domingo, 27 de setembro de 2009

Entrevista com Felipe Xavier

Após dez anos, o humorista Felipe Xavier retorna à rádio Jovem Pan com seu quadro "Chuchu Beleza". Nesta rápida entrevista, Xavier, que já passou pela rádio 89 FM (quando ainda era Rádio Rock) e compôs o trio Sobrinhos do Ataíde junto de Paulo Bonfá e Marco Bianchi, comenta alguns de seus projetos no rádio e na televisão.

Você estava na rádio Mix FM, ficou um tempo afastado e agora está na Jovem Pan. Como foi a volta?
É mais um desafio mesmo. Estava há oito anos e meio na Mix, fazia muito tempo. Surgiu essa oportunidade, esse convite, e mudei de rádio. Tirei o ano passado pra dar um tempo, assim. Morei nos Estados Unidos, voltei e fiz algumas coisas de cinema.

Como é fazer humor no rádio?

É um desafio diário, tem que escrever uma história por dia, tem que estar atento, pensar em tudo.

Além do "Doutor Pimpolho", você está com o quadro "Os Anjinhos". Como você cria seus personagens?

Eu presto atenção no cotidiano. Tem que estar ligado na molecada, ver o que eles estão achando engraçado.

Na Rede 21 (do Grupo Bandeirantes), você apresentava, com Xis e Paola Bragança, o Blog 21. Era pra ser um blog mesmo, mas acabou virando uma parada musical. O programa não deu certo?

É, ele dava certo, mas foi mudando, até que a TV acabou. Eu gostava de fazer aquele programa, sobretudo, eu gostava de fazer os meus quadros de humor dentro do programa, mas acabavam aparecendo poucos dentro do programa novo.

Pretende voltar à TV? Em algum programa tradicional de humor?
Pretendo. Acho que o meu humor tem espaço na TV. Ainda acredito que um dia vá rolar. Não penso nesses programas, não é o meu objetivo. Meu humor não se encaixaria no A Praça é Nossa ou no Zorra Total.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

As razões do fracasso de "1 contra 100"

Recém-estreado no SBT, 1 contra 100 é um game show empolgante, em que um jogador precisa de raciocínio ligeiro para responder a perguntas difíceis, além de eliminar outros cem competidores, e faturar R$ 1 milhão. No entanto, as duas primeiras semanas obtiveram índices insatisfatórios de audiência. A culpa pelo fracasso está no horário de exibição e na desenvoltura do apresentador, Roberto Justus.

1 contra 100 passa às 22h30 das quartas-feiras, após a novela Vende-se um Véu de Noiva, que apresenta péssimos índices no Ibope. No horário, a Globo transmite o Campeonato Brasileiro; a Record, o reality show musical Ídolos, ambos com público cativo. Tais adversidades prejudicaram a estreia do SBT. A novela não consegue trazer a audiência das outras emissoras. O game show amargou o quarto lugar nesta quarta-feira (dia 23), perdendo até para a Band, que transmitia a mesma partida da Globo.

Além da concorrência no horário, a própria emissora errou ao entregar 1 contra 100 a Roberto Justus. O SBT anunciara com intensidade a nova contratação, tirada da rival direta, a Record. Seriedade e contundência, características do empresário em O Aprendiz – reality show em que atuou durante seis anos na antiga emissora – destoam da tentativa frustrada de virar animador de TV. Falta para Justus o fundamental para todo animador: talento.

A falsa impressão de bom apresentador que Justus imprime não convence os telespectadores. Mostra-se, pois, inútil a estratégia da emissora de exibir a atração quase simultaneamente ao “Show do Intervalo”, da Globo, já que a esperada migração do público do futebol não acontece. O SBT, tradicional no ramo de entretenimento e dos programas de auditório, possui animadores experientes para substituir Justus: de Celso Portiolli, apresentador do Domingo Legal, ao mestre Silvio Santos, que já fez seis milionários em diversas atrações.

Justus encobriu a tão prometida "versatilidade" logo na estreia. O game show de sucesso em mais de 30 países ainda não encontrou seu ritmo no Brasil, fato no mínimo espantoso, pois programas similares, que transformam pessoas comuns em milionárias, aparecem constantemente nas principais emissoras. Enquanto continuar sendo exibido junto do fiasco Vende-se um Véu de Noiva e apresentado pelo incipiente animador Roberto Justus, a falta de cadência perdurará nas próximas edições de 1 contra 100.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pânico da concorrência

Com seis anos de RedeTV!, o Pânico na TV chegou, recentemente, à liderança no Ibope na disputada guerra pela audiência os domingos. O último programa (dia 20) venceu a Rede Globo (15,4 X 13,9) entre 23h09 e 23h21. Para tentar desvendar o sucesso do humorístico, o Letras Escapadas conversou com alguns integrantes nesta segunda-feira (dia 22), durante o lançamento do livro Ninguém Faz Sucesso Sozinho, de A. A. A. de Carvalho, o Tuta, dono da rádio Jovem Pan.

