quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Quatro acertos do SBT em 2009

Continuando o balanço anual da programação do SBT, iniciado em 2008, segue o balanço de 2009. Aqui estão os acertos deste ano:

SBT onipresente: Em 2009, o SBT investiu pesadamente em propaganda. Anúncios em jornais e revistas, na TV Minuto, transmitida dentro dos trens do Metrô de São Paulo, e a inserção no mundo virtual constituíram fatores fundamentais para a reviravolta da emissora. Em agosto, o slogan "A TV mais feliz do Brasil" vinha acompanhado das estrelas da casa em outros corpos. Só dessa forma pôde-se ver Silvio Santos sem camisa e Roberto Justus dançando break. A rede social Twitter foi amplamente utilizada pelos funcionários do SBT, e os "SBTistas" são os fãs mais ativos, quando comparados aos de outras emissoras.

Séries "Pantanal": Em uma surpreendente estra
tégia, o SBT deslocou o telejornal SBT Brasil para às 19h30 e ocupou o horário com séries. Arriscado, já que o público da TV aberta não está acostumado a assistir aos produtos da TV paga? Pode até ser. Mas o risco deu certo, e hoje a emissora obtém excelentes resultados às 21 horas. Em setembro, Harper's Island - O Mistério da Ilha mostrou a que veio e dobrou a audiência na faixa de exibição. Seus treze episódios foram transmitidos diariamente, como uma novela. Exatamente a intenção da emissora: dar uma opção a quem não assiste às novelas da Globo e da Record. A meta era de cinco pontos. A audiência média foi de oito. O sucesso seguinte, Sobrenatural (foto abaixo), confirmou a preferência do público. Na última quarta-feira (dia 16), a série obteve 12 pontos de média. Índices semelhantes aos de Pantanal, se considerar a concorrência com a trama das nove da Globo. Além disso, prejudicou as duas esperanças da Record: Bela, a Feia e A Fazenda perdem diariamente para o SBT, que se saiu muito bem sendo a "alternativa".

O domingo mais feliz do Brasil:
Gugu foi embora. Em compensação, Eliana voltou à casa que a projetou, e Celso Portiolli recebeu seu maior presente: o Domingo Legal. Junto de Maisa, nas manhãs, e Silvio Santos, à noite, o domingo do SBT cresceu não apenas em audiência, mas também em felicidade. Na parte mais "triste", Celso visita a família de "Construindo um Sonho" fantasiado, dando mais irreverência ao quadro antes sofrido nas mãos de Augusto Liberato. Eliana trouxe um Tudo é Possível - seu antigo programa na Record - incrementado, e chegou a vencer a Globo nas primeiras semanas. Apesar de não ter mexido nas atrações de seu tradicional programa, Silvio Santos enfrenta corajosamente a cada vez mais competitiva "guerra pelo ibope". Quatro emissoras lutam pelo primeiro lugar, e o mestre da comunicação incomoda a concorrência em torno das 20 horas e após às 23 horas. Para um programa quase cinquentão, é uma vitória frente às "inovações" da concorrência. Mas, para se firmar na disputa, Silvio precisa se atualizar.

A consolidação do SBT Show: O SBT Show, que começou em 2008 como uma alternativa aos telejornais da Globo e da Record, ganhou força em 2009. Você se Lembra?, Esquadrão da Moda, Qual é o Seu Talento? (foto abaixo), Nada Além da Verdade e TV Animal chegam a incomodar a concorrência e inclusive a derrotá-la. Para não provocar desgaste nos formatos, o horário foi ocupado por diferentes programas durante o ano. Alguns form mal-sucedidos, como o reality Só Falta Esposa, às quintas-feiras. Outros, como o 10 Anos + Jovem, às sextas, deixou saudade. Esquadrão da Moda e Qual é o Seu Talento? configuram os destaques da faixa de shows do SBT.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Quatro erros do SBT em 2009

Continuando o balanço anual da programação do SBT, iniciado em 2008, segue o balanço de 2009. Aqui estão os erros deste ano:

Apelação em horário nobre: Uma estratégia de mestre recuperou a audiência noturna do SBT. Mas o espírito do "velho" SBT - que não tinha escrúpulos para aumentar o ibope - ainda resiste. Prova disso foi a exibição de Pegadinhas Picantes (foto ao lado) às 22 horas. Gravado no Leste Europeu, o programa, que estreou em 14 de setembro, causa risos pela nudez inesperada das atrizes. Mas a alegria esconde o desconforto em ver pornografia em horário inadequado - apesar de a classificação indicativa ser 14 anos. Já que o SBT gostaria de manter a boa audiência das séries das 21 horas com humor, poderia ter trazido de volta o Câmera Café - transmitido em 2007 antes e após os telejornais da emissora. Comédia bem feita e sem apelação.

Roberto Justus, o "animador": Foi precipitada a investida de Roberto Justus em um game show. O 1 contra 100 (foto ao lado), que estreou em 16 de setembro, é uma atração com a cara do SBT, emissora craque em programas de entretenimento. Todavia, ter deixado Justus, conhecido nacionalmente como o irredutível chefe de O Aprendiz - reality show apresentado por ele durante seis anos na Record -, no comando foi uma atitude infeliz. Sem menosprezar o talento de Justus, mas o público se assustou ao ver a mudança brusca de feição dele. Talvez isso tenha deixado transparecer a incipiente tentativa do apresentador em sair do estigma de mal-humorado. Um reality envolvendo o mundo empresarial, porém mais dinâmico - como promete o O Grande Desafio, que estreará em 2010 - deveria ter sido a estreia de Justus no SBT.

Desperdício de novelas:
Como se o fracasso de Revelação não tivesse bastado, o SBT insistiu no erro e escalou outra novela de Íris Abravanel para o horário das 22 horas. Vende-se um Véu de Noiva (foto ao lado) manteve um público fiel, mas não sai dos cinco pontos de audiência. Um dos motivos pode ter sido o excesso de externas, que deixou a novela "iluminada" demais, adequada para um folhetim exibido às 19 horas, mas não às 22 horas, fato que prejudicou a fotografia. Contudo, partindo para o campo estratégico, Vende-se um Véu de Noiva herdou um horário antes ocupado pelo boom de Pantanal. Após o término da trama da extinta Manchete, Revelação ficou sozinha no horário. E pior: pensando que alavancaria o ibope da novela de Íris, estreou a nova "arma secreta" da Manchete, Dona Beija (foto abaixo) - quando todos pensavam que seria A História de Ana Raio e Zé Trovão -, após Revelação, às 23 horas. Está certo que a história protagonizada por Maitê Proença dobrou a audiência no horário (de míseros dois pontos para quatro), fato que nada significava para quem esperava um sucesso semelhante ao de Pantanal. Na soma dos prejuízos, três novelas desperdiçadas: Dona Beija - exibida em horário ingrato -, A História de Ana Raio e Zé Trovão - que permanecerá na "geladeira" da emissora em virtude do fraco desempenho das reprises da Manchete -, e Véu de Noiva, texto de Janete Clair (1925-1983) - a maior novelista brasileira.

