band precisou cortar de dois a três minutos na história, além dos trechos violentos, para encaixar dois episódios das 17h30 às 18h15. A Band ficou satisfeita com os incríveis números de audiência; já o apresentador Datena não gostou de ter perdido metade do horário.

Este foi só o início da difícil temporada de Cavaleiros na Band. A estreia das sagas de Asgard e Poseidon aconteceu às 12h30 de 4 de abril de 2005, horário restrito à Grande São Paulo. Isso sem falar da estúpida ideia de cortar episódios da terceira reprise da saga do Santuário, às 17h30, para o último episódio ser exibido na sexta-feira e o primeiro de Asgard, na segunda-feira.

Gradativamente, Cavaleiros ia deixando a Band – exceto como tapa-buraco na programação – para ser exibido na Rede 21, canal do mesmo grupo, a partir de 22 de agosto de 2005. Em 2007, com o vencimento do contrato da saga do Santuário, as sagas de Asgard e Poseidon foram reprisadas exaustivamente. Após mais de dez transmissões sucessivas, Cavaleiros encerrou suas atividades no início de 2008, com o último episódio da saga de Asgard. Desde então, o anime teve exibição em canais menores, como a Rede Brasil (canal 59 UHF SP), mas por meio de reprodução dos DVDs lançados pela PlayArte Pictures.

Mais de dois anos separam a última exibição e a reestreia, hoje. No entanto, os fãs já preveem uma exibição instável e desrespeitosa. A chamada, feita às pressas, mostra Cavaleiros às 14h15, Malcom às 15h e Que Dureza às 15h30. São tapa-buracos da programação da Band, já que não haverá jogos da Copa do Mundo, sua prioridade. As partidas voltam na sexta-feira, cancelando as séries. Em mais uma reestreia na TV, Os Cavaleiros do Zodíaco ainda é tratado como um produto qualquer.