O Pânico começou em 1993, na Jovem Pan. Segundo Marcos Chiesa, o Bola, que entrou para a equipe pouco tempo após a estreia, a direção da rádio jamais deixou de apoiar o humorístico. "O Pânico tinha três meses quando eu entrei. O Tuta aprova o programa, sempre gostou, nunca tivemos problemas com ele."

Atualmente na Rede Record, Carlos Alberto da Silva, o Mendigo, guarda boas recordações do início da carreira na rádio. "Comecei na Jovem Pan em 1994, como office-boy, e entrei no Pânico em 1999. Eles [o Tuta e seu filho, Tutinha, idealizador do Pânico] sempre apostaram muito no humor, sempre deram espaço pra gente fazer humor".

Além de ter conquistado a fidelidade da audiência na rádio, o Pânico mantém um público ativo na TV, estabilizando os índices de audiência, mesmo com a concorrência das outras emissoras. "[O Pânico na TV] criou um público novo. Tinha gente que não conhecia [o programa da rádio]", acrescenta Bola.

Emílio Surita, único integrante desde a estreia na rádio, acredita que a vitória obtida no último domingo não foi apenas por mérito do programa. “Não foi muito bem, sempre dá essa audiência, é a Globo que está mal. A Globo está com uma audiência baixa e a gente ficou em primeiro lugar."

Por um instante, o sucesso do Pânico pareceu estar ameaçado. No final de 2007, a Rede Record contratou Mendigo e Gluglu (personagem de Vinícius Vieira) para integrar a equipe do Show do Tom. SBT e até a Globo já tentaram tirar o programa da RedeTV!. “O Pânico inovou o humor no Brasil e as outras vieram atrás. Não é copiar, cada um tem um jeito de fazer", opina Carlinhos. Bola espera não haver mais nenhum desfalque no elenco, e, caso tenha, "que não atrapalhe".

Não é à toa que as manchetes da seção de TV de jornais e sites anunciam prováveis saídas dos humoristas do Pânico para outros programas. A Record, que recém-contratou Marcos Mion (ex-MTV), sondou integrantes de diversos humorísticos, inclusive do Pânico, para um projeto jovem. “Estão divulgando que a Record vai ter um programa de humor no ano que vem. Não sei, vamos esperar pra ver”, antecipa Carlinhos.

Na guerra inescrupulosa pela audiência aos domingos, é natural que as emissoras adversárias demonstrem o público fiel do Pânico. No entanto, o programa renovou o contrato com a RedeTV! até 2012, a garantia de, pelo menos, mais três anos de humor na RedeTV!. E de terror para a concorrência.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A piada-pronta de Stanislaw Ponte Preta nos tempos de ditadura

Quem pensa que a ditadura militar (1964-1985) conseguiu calar todas as críticas contra o regime está enganado. Sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, o jornalista Sérgio Porto (1923–1968) abusou do humor ácido para comentar o Brasil da primeira metade dos anos 1960 nas crônicas de Febeapá 1 – 1º Festival de Besteira que Assola o País (1966).

O primeiro livro da trilogia (Febeapá 2 e 3 foram lançados em 1967 e 1968, respectivamente) contém textos publicados no jornal carioca Última Hora. As cinquenta crônicas são divididas em duas partes.

Na "I parte", os envolvidos são, em sua maioria, generais, coronéis e agentes do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), como uma crítica ao desastrado regime militar que se iniciava no país. No livro A crônica, Jorge de Sá comenta que, apesar da aparente simplicidade, a crônica "só pode ser valorizada quando a lemos criticamente".

Na "II parte", o brasileiro entra em cena, em especial seus conterrâneos fluminenses. Algumas histórias trazem protagonistas corrompendo a moralidade vigente. Em "O passeio do pastor", Stanislaw confunde o leitor até a última linha, quando apresenta o tal pastor que "pulara o muro sorrateiramente", "pareceu vislumbrar alguém do sexo oposto" e demorou "um tempo comprometedor" namorando. Tratava-se de um cão pastor alemão.

Em "Desastre de automóvel", o marido apanhou da mulher ciumenta após ter saído com a Mercedes sem dizer aonde iria. A tal Mercedes, o automóvel Mercedes-Benz, confirma o título: "Foi ou não foi um desastre de automóvel?", justifica Ponte Preta. Diz Jorge de Sá: "O que importa é o tom jocoso da expressão, que tanto pode ser uma gíria incorporada à fala pela consagração do uso, quanto um termo pouco usado, que causa em nós uma surpresa que soa de forma engraçada".