SBT Manhã, SBT Manhã e SBT Manhã: Não é ilusão. Quando o teles
pectador liga a TV às 4 horas, assiste ao Jornal do SBT Manhã (foto abaixo, de 2008). Às 5 horas, o mesmo jornal é reapresentado. Às 6 horas, surpresa: nova reprise. Deve-se ressaltar o fato de que "só" havia duas apresentações - às 5 e às 6 horas -, mas a partir de 9 de novembro resolveu-se reprisar novamente. Pode ser útil para quem estiver acordando, mas três horas com o mesmo noticiário dos outros telejornais do SBT e com a aparição dos âncoras gravada é um retrocesso para uma emissora que vem investindo pesadamente no jornalismo.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Barril de homenagens

Há 25 anos, um gênio desembarcou na TV brasileira: Roberto Gómez Bolaños. O ícone mexicano "Chespirito" estreou no SBT com duas de suas séries mais famosas: Chaves e Chapolin. No último sábado (dia 12), admiradores da obra de "Chespirito" - os "chavesmaníacos" - se encontraram no restaurante Chilango, em São Paulo.

A quarta edição do evento "Vamos ao Chilango com o Polegar Vermelho" trouxe um pedido ao SBT: a reapresentação de episódios que foram exibidos nos anos 80 e que jamais voltaram ao ar, os episódios "perdidos". Muitos, na verdade, são "esquecidos", pois compõem o acervo CH da emissora, porém foram substituídos por roteiros semelhantes. Os fãs criaram um abaixo-assinado na internet, chamado "Volta Perdidos CH & CH", e já conta com mais de duas mil adesões.

Impressionou o interesse da mídia em noticiar o encontro de "chavesmaníacos". O R7 e o UOL levaram fotógrafos. O SBT, que enviou o repórter Diego Sangermano, noticiou superficialmente o motivo do encontro, omitindo - como sempre - o termo "perdidos". A reportagem foi ao ar no SBT Brasil. O Pânico na TV, da RedeTV!, também entrou na brincadeira: Alfinete e Sabrina Sato levaram Zina para mandar "salves" para toda a turma do Chaves.

O ponto alto do encontro foi a participação dos dubladores. Chaves não seria o que é aqui no Brasil se não fossem algumas destas vozes que compareceram ao "Vamos ao Chilango...": Cecília Lemes (Paty, até 1984, e Chiquinha, a partir de 1988), Sandra Mara Azevedo (Chiquinha e Dona Neves, até 1984), Osmiro Campos (Professor Girafales, a partir de 1984) e Sílton Cardoso (Godines até 1990) formaram parte do elenco que deu um ar tupiniquim ao humorístico mexicano. Gustavo Berriel, o fã que dubla há três anos o Nhonho, e agora dubla o Jaiminho e o Senhor Barriga, completou o grupo presente.

Pela primeira vez em um evento CH, duas vozes de uma mesma personagem compareceram. Foi o caso da Chiquinha, que foi dublada por Sandra Mara Azevedo no lote de 1984 e Cecília Lemes a partir do lote de 1988. Os fãs não perderam a oportunidade e realizaram um "duelo de Chiquinhas". As duas choraram simultaneamente. Nos quesitos gritaria e talento, deu empate.

Além das perguntas da plateia, os dubladores encararam uma série de diálogos de Chaves e de Chapolin. Um teve de ser criado para que todas as vozes participassem. A estreia de Osmiro Campos em um evento CH foi bem aproveitada pelos fãs, que encenaram uma "Escolinha do Professor Girafales". Cada resposta "certa" (de acordo com o diálogo da série) valia um prêmio: um DVD com episódios "perdidos".

O encontro reuniu muito mais do que fãs e dubladores: reuniu centenas de corações apaixonados por duas letras: CH. Chaves e Chapolin fez a infância de três gerações. E, se depender dos "chavesmaníacos", não sairá da TV tão cedo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Zona norte sitiada

O título exagera, mas a rotina do morador da região na manhã desta terça-feira (dia 8) foi profundamente alterada em virtude da chuva que caía desde a noite anterior. O volume de água acumulado nas mais de doze horas seguidas de temporal, aliado à sujeira na cidade, inundou ruas, fez o rio Tietê transbordar e dificultou a viagem de quem precisa atravessar a cidade.

Desde as 7 horas o noticiário da TV destacava os efeitos da chuva noturna. O trânsito na ponte da Freguesia do Ó parou pelo alagamento da avenida Comendador Martinelli, continuação da via. A praça Delegado Amoroso Neto e avenida Ordem e Progresso (foto acima), que levam à ponte do Limão, na Casa Verde, foram tomadas pelas águas. Uma longa fila de ônibus com motores desligados formou-se. Motoristas e alguns passageiros permaneceram no veículo, enquanto outros saíram para fotografar a via forçosamente interditada.

João é motorista da linha 978-L/10 (Terminal Cachoeirinha - Terminal Princesa Isabel) há nove anos. Parado na rua Dom Amaral Mousinho, que dá acesso à avenida Ordem e Progresso, ele se lembra da última vez que teve de desligar o ônibus em função de enchentes: "Eu cheguei a parar há três ou quatro meses antes da ponte do Limão".

Até mesmo alternativas à marginal Tietê não puderam ser usadas. As águas ocuparam parte da avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, e de seu prolongamento, a Ermano Marchetti, na Lapa. Interdições também na avenida Doutor Abrahão Ribeiro, também na Barra Funda, próximo ao Fórum Criminal.

Os paulistanos da zona norte de São Paulo já sentem dificuldades de atravessar a cidade desde outubro, quando a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) deu início às interdições nas pontes da marginal Tietê. Com as obras, a da Freguesia do Ó, por exemplo, tem apenas duas faixas sentido centro e uma para o bairro.

