sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Quatro acertos do SBT em 2010

Continuando o balanço anual da programação do SBT, iniciado em 2008, segue o balanço de 2010. Aqui estão os acertos deste ano:

Silvio absoluto: Silvio Santos teve um 2010 difícil. Com o rombo do Banco PanAmericano descoberto em setembro, correu o risco de perder seu patrimônio. "Silvio Santos está pobre" ecoou na mídia e nas redes sociais. Em dezembro, deixou a segunda maior estrela do SBT, Hebe Camargo, ir para a RedeTV!. Pretextos não faltaram para que os 80 anos do maior ícone da televisão brasileira fossem comemorados com um bolo amargo. No entanto, uma linda homenagem produzida pela família de Silvio e exibida pelo SBT deixou os olhos do "patrão" marejados. E olha que ele nem gosta de festejar aniversário!

Novo sábado: Parece ironia falar em "novo" sábado e citar Raul Gil, mas é inegável a transformação do sábado do SBT em 2010: de dia praticamente morto a uma das principais fontes de audiência da emissora. Com as atrações de sempre e que o consagraram na Record e na Band, Raul Gil impressionou vencendo a Globo. Mudanças serão necessárias para 2011, já que a concorrência começou a se mexer, temendo novas derrotas.

Reprises bem-vindas: Se as novelas da Manchete não surtem mais efeito, as reprises de produções do SBT deram certo. A troca dos filmes do Cinema em Casa pela reapresentação de Pérola Negra (1998) e Esmeralda (2004) devolveu ao SBT a vice-liderança no Ibope no horário. Os futuros títulos a serem reprisados devem ser pensados com cautela para não dispersar o público, principalmente porque a Globo, incomodada, escalou para as tardes um dos maiores sucessos da década: O Clone.

Jornalismo eficaz: Para o SBT, 2010 foi o ano do jornalismo. Pode ter sido um dos motivos da queda da audiência da emissora, sem tradição no jornalismo como Globo, Record e Bandeirantes, porém a vinda de Roberto Cabrini, Marília Gabriela e a cobertura eleitoral exemplar deram credibilidade à equipe comandada por Luiz Gonzaga Mineiro. O caso da "bolinha de papel" no candidato José Serra, flagrada pelo SBT, repercutiu nacionalmente e equilibrou a cobertura parcial e partidária de Globo e Record. Denúncias de pedofilia envolvendo a Igreja Católica em Alagoas exibidas pelo Conexão Repórter chegaram ao Vaticano. O jornalismo do SBT provou, em 2010, que pode não ser "barulhento" como o da concorrência, mas é isento, apartidário e "livre de pressões", como bem disse Carlos Nascimento no editorial do último Jornal do SBT do ano.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Quatro erros do SBT em 2010

Continuando o balanço anual da programação do SBT, iniciado em 2008, segue o balanço de 2010. Aqui estão os erros deste ano:

Desperdício de séries: Sobrenatural impressionou na audiência. Empolgado, o SBT realizou uma enquete em seu site para definir a série substituta. Os fãs de Gossip Girl votaram sem parar e o resultado foi uma série com público completamente diferente de Sobrenatural no horário, abrindo brecha para a Record contra-atacar com CSI e dar fim à estratégia, até então vitoriosa, do SBT.

Solitários sonolento: O reality show que prometia tortura e testes de resistência, pelo menos nas chamadas, não mostrou a que veio. Solitários tinha potencial, mas a produção adiantada e a edição precária determinaram o fracasso do carro-chefe da programação de verão do SBT. O que era para ser impressionante acabou virando sonolento. A segunda temporada, gravada há um ano, vai estrear na próxima quarta-feira. Erro que se repete.

Manchete morta: As reprises das novelas da Manchete definitivamente provaram sua ineficácia na programação noturna do SBT. Em um erro de estratégia após o fim do fenômeno Pantanal, em 2009, a emissora de Silvio Santos demorou para reprisar Dona Beija (e, quando o fez, foi em outro horário). O desgaste já havia se tornado realidade quando foi decidido reestrear A História de Ana Raio e Zé Trovão. Chamadas prometiam edição ágil e 150 episódios, mas a trama já passou do capítulo 170 e não elevou a audiência noturna do SBT.

Boletim de erros: O Boletim de Ocorrências, jornal policial criado às pressas por Silvio Santos para substituir as famigeradas Pegadinhas Picantes, deu certo no começo, quando tinha pouco mais de dez minutos e mantinha a audiência da série enquanto a novela da Globo não terminava. O formato começou a perder fôlego quando ganhou uma edição às 19 horas. Porém, o desespero pelo avanço da Band no horário nobre gerou uma decisão equivocada: ampliar o B.O. para competir com José Luiz Datena. O resultado não poderia ter sido pior: além da novela para definir o apresentador do telejornal (Roberto Cabrini recusou; cogitou-se a permanência de Joyce Ribeiro; Luiz Bacci chegou a ser anunciado na chamada, mas no dia seguinte assinou com a Record), o escolhido César Filho tem o perfil menos adequado para um programa policial. A audiência não correspondeu e o B.O. encerra sua atividades nesta sexta-feira.