O próprio Stanislaw surpreendeu-se com a utilização de um de seus escritos em um livro pedagógico: "Sinceramente, eu não merecia tantas lantejoulas". Com razão. O duplo sentido e a ironia excessiva presentes em seus textos não seriam os mais eficazes para educar crianças. O escritor expõe a traição, a corrupção e a luxúria, situações cômicas se não fossem trágicas, com leveza e refinamento. Jorge de Sá salienta o papel da irreverência para entender os casos.


O tom desbocado e as comparações impensáveis de Ponte Preta acentua o humor das histórias de Febeapá 1. Ainda Jorge de Sá: "Numa linguagem moleque, rompe os padrões da norma culta e constrói uma linguagem nova, dinâmica e séria". O próprio Stanislaw considera que seu estilo literário faz dele "um escritor de importância transcendental".


Stanislaw Ponte Preta consegue, com ironia e a graça carioca de contar histórias, traçar um perfil da sociedade brasileira dos anos 1960, quando uma ditadura militar se instaurava. O apanhado de sátiras do cotidiano envolvendo pessoas comuns, a alta sociedade, a polícia e a política é muito semelhante às histórias que José Simão escreve em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo desde 1987. As "besteiras que assolam o país", expostas por Stanislaw, com Febeapá, e por seus seguidores, garantem o título de "país da piada-pronta" ao Brasil.

domingo, 13 de setembro de 2009

A trajetória corintiana por Celso Unzelte

No último sábado (dia 12), o jornalista e professor da Faculdade Cásper Líbero, Celso Unzelte, contou a história de seu time do coração no Museu do Futebol (SP). A apresentação "Corinthians 100 anos em 10 décadas" reuniu imagens raras, registros históricos e momentos marcantes da trajetória do "clube mais brasileiro".

Sempre descontraído, Unzelte já começou criticando a camisa azul (ou verde) do membro do MemoFut (Grupo de Literatura e Memória do Futebol) José Renato Santiago, que passaria os slides da apresentação. "Para você é azul. Para os corintianos é?" E a plateia gritou: "Verde!" Após conferir a majoritária presença de torcedores alvinegros no auditório, sentiu-se mais à vontade para exibir a relíquia: uma camisa 10, de 1975, usada por Basílio e autografada pelos jogadores na época.

O jornalista contou com o apoio da esposa Patrícia para organizar os slides. Segundo ele, o trabalho "durou a semana inteira". A apresentação foi dividida por décadas. Os anos 10 vieram ao som de "Odeon", canção composta em 1910 por Ernesto Nazareth. Fato que, para Unzelte, foi o segundo mais importante daquele ano (o primeiro, obviamente, a fundação do Corinthians, em 1º de setembro). Os corintianos presentes também puderam ver a fotografia mais antiga do clube, datada de 1913.

Nos anos 20, Unzelte trouxe o primeiro hino do time alvinegro, de 1929. Para cantar junto, chamou seu filho, Daniel, e brincou: "Até criança de 5 anos sabe esse hino! Escolhi uma criança aleatoriamente aqui. Você é Rafael, né?"

A década de 30 foi também a do terceiro tricampeonato paulista conquistado pelo Corinthians, o que mereceu mais ataques bem-humorados de Celso Unzelte aos rivais. "O Santos tem dois tricampeonatos paulistas. O Palmeiras, na época Palestra Itália, tem um. O São Paulo nunca foi tri paulista. Chato! Paulista. Ia colocar 'Nunca foi tri', mas ficaria pesado demais!"

Unzelte recordou Teleco (1913-2000), o terceiro maior artilheiro da história do clube. "Meu pai era são-paulino. Mau avô o levou para ver um Corinthians X São Paulo. O Corinthians ganhou. Na hora de ir embora, meu pai falou: 'Meu time é outro, o do Teleco'".

Para relembrar os anos 40, Celso Unzelte recorreu à mais antiga imagem em movimento do Corinthians. Ele, no entanto, preferiu vê-la rapidamente, pois se tratava de uma derrota para o Palmeiras por 3 a 1, em 1947. No YouTube, há um revés de 1948 (vídeos abaixo), desta vez para o Santos (3 X 2). A primeira vitória filmada (6 a 1 contra o Bologna, da Itália) está em restauração e deve ficar pronta em 2010. "Precisamos mesmo restaurar, porque a gente ganhou, por enquanto a gente está só perdendo!", reclama, sempre bem-humorado.













Nos anos 50, o Corinthians faturou o título do IV Centenário de São Paulo em cima do Palmeiras. Os números do ataque alvinegro impressionavam: 103 gols em 28 jogos. O jornalista comentou: "Depois que o Pelé apareceu, esse negócio dos 100 gols avacalhou. Até aqui jogavam pessoas normais".

"Anos 60. Vamos falar rapidinho?", brincou Unzelte, já que, nesta década, o Corinthians não levou nenhum título paulista, apesar de ter conquistado outros campeonatos. Também explicou a origem do apelido "Timão", desmentindo o boato de que seria uma alusão ao timão usado nos barcos. O jornal A Gazeta Esportiva passou a chamar o clube de "Timão", pois o presidente na ocasião, Wadih Helu, havia investido pesado na contratação de craques como Garrincha.