Na época, o secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, declarou, segundo a Folha Online, que se o serviço não fosse realizado nas pontes desde já, as chuvas de fevereiro e março atrapalhariam ainda mais o paulistano. As chuvas começaram em novembro. As dificuldades aos moradores da zona norte também.

sábado, 28 de novembro de 2009

Celso Unzelte lança "Timão 100 anos"

Após Jornalismo Esportivo: Relatos de uma paixão, lançado há duas semanas, o jornalista e professor da Faculdade Cásper Líbero, Celso Unzelte, lança mais uma publicação. Aproveitando os festejos do centenário do Corinthians, seu time de coração, em 2010, ele promoveu uma noite de autógrafos do livro Timão 100 anos – 100 jogos, 100 ídolos, na última terça-feira (dia 24) na Livraria Cultura da avenida Paulista.

Segundo o autor, a obra não é uma simples lista dos maiores jogos e ídolos da história corintiana: "A ideia não era produzir um livro estatístico, mas contar a história do clube de uma maneira diferente pelo menos de tudo o que foi publicado até agora. As biografias, a história e a importância dos jogos estão muito mais esmiuçadas do que tudo que escrevi antes”.

Dividido em décadas, o livro traz um panorama do período, inserindo o Corinthians naquele contexto. Há também notas explicativas sobre acontecimentos marcantes do clube, como a Democracia Corinthiana. “Não há uma história linear, há fatos importantes que chamam a atenção e que são comentados e ilustrados à parte. Isso deixa a leitura mais dinâmica”, explica.

Os jogos relacionados vão desde a primeira vitória do clube – 2 a 0 sobre o Estrela Polar, em 14 de setembro de 1910 – até o empate em 2 a 2 com o Internacional, que deu o título da Copa do Brasil de 2009. Para elencar os ídolos, o autor não recorreu a atributos técnicos. “Para o corintiano, o jogador não precisa ser necessariamente um craque, mas tem que ficar no coração”, esclarece. Celso fez questão de anexar uma relação, em ordem alfabética, de todos os jogadores que vestiram a camisa do Timão.

O jornalista Mauro Beting não poupou elogios ao mais novo livro do amigo: “Não há ninguém mais preparado para contar essa história como o Celso. Ele é um grande pesquisador e tem uma paixão indescritível pelo Corinthians. Não só para quem é corintiano, como também para quem gosta de futebol e de História”.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Introdução ao Jornalismo": para amadores e profissionais

Por pouco, o blecaute não atrapalhou. Na noite desta terça-feira (dia 10), a radialista e professora da Faculdade Cásper Líbero, Magaly Prado, lançou a coleção Introdução ao Jornalismo. A livraria Saraiva MegaStore do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, ficou pequena para tantos estudantes e profissionais apaixonados pela área.

Magaly convidou cinco autores para a coleção de quatro volumes sobre a profissão: Luiz Caversan (Introdução ao Jornalismo Diário - Como fazer jornal todos os dias), Patrícia Ceolin do Nascimento (Técnicas de Redação em Jornalismo - O texto da notícia), Cleide Floresta e Lígia Brauslauskas (Técnicas de Reportagem e Entrevista no Jornalismo - Roteiro para uma boa apuração
) e Celso Unzelte (Jornalismo Esportivo - Relatos de uma paixão).

"A organização dos volumes durou mais de um ano. Fui lendo todos, deixando-os com uma uniformidade, sempre me preocupando com o aluno. Queria que fosse algo que o aluno lesse em um final de semana. É para universitários, mas quem gosta de jornalismo vai curtir, porque não tem aquele tom pedagógico", conta Magaly Prado.

Colunista da Folha Online, Luiz Caversan (foto acima, à esquerda) trabalhou na Folha de S.Paulo durante 21 anos. Antes, havia ficado sete no jornal O Estado de S. Paulo. Sua grande experiência em periódicos diários foi o que o levou a escrever
Jornalismo Diário - Como fazer jornal todos os dias: "Na Folha, passei por quase todas as editorias. Conversando com a Magaly, percebi que tinha uma visão múltipla de vários aspectos do jornalismo e que conseguia mostrar como era o trabalho em cada parte de um jornal. Procurei dar uma noção para muitas pessoas, inclusive formadas em Jornalismo, que nunca pisaram em uma redação de jornal".

Colega de Magaly na Cásper Líbero, Celso Unzelte (foto acima, à direita) deu alento a quem quer ser jornalista esportivo a partir de sua própria vida: " É a história de um garoto que gostava de futebol, era office-boy quando entrou na faculdade e conseguiu o que queria. Quem quiser seguir a carreira não terá finais de semana, nem noites de quarta e quinta-feira. Mas há o lado da esperança, de você perseguir seus sonhos, ter uma perspectiva de trabalhar feliz, com o que gosta".


No final do evento, Caco Barcellos foi abraçar seus companheiros de profissão, e elogiou a coleção organizada por Magaly Prado. "Acho muito interessante pegar um livro e ver toda a experiência, o melhor do autor concentrado em poucas páginas. Os autores da coleção são profissionais experientes, com uma trajetória forte no jornalismo. Não só quem está chegando ao mercado, mas todos nós temos muito a ganhar, até porque nossa profissão é feita de subjetividades. É sempre legal ouvir opiniões diferentes", comenta o jornalista.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Zodja Pereira: da voz ao verso

A potiguar Zodja Pereira já atuou em diversos trabalhos na televisão. Na Bandeirantes, interpretou a boneca de pano Emília (imagem abaixo) no Sítio do Picapau Amarelo (1968). Decidiu ficar em São Paulo numa época em que a teledramaturgia se transferia para o Rio de Janeiro.

A partir daí começou a dublar. Sua voz pode ser reconhecida em tokusatsus (seriados japoneses), como Jiraiya e Machine Man. Há dois anos dirige um curso na Central Dubrasil, junto de seu filho, o também dublador Hermes Baroli. Zodja, de 62 anos, conta como ingressou ao universo da literatura, com o livro Antologia de Poesias e Poemas, ao lado de mais 17 autores, e revela se houve inspiração de suas atuações na TV.

Muitos a conhecem como atriz e dubladora. Você já escrevia antes?
Já faço há muito tempo, mas não tinha nada publicado. A minha avó escrevia poesias. Meus pais também, eles eram atores. Agora estou colocando alguma coisa na internet, mas nunca ousei mostrar além da família.

Como recebeu o convite para estar nesta antologia?
Foi um convite pela internet, mas nem sei exatamente como cheguei à editora. Eu tinha iniciado, no ano passado, um projeto sobre a história da minha família, que é muito profunda, muito rica, mas chegou a determinado ponto em que não conseguia ler porque mexia com lembranças muitas profundas. Fiquei frustrada com isso. Quando chegou convite da Madio Editorial eu resolvi abrir um pouco o meu baú e entrar nessa experiência junto com outras pessoas para ver como seria isso.