As décadas de 70 e 80 trazem ótimas recordações aos corintianos. A invasão do Maracanã, em 1976, levou o time à final do Campeonato Brasileiro. Em 1977, após 22 anos, 8 meses e 7 dias, o jejum de títulos paulistas terminava. Entre 1981 e 1985, tornou-se conhecida a Democracia Corinthiana, protagonizada por Sócrates, ídolo reverenciado por Celso Unzelte na apresentação.

Os anos 90 e 00 foram de muitos títulos ao Corinthians. O principal da história do clube, o Mundial da Fifa, provoca discussões inclusive entre os corintianos. Celso rebateu as provocações: "A legitimidade é perfeitamente discutível, mas discutir a legalidade desse título é burrice". O jornalista encerrou a apresentação com o hino corintiano. Em holandês: "Não vou tocar esse hino [em português], todo mundo conhece".

Ainda faltava a resposta para o seguinte enigma: por que o corintiano é tão fiel? Celso Unzelte responde: "Não vou dizer que nas outras torcidas não existam pessoas que amem seus clubes como o corintiano. A diferença é que há uma quantidade maior de xiitas no Corinthians". A comprovação veio ao final da apresentação, com os corintianos pedindo fotos e autógrafos ao jornalista tão fanático quanto à fiel torcida.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Rumo à África do Sul

Com a vitória sobre a arquirrival Argentina por 3 a 1 no último sábado, o Brasil assegurou sua vaga na próxima Copa do Mundo de Futebol, em 2010, na África do Sul, mantendo-se como único país a disputar todos os Mundiais. No jogo da festa, 4 a 2 contra o Chile, na última quarta-feira. Com a classificação, Dunga cala quem questionou sua performance como técnico da seleção.

Mesmo este blog não acreditava no capitão do Tetra comandando o time cinco vezes campeão do mundo. O desempenho da seleção no início realmente desagradou, como o antigo Letras Escapadas mostrou em três artigos: " Exército de um homem só?", "Apatia canarinha" e "Redenção passageira de Dunga".

O ano de 2008 foi ruim para a seleção. Além de desapontar os torcedores fluminenses com apresentações vergonhosas contra Bolívia e Colômbia, não trouxe o inédito ouro olímpico de Pequim. Vaias e o segundo lugar nas eliminatórias contestado em virtude do péssimo futebol.

O prenúncio da redenção aconteceu nas vitórias nos amistosos contra Itália e Portugal. Ao sagrar-se bicampeão da Copa das Confederações, a seleção deu a volta por cima: além de eliminar a Squadra Azzurra, suou para derrotar, de virada, os EUA, gerando um movimento no Twitter que calou o ator Ashton Kutcher.

Os atuais resultados denotam uma melhora de entrosamento da seleção brasileira. Dunga conquistou mais liberdade para mesclar jogadores tradicionais e grandes promessas, com a convocação do ex-corintiano André Santos, do são-paulino Miranda e dos palmeirenses Cleiton Xavier e Diego Souza. O artilheiro das eliminatórias, Luís Fabiano, tem grandes chances de ir à África do Sul.

Paulatinamente, Dunga demonstrou não se importar com as críticas da torcida e da imprensa. A desconfiança em relação a estreia do ex-jogador como técnico parece ter arrefecido. A seleção conseguiu ter o respaldo dos brasileiros, e, aliada à liderança no ranking da FIFA, a segurança para declarar-se favorito ao hexacampeonato mundial.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A tormenta de Kassab

Parecia fevereiro, quando famílias retornam à cidade após as férias. Na volta do feriado de 7 de setembro, os paulistanos enfrentaram um temporal com volume de água recorde. Trechos das marginais Tietê e Pinheiros ficaram alagados, semáforos pifaram. São Paulo, novamente, parou. Desta vez, São Pedro terá companhia na distribuição de ofensas. Trata-se do prefeito Gilberto Kassab (DEM).

Desde que se "reelegeu", em 2008, Kassab tem se desdobrado para manter em dia as contas da Prefeitura sem comprometer suas promessas de campanha. Entretanto, prejudica outros serviços, como a varrição de ruas, cuja verba foi reduzida em 20%. Mais lixo nas ruas, mais bocas-de-lobo entupidas, e as consequências de uma chuva forte já são conhecidas pela população.

Kassab chegou à Prefeitura graças ao abandono do tucano José Serra para concorrer às eleições presidenciais de 2006. O ex-vice tratou logo de mostrar serviço: a Lei Cidade Limpa acabou com a farra da publicidade nos outdoors e letreiros do comércio. Também aumentou a tarifa de ônibus para R$ 2,30.