Seus papéis no teatro e na televisão, como a Emília, influenciaram seu trabalho como escritora?
Não, a poesia é muito anterior, porque minha família já tinha isso. Comecei em teatro com dez anos e fui a segunda Emília na TV Bandeirantes. Eu sempre fui cercada de poetas, de artistas. Isso estimulou a vontade de falar essa “língua”.

Você começou a dublar no final dos anos 70, quando a teledramaturgia estava saindo de São Paulo. Lembra-se de seu primeiro trabalho em dublagem?
Saí das telenovelas quando a TV Tupi fechou. Não teve jeito, fui obrigada a ficar. (risos) Acredito que minha primeira dublagem foi a série I Love Lucy.

Sentiu diferença quando saiu das telenovelas e começou a dublar?
Muita. Foi desafiante, pois estava acostumada a atuar, não a trabalhar atrás da atuação do outro. Eu tenho que absorver a interpretação do outro e realizá-la. Não é um trabalho meu, é dele. A arte está nesse trabalho.

Como você recebe a fama, o reconhecimento que os fãs de tokusatus têm pelo seu trabalho?
Não diria fama. É o bem-querer das pessoas pelo trabalho que fazemos. É muito bom saber que as pessoas têm esse carinho por algo que fizemos. Nós somos realmente devedores, porque os fãs transformaram particularmente essa área importante no Brasil, e que nunca foi. Fazíamos aquilo como “sub-arte”, como algo sem importância, alguns ficavam até com vergonha de dizer que dublavam. O setor está se descobrindo como importância cultural, e foram os fãs que nos deram este valor.

Para se tornar um dublador é preciso ter um dom?
Não, é uma técnica. O dom é ser ator. Se você é um bom ator, você pode aprender a técnica. Cursinho de dublagem sempre teve. Mas curso de especialização em dublagem, com o cuidado em colocar o profissional no mercado, isso só a Dubrasil tem.

sábado, 17 de outubro de 2009

"O Fiel": jornal 100% corintiano

Nesta segunda-feira, dia 19, São Paulo ganhará mais um periódico: O Fiel. Nele, haverá informações sobre tudo que acontece no time de futebol de maior torcida em São Paulo, o Sport Club Corinthians Paulista. A iniciativa é do Departamento de Marketing do clube, em parceria com a editora Nova Forma.

A princípio, o jornal terá circulação semanal e será distribuído no Parque São Jorge, onde fica a sede do Corinthians. Estuda-se a ampliação para as bancas já a partir do dia 2 de novembro, após o clássico contra o Palmeiras. Em 2010, O Fiel poderá ser diário.

Para os corintianos, é um novo veículo para se informar e se expressar também, já que haverá espaço para o leitor. O jornal chega no melhor momento: em 2009, os títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil trouxeram ainda mais visibilidade ao Timão, que já havia conquistado a mídia com a contratação do "Fenômeno" Ronaldo. Em 2010, ano do centenário, o Corinthians disputará a Taça Libertadores da América. O Fiel cobrirá o evento que pode trazer o título mais desejado pela torcida.

Embora haja Timão TV e da página na Internet http://www.corinthians.com.br/, faltava um meio mais acessível aos torcedores, disponível na porta do estádio, ou na banca perto de casa. O Fiel terá a função de informar e analisar as últimas notícias do clube, trabalhando com a linguagem objetiva, do jornalismo factual, e subjetiva, das revistas semanais. Pelo menos enquanto o jornal não ter circulação diária.

Além da cobertura dos campeonatos disputados pelo Alvinegro, O Fiel terá reportagens e colunas especiais. Em novembro, o jornalista Celso Unzelte – autor do Almanaque do Timão – comentará fatos históricos do clube. Entrevistas terão seu espaço, a começar pela conversa com Basílio, autor do emocionante gol que pôs fim ao jejum corintiano de quase 23 anos sem títulos paulistas.

Nem só de futebol vive o Corinthians. Outros esportes, como natação, futebol americano, handebol e até peteca pautarão a seção "Por dentro do Parque". Também não faltarão notícias sobre a cidade e o País.

O Fiel veio preencher uma lacuna na comunicação entre o Corinthians e sua torcida. É um novo veículo que trará o um dos times mais queridos do Brasil como nenhum outro já trouxe. A partir desta segunda-feira, a nação corintiana terá voz.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Aniversário de escapadas

Na tarde de 12 de outubro de 2008, nascia o Letras Escapadas. Em seu primeiro aniversário, eu, o fundador Paulo Pacheco, trago um balanço deste blog em constante ascensão.

A ideia do blog veio ainda quando estudava no cursinho. "Como vai tentar jornalismo se nem tem blog?", perguntavam os colegas.
Pois bem, aproveitei uma época tranquila dos estudos (outubro, antes da importante revisão) e fundei o blog. Faltava escolher onde hospedá-lo. Meus conhecimentos ínfimos de internet levaram-me ao zip.net, do UOL. Oito meses depois, em junho de 2009, fiquei impossibilitado de publicar textos. Motivo: falta de espaço. Achei estranho, mas estava com pressa, precisava postar um texto sobre Michael Jackson, que falecera naquele dia. Procurei abrigo no Blogger, de onde posto este texto.

A época no UOL foi muito proveitosa. Primeiramente, chamava-se "Blog de Paulo Pacheco - Letras Escapadas" e a URL era "blogpp" e não "letrasescapadas". Lá, publiquei 85 textos, entre críticas e reportagens, sobre diversos temas. Na ocasião do lançamento, São Paulo escolhia seu prefeito. Os primeiros posts tratavam dessa disputa eleitoral. Comentei os debates na TV, cobri as sabatinas que a Folha de S.Paulo promovera com Marta Suplicy e Gilberto Kassab, e analisei o dia seguinte, a vitória deste último.

Embora a cobertura
incisiva das eleições municipais, outros assuntos pautaram o blog. No dia seguinte ao da inauguração do Letras Escapadas, estava animado e publiquei quatro textos: dois sobre o pleito paulistano, um sobre a vitória da seleção brasileira por 4 a 0 em cima da Venezuela, e um sobre animações japonesas na TV. Os textos ainda eram curtos, porém objetivos (como dissera no primeiro post: o lema do blog é a objetividade).

À medida que o vestibular se aproximava, deixava de lado o blog. Alguns textos eram redações nas quais obtivera boas notas. O post de 30 de outubro, com o texto "O triste ocaso da leitura", e o de 9 de novembro, com "(Gen)ética na linha de montagem", são exemplos.