Em 2007, Kassab protagonizou um episódio lamentável: na inauguração de uma AMA (Assistência Médica Ambulatorial) em Pirituba (zona oeste), expulsou aos berros e empurrões o dono de uma fábrica de placas de propaganda, Kaiser Celestino da Silva, que estava no posto de saúde para uma consulta dentária. Ao ver o prefeito, aproveitou para protestar contra a Lei Cidade Limpa.

Em 2008, Kassab resolveu se candidatar à "reeleição", mesmo não tendo sido eleito pelo voto direto em 2004. Mesmo explorando seus feitos da primeira gestão, queria mais, e estendeu para três horas o tempo do Bilhete Único, ignorando o pagamento dos subsídios às empresas de transporte. A gestão chegou a ter aprovação de 61% durante o horário eleitoral gratuito. Mais do que a vitória sobre Marta Suplicy foi a derrota de Geraldo Alckmin, cuja candidatura provocou dissidências entre os tucanos favoráveis a ele e os favoráveis à candidatura do democrata.

Eleito, agora sim, pelo povo, Kassab enfrenta o caos que ele mesmo criou. O lixo que não foi recolhido das ruas entope os bueiros, e a água da chuva não consegue escoar. Automóveis ficam ilhados nas "avenidas-rios", inclusive os ônibus. Os passageiros gastam o tempo extra do Bilhete Único sem poder usufruir das três viagens restantes.

Enquanto isso, a marginal do Tietê fica alagada, mesmo após a obra de rebaixamento da calha do rio, feita em parceira com o Japão durante a gestão do governador Alckmin. As rusgas com o PSDB ocasionaram demissões. O secretário das Suprefeituras, Andrea Matarazzo, deixou o cargo no último dia 2. Membros que apoiam Kassab acumulam funções, como o professor de Direito Alexandre de Moraes, que, além de secretário de Transportes, preside a SPTrans, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e assumiu a secretaria de Serviços – varrição e coleta de lixo, iluminação e serviço funerário.

Além de ignorar os serviços prestados à população, o prefeito de São Paulo age conforme seus interesses políticos. A chuva de setembro provocou estragos em toda a cidade. No entanto, mais estragos cometeu Kassab, em sua segunda gestão.

domingo, 6 de setembro de 2009

Bastidores da reportagem "25 anos de Chaves e Chapolin no Brasil"


Observação: novamente, valho-me da primeira pessoa para relatar um fato pessoal, porém interessante de ser publicado: a produção de um reportagem de TV feita por um estudante de jornalismo.

O programa
Edição Extra, produzido por estudantes de Jornalismo e Rádio e TV da Faculdade Cásper Líbero e exibido mensalmente na TV Gazeta, será especial, pelo menos para mim, Paulo Pacheco, fundador do Letras Escapadas: Meu apreço pelos seriados Chaves e Chapolin rendeu uma reportagem que será exibida hoje, à meia-noite.

A pauta "25 anos de Chaves e Chapolin no Brasil" conseguiu ser aceita pela editora do programa, Regina Soler, que já trabalhou no SBT no final da década de 90. Mesmo assim, corri riscos, já que havia convidado a maioria dos entrevistados antes da aprovação. Caso não tivesse sido aprovada, teria de cancelar todos os convites.

No entanto, acredito que a entrega da pauta com entrevistas agendadas teve seu lado positivo, já que, aliado ao fator "data comemorativa" (Chaves e Chapolin comemoram bodas de prata em agosto) pressionou a aprovação. Afinal, grande parte do trabalho de obter fontes afins de gravar conosco já tinha sido concluída, não é mesmo?

No dia 13 de agosto, a primeira gravação. José Salathiel Lage dirigiu o núcleo de dublagem do SBT na época da vinda dos seriados mexicanos. Mário Lúcio de Freitas, grande amigo de Salathiel e que já participou do Edição Extra, nos passou o telefone do hoje consultor de comunicação do SEB (Sistema Educacional Brasileiro).

Atencioso, porém preocupado com o barulho da equipe do programa na sala de estudos, Salathiel concedeu a entrevista no terraço do prédio onde trabalha. Apesar de cometer alguns equívocos, ele nos contou o que queríamos saber: Silvio Santos o tinha telefonado para ouvir uma opinião sobre Chaves. Os elogios de Salathiel ao humorístico foram importantes para a decisão do dono do Baú de colocar um programa de tão baixa qualidade técnica no ar.

No dia seguinte, fomos entrevistar Luís Joly e Fernando Thuler, autores dos livros Chaves: Foi sem querer querendo? e Chaves e Chapolin: Sigam-me os bons!. Os dois trabalham juntos na mesma empresa, facilitando a gravação. Solicitei a eles que levassem bonecos ou pelúcias do Chaves para incrementar o cenário. Fui atendido.