O post de 18 de
dezembro é especial: no dia em que soubera de minha aprovação no vestibular da Faculdade Cásper Líbero, abusei da primeira pessoa (recurso que costumo repudiar em blogs de cunho jornalístico, como este) e escrevi "18 de dezembro de 2008: o dia da redenção". Comecei o texto assim: "Excepcionalmente, escreverei em primeira pessoa e sobre algo trivial (para os leitores, mas que é de suma importância para mim)".

Procurava não deixar o blog desatualizado por mais de uma semana,
embora tenha acontecido duas vezes. Uma delas, entre 27 de janeiro e 10 de fevereiro, pode ser justificada: a expectativa pelo primeiro dia de aula na Cásper, em 9 de fevereiro de 2009. No dia seguinte, voltei à ativa, com o texto "Redenção passageira de Dunga".

Ao ingressar
no curso de Jornalismo da Cásper Líbero, procurei colaborar para os órgãos laboratoriais da Faculdade. Primeiramente, para o site de Cultura Geral. Críticas teatrais compuseram tanto o site (após uma edição) como o blog. A primeira, "Sutilezas do triunfo" (sobre a peça Calígula), foi publicada em 16 de fevereiro, apenas uma semana após o início das aulas.

Entre 31 de março e 3 de abril, em parceria com os amigos Juliana Koch e Narlir Galvão, cobri o "Ciclo de Cinema de Cultura Geral", promovido pela Faculdade, cujo o tema fora "Comunicação: questões éticas e profissionais". Nossa colaboração foi de suma importância para o site de Cultura Geral, que se encontrava sem editor nem repórteres para cobrir o evento.

Em abril, para incrementar uma atividade da disciplina "Língua Portuguesa I", conversei com a subprefeita da Lapa So
ninha Francine, também conhecida pelo ativismo ambiental. A pauta, sobre ciclovias, rendeu uma entrevista em duas partes. A primeira, divulgada em 10 de abril, sem alarde. A segunda, publicada em 6 de maio, rendeu ao Letras Escapadas a indicação do UOL Blog. Sim, estas escapadas ficaram entre os "Blogs Legais" daquela semana! Detalhe: só dei conta disso dias depois da indicação. Momento inesquecível!

Em maio, cobri parte da Virada Cultural 2009. Uma lan house próxima à Praça da República permitiu a publicação de texto imediato sobre o show que acabara de acontecer. Outro caso de apuração primária foi a denúncia de uma rua que tinha virado depósito de lixo. O caso da "rua-lixão" pautou duas matérias, uma de 26 de abril e outra de 12 de maio. No entanto, a reportagem mais gratificante foi a de 13 de maio, sobre o show do projeto infantil, encabeçado por Arnaldo Antunes, chamado Pequeno Cidadão. A cobertura da apresentação repercutiu no blog, no site de Cultura Geral e até mesmo na Rádio Universitária, a Gazeta AM.

No mês de junho, a mudança. Surpreso pela "falta de espaço", mudei de casa. No Blogger, apresentei-me novamente, publiquei um texto sobre Michael Jackson, em 26 de junho, e reapresentei dois: uma matéria sobre o show gratuito do Pato Fu, e uma análise da "guerra" entre as emissoras de TV pela audiência (tema recorrente no blog).

Em um ano, 121 "escapadas" (sem contar esta) saíram de minha mente, cuja imaginação ainda está longe de terminar.
Agradeço aos meus leitores pelas mais de 4 mil visitas, contando os dois blogs. O ano de 2010 promete muitas pautas, análises, críticas e reportagens. E este blog continuará trabalhando, porque a relevância está aqui, no Letras Escapadas!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Nova chance

Com a escolha do Rio de Janeiro como a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Brasil terá a chance de se redimir do dispêndio excessivo do Pan de 2007 e mostrar que aprendeu a controlar os gastos. Ou não.

Sem economizar, o projeto brasileiro de R$ 29 bi para transformar o principal destino turístico do país em polo olímpico assusta. Primeiramente, pelo volume de capital - os Jogos Pan-Americanos custaram R$ 3,7 bi, quase 800% mais que o previsto -; depois, pelo destino do investimento. Muitas obras do Pan não poderão ser aproveitadas para 2016. Mesmo o evento de 2007 não deu jeito na saúde e na segurança pública da cidade.

Nova chance também de concluir as obras que certamente não ficarão prontas para a Copa do Mundo de 2014. O trem-bala, por exemplo, que ligará São Paulo ao Rio, só deve ficar pronto em 2015. Melhorias no transporte, na despoluição da lagoa Rodrigo de Freitas e na rede de hotéis serão adiadas para os Jogos Olímpicos de 2016.

A vinda da Olimpíada para o Brasil não escapa da política. O governo atual pode usar a justificativa de que a continuidade trará mais segurança no cumprimento dos prazos. Mesmo se a situação for derrotada no pleito de 2010, Lula poderá retornar ao poder em 2015, e entregar as obras feitas pela gestão anterior.

Trunfo eleitoral também na cidade. Eduardo Paes, se reeleito em 2012, será o "prefeito dos Jogos". Não faltarão oportunidades para o prefeito vangloriar-se de ter trazido o maior evento esportivo, junto da Copa, para o Rio.

A Olimpíada de 2016 pode ser um sucesso, se depender da vontade dos atuais governantes de se reeleger. Ou pode ser um fracasso político, caso os abusos financeiros do Pan se repetirem.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Comer demais faz mal"

A cobertura feita pelo jornal Folha de S.Paulo da recente medida da Prefeitura de São Paulo para cortar gastos está sendo, no mínimo, curiosa e sutilmente tendenciosa. No dia 18 de setembro de 2009, a Folha noticiou a desistência de Gilberto Kassab de cortar uma refeição das creches. No mesmo dia, o prefeito dissera que fazia “tão mais mal à saúde comer demais como comer de menos”. A declaração de Kassab apareceu cinco vezes naquela edição – uma na capa e quatro na primeira página do caderno “Cotidiano”. No dia 19, ocupou a seção “Frases”.


Num primeiro instante, o leitor de “Cotidiano” vê crianças em uma creche e um Kassab sorridente. O repertório visual e cultural deste leitor pode fazê-lo olhar mais atentamente ao que está representado. O olhar assustado e inocente de algumas crianças que compõem a fotografia, a creche que não possui nem lençol para forrar o colchão, o rosto do prefeito aparentando malvadez, o corte da foto do prefeito, supostamente em uma cozinha, que deixa aparecer um pote de margarina. Abaixo do rosto, a declaração: “Existe uma exposição de motivos que mostram que as crianças não podem ter uma alimentação superdimensionada. Faz tão mal à saúde comer demais como comer de menos”.