Os jornalistas relembraram fatos interessantes, como o preconceito que enfrentaram na faculdade por causa do tema do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), justamente Chaves (que mais tarde se tornaria o primeiro livro lançado por eles, em 2005).

Duas gravações realizadas com sucesso. Faltava a mais importante: com os dubladores do seriado. A sorte veio a meu encontro quando sintonizava a Rede Brasil de Televisão, canal recentemente acusado de transmitir séries ilegalmente, em um dia qualquer, no programa A Tarde é Show, do qual Nelson Machado participou. O dublador do Kiko divulgou seu telefone, e anotei. "Vai que um dia eu precise", pensei. Semanas depois, liguei para Nelson. Às 10 horas. Ele me atendeu com uma voz sonolenta. Eu tinha acordado o dublador do Kiko!

Enfim, propus a Nelson uma gravação em um estúdio, onde simularia a dublagem do Chaves. Ele sugeriu os estúdios da BKS. Solicitei o empréstimo de um estúdio. Uma série de imprevistos não permitiram a gravação na renomada dubladora (a antiga AIC). Em contrapartida, recebi o contato de Cecília Lemes, a segunda dubladora da Chiquinha.

Enquanto procurava local para a última gravação, convidei sósias para participarem da matéria. Ricardo Manfredini e Flávio Pelozin, conhecidos meus de eventos como o Anime Friends e encontros de fãs, aceitaram gravar fantasiados de Chaves e Chapolin, respectivamente. Tiago Frazão, sósia do Professor Girafales, não compareceu, apesar de ter informado Mariana Damiani, outra grande fã do seriado, sobre reportagem. A locação e a data já haviam sido decididas: o restaurante Chilango, palco de dois encontros sobre Chaves, no dia 22 de agosto.

O Orkut foi fundamental para convidar dois sósias: Ana Cláudia (Chiquinha) também não pôde ir, ao contrário de Rogério Favo. Além de sósia do Kiko, ele participara do programa Vinte e Um, do SBT, apresentado por Silvio Santos. Na ocasião, Favo respondeu a perguntas sobre Chaves e questionou o sumiço dos episódios "perdidos". Silvio desconversou. Favo, então, teria uma participação mais expressiva que a dos outros sósias.

Sem alternativas, fui prático: chamei Nelson e Cecília para gravarem conosco no mesmo restaurante. Mariana Damiani levou a família para acompanhar a gravação de seu TCC, sobre o Chaves. O produtor Antonio Costa sugeriu entrevistá-los para "dar voz ao povo" na reportagem.

Entrevistei Favo e Nelson Machado. Neste, fiquei apreensivo, apesar de tê-lo conhecido pessoalmente em 2005. Antonio decidiu conversar com Cecília Lemes para agilizar a gravação. Pôde-se notar as diferenças das entrevistas: enquanto o "repórter-fã", fez questões mais específicas para Nelson, Antonio cumpriu sua função e perguntou apenas o básico a Cecília, com direito a uma palhinha da Chiquinha. Uma entrevista comum, mas perfeita.

Pelo Twitter, convidei David Denis Lobão para comentar os episódios "perdidos" e gravamos junto aos sósias. Mesmo sendo um mistério a ser desvendado, o depoimento de David distanciou-se da concisão, tão valorizada na rede social. No Chilango, o teatro foi montado: Chaves, Kiko e Seu Madruga gravaram um sketch para a matéria. Seu Madruga? Sim. Flávio Pelozin não levou sua fantasia de Chapolin, que, aliás, é perfeita.

Com todas as entrevistas realizadas, chegou a vez da edição, marcada para 3 de setembro. Para incrementar a reportagem, levei DVDs com episódios gravados da TV por fãs. Manfredini colaborou, copiando parte de sua coleção para mim. Regina Soler elogiou a matéria, porém indagou: "O SBT autorizou o uso dessas imagens?". A mesma apreensão da entrevista com Nelson Machado me tomou novamente.

Acusado de pirataria, fiquei preocupado. A reportagem pelas redes sociais esta sendo divulgada intensamente. Agora, corria o risco de não ir ao ar. Na mesma noite, corri ao Twitter, desesperado, pedindo a todos os telefones do SBT e mandando tweets a Daniela Beyruti, filha de Silvio Santos e atual diretora do SBT. Ela havia, na noite anterior, gostado da iniciativa da reportagem e que iria assistir quando publicássemos na internet. Não tive a mesma sorte, e ela não me respondeu.

Na manhã seguinte, conheci, pelo telefone, quase toda a equipe do SBT. Desde o segurança ao advogado. Incrivelmente, a autorização veio por e-mail. Maisa Alves, gerente de comunicação, repassou a permissão do assessor executivo, Rafael Larena. A reportagem, enfim, estava garantida.