Em 20 de setembro, a seção “Folha Corrida” da Folha de S.Paulo evidenciou os “foras e tropeços” de 13 a 19 de setembro. O jornal não só relembrou como também destacou a afirmação de Kassab, publicando-a no topo da lista de “tropeços” da semana. Desta vez, acompanhada de uma fotografia, tirada por Raimundo Pacco em 24 de julho de 2008, do prefeito comendo um pedaço de bolo, além do título “Comer, comer”.

O semioticista Louis Hjelmselv dizia que o valor do signo é determinado por seu contexto. A foto de Kassab comendo o bolo não teria valor algum se fosse publicada sem justificativa. Com a declaração, a imagem ganhou sentido especial, talvez mais do que na ocasião em que fora registrada: 24 de julho de 2008, às vésperas de eleição municipal da qual Kassab fora o vencedor.

Novamente, a Folha demonstra sua opinião. A intenção do jornal é provocar ironia e contradição na própria fala que acompanha a fotografia, completando o raciocínio divulgado nas fotos das crianças. Kassab, o “malvado”, cortou uma refeição das crianças “pobres e inocentes” da creche que não possui nem lençol para forrar o colchão, sob o pretexto de cortar gastos da prefeitura. Como prova de sua perversidade, comeu um pedaço de bolo – fato ocorrido um ano antes.

A cobertura da Folha de S.Paulo sobre a fala de Gilberto Kassab prejudica ainda mais a imagem do prefeito em São Paulo, duramente criticado por reduzir a verba para varrição de ruas em 20%, noticiada pela Folha em 13 de agosto. No dia 9 de setembro, o mesmo jornal noticiou o temporal que atingira São Paulo, destacando o excesso de lixo nas vias, entupindo os bueiros e intensificando os alagamentos. A decisão de cortar uma refeição nas creches pode ser interpretada como “mais um tropeço” do prefeito. A Folha reproduz o sentimento do cidadão pela gestão atual, uma estratégia para manifestar a opinião do leitor e do próprio jornal.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A nova Record: do auge ao declínio

A Record completou no último domingo (dia 27) 56 anos. Desde 2004, a emissora investiu pesado em produtos de qualidade, que trouxe novo ânimo à emissora. Atualmente, porém, a teledramaturgia e o jornalismo parecem estar em crise.

Em 2004, após o fiasco Metamorphoses, a emissora parece ter aprendido com o erro e estreou uma versão de A Escrava Isaura, que incomodou o SBT em virtude do grande sucesso. Após uma leve queda na audiência com Essas Mulheres, a Record chegou ao topo com Prova de Amor. Tiago Santiago, o mesmo autor do remake da novela de 1976, ganhou status de grande autor por ter conseguido ultrapassar o Jornal Nacional, da Rede Globo.

A coisa começou a desandar já em Prova de Amor, quando Santiago esticou a novela por uns pontinhos no Ibope. Em 2007, Caminhos do Coração perdeu-se na história, obrigando Santiago a encerrar a trama principal e iniciar uma só com os mutantes, seres feitos no computador com qualidade duvidosa, que elevavam a audiência. Os Mutantes - Caminhos do coração conquistou os adolescentes, mas não conseguiu segurar o público habitual das novelas da Record. A audiência da saga final - Promessas de Amor - também ficou aquém da esperada.

Em 2009, a Record patina nas duas telenovelas que exibe. Poder Paralelo deu sinais de melhora; já Bela, a Feia, primeira de muitas que virão da parceria com a emissora mexicana Televisa, perdeu o segundo lugar para o SBT Show e para a série Harper's Island - O Mistério da Ilha.

O jornalismo da Record, que também recebeu maciço investimento, sofre seus revezes em 2009. O Jornal da Record perdeu audiência com Ana Paula Padrão, contratada somente para ancorar o noticiário. O Esporte Fantástico ainda não emplacou, tendo seu horário de exibição alterado constantemente.

A Record News, emissora inaugurada em 27 de setembro de 2007 e que substituiu a Rede Mulher no canal 42 UHF (SP) e primeiro canal aberto de jornalismo em tempo integral, já não faz jus ao slogan: o "jornalismo 24 horas de plantão" vendeu horários da grade para programas independentes e até para a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus). A mais recente investida, o portal R7, foi anunciada com alarde. No entanto, a "inovação" não passou (novamente) de imitação da Globo.

A subida assustadora da Record na segunda metade da década parece ter arrefecido. Os formatos de teledramaturgia e do jornalismo (méras cópias da emissora líder)
mostram desgaste. É cada vez mais comum ver, em atrações de baixa qualidade, a busca pela audiência perdida nos investimentos milionários. O telespectador espera que a ambição por ibope não atrapalhe a qualidade que a emissora imprimiu em sua programação desde 2004.

domingo, 27 de setembro de 2009

Entrevista com Felipe Xavier

Após dez anos, o humorista Felipe Xavier retorna à rádio Jovem Pan com seu quadro "Chuchu Beleza". Nesta rápida entrevista, Xavier, que já passou pela rádio 89 FM (quando ainda era Rádio Rock) e compôs o trio Sobrinhos do Ataíde junto de Paulo Bonfá e Marco Bianchi, comenta alguns de seus projetos no rádio e na televisão.

Você estava na rádio Mix FM, ficou um tempo afastado e agora está na Jovem Pan. Como foi a volta?
É mais um desafio mesmo. Estava há oito anos e meio na Mix, fazia muito tempo. Surgiu essa oportunidade, esse convite, e mudei de rádio. Tirei o ano passado pra dar um tempo, assim. Morei nos Estados Unidos, voltei e fiz algumas coisas de cinema.

Como é fazer humor no rádio?

É um desafio diário, tem que escrever uma história por dia, tem que estar atento, pensar em tudo.

Além do "Doutor Pimpolho", você está com o quadro "Os Anjinhos". Como você cria seus personagens?

Eu presto atenção no cotidiano. Tem que estar ligado na molecada, ver o que eles estão achando engraçado.

Na Rede 21 (do Grupo Bandeirantes), você apresentava, com Xis e Paola Bragança, o Blog 21. Era pra ser um blog mesmo, mas acabou virando uma parada musical. O programa não deu certo?

É, ele dava certo, mas foi mudando, até que a TV acabou. Eu gostava de fazer aquele programa, sobretudo, eu gostava de fazer os meus quadros de humor dentro do programa, mas acabavam aparecendo poucos dentro do programa novo.

Pretende voltar à TV? Em algum programa tradicional de humor?
Pretendo. Acho que o meu humor tem espaço na TV. Ainda acredito que um dia vá rolar. Não penso nesses programas, não é o meu objetivo. Meu humor não se encaixaria no A Praça é Nossa ou no Zorra Total.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

As razões do fracasso de "1 contra 100"

Recém-estreado no SBT, 1 contra 100 é um game show empolgante, em que um jogador precisa de raciocínio ligeiro para responder a perguntas difíceis, além de eliminar outros cem competidores, e faturar R$ 1 milhão. No entanto, as duas primeiras semanas obtiveram índices insatisfatórios de audiência. A culpa pelo fracasso está no horário de exibição e na desenvoltura do apresentador, Roberto Justus.

1 contra 100 passa às 22h30 das quartas-feiras, após a novela Vende-se um Véu de Noiva, que apresenta péssimos índices no Ibope. No horário, a Globo transmite o Campeonato Brasileiro; a Record, o reality show musical Ídolos, ambos com público cativo. Tais adversidades prejudicaram a estreia do SBT. A novela não consegue trazer a audiência das outras emissoras. O game show amargou o quarto lugar nesta quarta-feira (dia 23), perdendo até para a Band, que transmitia a mesma partida da Globo.

Além da concorrência no horário, a própria emissora errou ao entregar 1 contra 100 a Roberto Justus. O SBT anunciara com intensidade a nova contratação, tirada da rival direta, a Record. Seriedade e contundência, características do empresário em O Aprendiz – reality show em que atuou durante seis anos na antiga emissora – destoam da tentativa frustrada de virar animador de TV. Falta para Justus o fundamental para todo animador: talento.

A falsa impressão de bom apresentador que Justus imprime não convence os telespectadores. Mostra-se, pois, inútil a estratégia da emissora de exibir a atração quase simultaneamente ao “Show do Intervalo”, da Globo, já que a esperada migração do público do futebol não acontece. O SBT, tradicional no ramo de entretenimento e dos programas de auditório, possui animadores experientes para substituir Justus: de Celso Portiolli, apresentador do Domingo Legal, ao mestre Silvio Santos, que já fez seis milionários em diversas atrações.

Justus encobriu a tão prometida "versatilidade" logo na estreia. O game show de sucesso em mais de 30 países ainda não encontrou seu ritmo no Brasil, fato no mínimo espantoso, pois programas similares, que transformam pessoas comuns em milionárias, aparecem constantemente nas principais emissoras. Enquanto continuar sendo exibido junto do fiasco Vende-se um Véu de Noiva e apresentado pelo incipiente animador Roberto Justus, a falta de cadência perdurará nas próximas edições de 1 contra 100.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pânico da concorrência

Com seis anos de RedeTV!, o Pânico na TV chegou, recentemente, à liderança no Ibope na disputada guerra pela audiência os domingos. O último programa (dia 20) venceu a Rede Globo (15,4 X 13,9) entre 23h09 e 23h21. Para tentar desvendar o sucesso do humorístico, o Letras Escapadas conversou com alguns integrantes nesta segunda-feira (dia 22), durante o lançamento do livro Ninguém Faz Sucesso Sozinho, de A. A. A. de Carvalho, o Tuta, dono da rádio Jovem Pan.

O Pânico começou em 1993, na Jovem Pan. Segundo Marcos Chiesa, o Bola, que entrou para a equipe pouco tempo após a estreia, a direção da rádio jamais deixou de apoiar o humorístico. "O Pânico tinha três meses quando eu entrei. O Tuta aprova o programa, sempre gostou, nunca tivemos problemas com ele."

Atualmente na Rede Record, Carlos Alberto da Silva, o Mendigo, guarda boas recordações do início da carreira na rádio. "Comecei na Jovem Pan em 1994, como office-boy, e entrei no Pânico em 1999. Eles [o Tuta e seu filho, Tutinha, idealizador do Pânico] sempre apostaram muito no humor, sempre deram espaço pra gente fazer humor".

Além de ter conquistado a fidelidade da audiência na rádio, o Pânico mantém um público ativo na TV, estabilizando os índices de audiência, mesmo com a concorrência das outras emissoras. "[O Pânico na TV] criou um público novo. Tinha gente que não conhecia [o programa da rádio]", acrescenta Bola.

Emílio Surita, único integrante desde a estreia na rádio, acredita que a vitória obtida no último domingo não foi apenas por mérito do programa. “Não foi muito bem, sempre dá essa audiência, é a Globo que está mal. A Globo está com uma audiência baixa e a gente ficou em primeiro lugar."

Por um instante, o sucesso do Pânico pareceu estar ameaçado. No final de 2007, a Rede Record contratou Mendigo e Gluglu (personagem de Vinícius Vieira) para integrar a equipe do Show do Tom. SBT e até a Globo já tentaram tirar o programa da RedeTV!. “O Pânico inovou o humor no Brasil e as outras vieram atrás. Não é copiar, cada um tem um jeito de fazer", opina Carlinhos. Bola espera não haver mais nenhum desfalque no elenco, e, caso tenha, "que não atrapalhe".

Não é à toa que as manchetes da seção de TV de jornais e sites anunciam prováveis saídas dos humoristas do Pânico para outros programas. A Record, que recém-contratou Marcos Mion (ex-MTV), sondou integrantes de diversos humorísticos, inclusive do Pânico, para um projeto jovem. “Estão divulgando que a Record vai ter um programa de humor no ano que vem. Não sei, vamos esperar pra ver”, antecipa Carlinhos.

Na guerra inescrupulosa pela audiência aos domingos, é natural que as emissoras adversárias demonstrem o público fiel do Pânico. No entanto, o programa renovou o contrato com a RedeTV! até 2012, a garantia de, pelo menos, mais três anos de humor na RedeTV!. E de terror para a concorrência.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A piada-pronta de Stanislaw Ponte Preta nos tempos de ditadura

Quem pensa que a ditadura militar (1964-1985) conseguiu calar todas as críticas contra o regime está enganado. Sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, o jornalista Sérgio Porto (1923–1968) abusou do humor ácido para comentar o Brasil da primeira metade dos anos 1960 nas crônicas de Febeapá 1 – 1º Festival de Besteira que Assola o País (1966).

O primeiro livro da trilogia (Febeapá 2 e 3 foram lançados em 1967 e 1968, respectivamente) contém textos publicados no jornal carioca Última Hora. As cinquenta crônicas são divididas em duas partes.