A reportagem "25 anos de Chaves e Chapolin no Brasil" irá ao ar hoje, 6 de setembro, à meia-noite, dentro do programa Edição Extra, pela TV Gazeta.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

100 menos 1

Hoje é aniversário do Sport Club Corinthians Paulista. A festa dos 99 anos, no entanto, transformou-se em preparativos para 2010, ano do centenário e de mais uma chance de conquistar a América.

A comemoração do centenário já começou um ano antes. Dois documentários estiveram em cartaz. Fiel mostra a paixão da torcida corintiana, aguçada pelo rebaixamento do clube para a segunda divisão do futebol brasileiro e sua esperada ascensão. 23 anos em 7 segundos é o registro histórico de um dos momentos mais emblemáticos da trajetória do Corinrhians: a conquista do Campeonato Paulista de 1977, encerrando um jejum de quase 23 anos sem títulos.

O clube recordista em títulos paulistas (26 ao todo), tetracampeão brasileiro e tricampeão da Copa do Brasil sonha com o tão esperado título internacional. E o ano que vem reserva muita expectativa para a torcida e para o próprio elenco corintiano. As recentes contratações provam que o time está disposto a faturar a inédita Taça Libertadores da América. Para manter o astro em recuperação Ronaldo, o time transformou sua camisa em outdoor. A diretoria sonha alto: o próximo a vir (pelo menos à mente) é o craque argentino Riquelme.

O único título internacional conquistado pelo Corinthians ainda é tratado com desconfiança. Em 2000, a Fifa realizou um Mundial de Clubes no Brasil, com times consagrados, como Manchester United e Real Madrid, e inexpressivos, como Al-Nassr, da Arábia Saudita. Os representantes brasileiros, Corinthians e Vasco, chegaram à final. Edmundo errou sua cobrança de pênalti, e o time paulista sagrou-se vencedor.

Não obstante, o Corinthians ainda não fez a esperada viagem a Tóquio, onde se realiza a Copa Intercontinental, disputada pelos campeões da América e da Europa. Santos, Flamengo, Grêmio, São Paulo e Internacional foram os únicos a conquistarem o título. O Corinthians sequer disputou uma final de Libertadores. A tentativa mais promissora foi também a mais traumática: em 2000, na semifinal, foi derrotado pelo arquirrival Palmeiras nos pênaltis.

Parece que foi desenhado. O rebaixamento em 2007, o retorno à elite em 2008, a vinda de Ronaldo, a redenção em 2009. Em 2010, mais uma oportunidade de igualar-se a Santos, São Paulo e Palmeiras, e ser o campeão da América.

Entrevista com Mário Lúcio de Freitas - Segunda Parte

Há exatos 15 anos, Os Cavaleiros do Zodíaco estreava na TV Manchete. O sucesso do famoso anime (desenho animado japonês) abriu as portas para outros títulos. As emissoras passaram a exibir animes para concorrer com Cavaleiros. Mário Lúcio de Freitas também participou da versão brasileira da série, já que, nos anos 90, criou a Gota Mágica, famoso estúdio que dublou Bananas de Pijamas, Dragon Ball e Cavaleiros. Mário revela como conseguiu dinheiro para fundar a Gota Mágica. Dica: Cavaleiros foi fundamental.

Os Cavaleiros do Zodíaco foi o primeiro trabalho da Gota Mágica?
Foi o primeiro trabalho da dubladora Gota Mágica. Foi muito engraçado, vou até lhe contar um detalhe: quando eu saí da Marshmallow, eu não tinha pago a minha parte da sociedade. O Paladino sempre teve dinheiro e eu não, era produtor (risos). Aí me ligou um cara que eu não conhecia. Sabe o que eu lhe falei, que eu tocava na porta do Teatro Record e me chamaram para trabalhar lá dentro? Aconteceu igual. O cara do telefone disse: “Sou um empresário espanhol, eu vou trazer uma série para o Brasil e queria que você orçasse a dublagem para mim.” Eu pensei: “Acabei de montar a Gota Mágica e tem um cara me procurando? Eu não vou fazer isso, mas o cara me pediu o orçamento e vou fazer”. Liguei para a Herbert Richers, que era a [dubladora] mais cara que tinha. “Quanto custa a dublagem?”, falei como se eu fosse um cliente. “Custa R$ 10,00 por minuto”, vamos supor que ele falou isso. Falei para o espanhol: “R$ 11,00”. Fiz um preço para não dublar, pois estava sem estúdio, não daria certo. Ele sumiu e me ligou quinze dias depois: “Escuta, seu preço é o mais caro do mercado, é mais caro que o da Herbert Richers”. Eu falei: “Ah, é?”. Ele respondeu: “Só que tem um detalhe: é você que vai fazer”. E eu: “Por quê?”. E ele: “Me indicaram você”. Também não sei quem me indicou! Esse espanhol era o Manolo, presidente da Samtoy, e estava vindo para o Brasil. E aconteceu um negócio muito engraçado. Fizemos dois capítulos e mandei a cobrança. O cara não me pagou. Acontece que ele não tinha regularizado o envio de capital do exterior para o Brasil. Não que eles não tivessem dinheiro, eles não tinham dinheiro no Brasil. Falei: “Eu acabei de montar a Gota Mágica; se eu não pagar, os dubladores param de trabalhar”. Ele pensou e disse: “Depois eu te ligo”. Três dias depois ele me ligou: “Escuta, quanto custaria a série inteira?”

O senhor já tinha comprado a série inteira?
A primeira. Eram duas séries: uma que foi dublada nos estúdios da Marshmallow, mas como Gota Mágica, e outra no estúdio da Gota Mágica. Aí ele perguntou: “Quanto custa a série inteira?” E eu respondi: “Um dinheiro alto”. E ele falou: “Então faz o seguinte: arranja uma conta que eu vou mandar da Espanha o dinheiro de uma vez só”. Ele me mandou o dinheiro adiantado da série inteira para mim. E facilitou para montar o estúdio (risos).

Quem chamou o elenco para dublar Cavaleiros foi o diretor de dublagem?
Eu dei uns palpites. O [Gilberto] Baroli dirigiu a dublagem. Dirigir a dublagem não é dirigir a dubladora. O diretor de dublagem dirige o ator, se ele está acertando direito, se ele está falando certo, mas não é dirigir a coisa. Inclusive, especificamente nessa série, tem dois filhos do Baroli, mas fui eu que escalei. Ele achava chato chamar os filhos para serem os personagens principais. E eu falei: “Não, chama o Hermes [Baroli, dublador do Seiya de Pégaso] e chama a Letícia [Quinto, dubladora da Saori Kido]”. Mas a dublagem em si, dentro do estúdio, era o Baroli, que era um bom diretor.

Bom diretor, mas, em Cavaleiros, muitas vozes foram repetidas, algumas vozes foram mudadas de uma hora para outra, os nomes foram trocados para favorecer a Samtoy...
Mas isso não era culpa dele. A Samtoy era uma distribuidora de brinquedos. Trouxeram a série para vender brinquedo. Um dos personagens não tinha boneco para vender e tinha um que não estava na série. Foi uma caca já feita na Espanha. Não recebemos em japonês, mas em espanhol. As modificações não foram feitas aqui, mas lá na Espanha.

A abertura também era em espanhol...
Era a abertura em espanhol que eu adaptei aqui, mas não era a abertura original japonesa.

A abertura não estava no CD [brasileiro de Os Cavaleiros do Zodíaco, lançado em 1995].
Aí entram os interesses pessoais, como na Samtoy. A Sony Music queria lançar os artistas dele, o que não tinha nada a ver. Nada a ver por quê? Porque a série era meio sinfônica, tinha algo meio lúdico, e eles puseram uma discoteca. Não tinha nada a ver com a série. A música "Marin", que eu fiz, é bem a cara da série. Eu coloquei o Hermes falando, dando o grito do personagem, porque eu queria amarrar com a série. A Sarah Regina, minha esposa naquela época, cantou as músicas que eu fiz. A Sony Music fez duas músicas para vender e um abraço.

A Rede Manchete exibiu 52 episódios de Os Cavaleiros do Zodíaco, que foram reprisados e reprisados. Depois vieram os episódios seguintes, inclusive com uma dublagem melhor, o áudio já estava melhor...
Porque [a dublagem dos primeiros 52 episódios] foi no estúdio da Gota Mágica. O estúdio da Gota era mais moderno que o da Marshmallow.

A Gota Mágica recebeu primeiro a série de 52 episódios e depois receberam a outra série?

Porque muitos atribuem à dublagem a culpada pelas reprises da Manchete.
Não, nada a ver.

A Gota Mágica abriu as portas para os fãs de Os Cavaleiros do Zodíaco. Isso foi uma novidade?
Sim. O relacionamento entre os fãs e a Gota Mágica não existia em outros estúdios. As revistas de animes (desenhos animados japoneses) da época, a revista Herói, a imprensa em geral visitava.

O senhor quem autorizou a entrada dos fãs?
Isso. É a minha filosofia de trabalho. É a minha maneira de ser.

No auge de Os Cavaleiros do Zodíaco, o amigo e dublador Marcelo Gastaldi faleceu. Por isso não conseguiu chamá-lo para dublar na Gota Mágica?
O Marcelo tinha sumido nessa época. Minha mulher daquela época o havia encontrado já debilitado. Mas não houve “final de amizade”.

Como conheceu Jonas Mello, a voz-padrão da Gota Mágica?
Queria que a voz-padrão da Gota Mágica fosse uma voz marcante, então o convidei. Uma coisa nova foi a de o Jonas falar: “Versão brasileira: Gota Mágica, São Paulo”. Colocamos o “São Paulo”, porque, na época, a dublagem dita “boa” estava no Rio de Janeiro.