Na "I parte", os envolvidos são, em sua maioria, generais, coronéis e agentes do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), como uma crítica ao desastrado regime militar que se iniciava no país. No livro A crônica, Jorge de Sá comenta que, apesar da aparente simplicidade, a crônica "só pode ser valorizada quando a lemos criticamente".

Na "II parte", o brasileiro entra em cena, em especial seus conterrâneos fluminenses. Algumas histórias trazem protagonistas corrompendo a moralidade vigente. Em "O passeio do pastor", Stanislaw confunde o leitor até a última linha, quando apresenta o tal pastor que "pulara o muro sorrateiramente", "pareceu vislumbrar alguém do sexo oposto" e demorou "um tempo comprometedor" namorando. Tratava-se de um cão pastor alemão.

Em "Desastre de automóvel", o marido apanhou da mulher ciumenta após ter saído com a Mercedes sem dizer aonde iria. A tal Mercedes, o automóvel Mercedes-Benz, confirma o título: "Foi ou não foi um desastre de automóvel?", justifica Ponte Preta. Diz Jorge de Sá: "O que importa é o tom jocoso da expressão, que tanto pode ser uma gíria incorporada à fala pela consagração do uso, quanto um termo pouco usado, que causa em nós uma surpresa que soa de forma engraçada".

O próprio Stanislaw surpreendeu-se com a utilização de um de seus escritos em um livro pedagógico: "Sinceramente, eu não merecia tantas lantejoulas". Com razão. O duplo sentido e a ironia excessiva presentes em seus textos não seriam os mais eficazes para educar crianças. O escritor expõe a traição, a corrupção e a luxúria, situações cômicas se não fossem trágicas, com leveza e refinamento. Jorge de Sá salienta o papel da irreverência para entender os casos.


O tom desbocado e as comparações impensáveis de Ponte Preta acentua o humor das histórias de Febeapá 1. Ainda Jorge de Sá: "Numa linguagem moleque, rompe os padrões da norma culta e constrói uma linguagem nova, dinâmica e séria". O próprio Stanislaw considera que seu estilo literário faz dele "um escritor de importância transcendental".


Stanislaw Ponte Preta consegue, com ironia e a graça carioca de contar histórias, traçar um perfil da sociedade brasileira dos anos 1960, quando uma ditadura militar se instaurava. O apanhado de sátiras do cotidiano envolvendo pessoas comuns, a alta sociedade, a polícia e a política é muito semelhante às histórias que José Simão escreve em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo desde 1987. As "besteiras que assolam o país", expostas por Stanislaw, com Febeapá, e por seus seguidores, garantem o título de "país da piada-pronta" ao Brasil.

domingo, 13 de setembro de 2009

A trajetória corintiana por Celso Unzelte

No último sábado (dia 12), o jornalista e professor da Faculdade Cásper Líbero, Celso Unzelte, contou a história de seu time do coração no Museu do Futebol (SP). A apresentação "Corinthians 100 anos em 10 décadas" reuniu imagens raras, registros históricos e momentos marcantes da trajetória do "clube mais brasileiro".

Sempre descontraído, Unzelte já começou criticando a camisa azul (ou verde) do membro do MemoFut (Grupo de Literatura e Memória do Futebol) José Renato Santiago, que passaria os slides da apresentação. "Para você é azul. Para os corintianos é?" E a plateia gritou: "Verde!" Após conferir a majoritária presença de torcedores alvinegros no auditório, sentiu-se mais à vontade para exibir a relíquia: uma camisa 10, de 1975, usada por Basílio e autografada pelos jogadores na época.

O jornalista contou com o apoio da esposa Patrícia para organizar os slides. Segundo ele, o trabalho "durou a semana inteira". A apresentação foi dividida por décadas. Os anos 10 vieram ao som de "Odeon", canção composta em 1910 por Ernesto Nazareth. Fato que, para Unzelte, foi o segundo mais importante daquele ano (o primeiro, obviamente, a fundação do Corinthians, em 1º de setembro). Os corintianos presentes também puderam ver a fotografia mais antiga do clube, datada de 1913.

Nos anos 20, Unzelte trouxe o primeiro hino do time alvinegro, de 1929. Para cantar junto, chamou seu filho, Daniel, e brincou: "Até criança de 5 anos sabe esse hino! Escolhi uma criança aleatoriamente aqui. Você é Rafael, né?"

A década de 30 foi também a do terceiro tricampeonato paulista conquistado pelo Corinthians, o que mereceu mais ataques bem-humorados de Celso Unzelte aos rivais. "O Santos tem dois tricampeonatos paulistas. O Palmeiras, na época Palestra Itália, tem um. O São Paulo nunca foi tri paulista. Chato! Paulista. Ia colocar 'Nunca foi tri', mas ficaria pesado demais!"

Unzelte recordou Teleco (1913-2000), o terceiro maior artilheiro da história do clube. "Meu pai era são-paulino. Mau avô o levou para ver um Corinthians X São Paulo. O Corinthians ganhou. Na hora de ir embora, meu pai falou: 'Meu time é outro, o do Teleco'".

Para relembrar os anos 40, Celso Unzelte recorreu à mais antiga imagem em movimento do Corinthians. Ele, no entanto, preferiu vê-la rapidamente, pois se tratava de uma derrota para o Palmeiras por 3 a 1, em 1947. No YouTube, há um revés de 1948 (vídeos abaixo), desta vez para o Santos (3 X 2). A primeira vitória filmada (6 a 1 contra o Bologna, da Itália) está em restauração e deve ficar pronta em 2010. "Precisamos mesmo restaurar, porque a gente ganhou, por enquanto a gente está só perdendo!", reclama, sempre bem-humorado.













Nos anos 50, o Corinthians faturou o título do IV Centenário de São Paulo em cima do Palmeiras. Os números do ataque alvinegro impressionavam: 103 gols em 28 jogos. O jornalista comentou: "Depois que o Pelé apareceu, esse negócio dos 100 gols avacalhou. Até aqui jogavam pessoas normais".

"Anos 60. Vamos falar rapidinho?", brincou Unzelte, já que, nesta década, o Corinthians não levou nenhum título paulista, apesar de ter conquistado outros campeonatos. Também explicou a origem do apelido "Timão", desmentindo o boato de que seria uma alusão ao timão usado nos barcos. O jornal A Gazeta Esportiva passou a chamar o clube de "Timão", pois o presidente na ocasião, Wadih Helu, havia investido pesado na contratação de craques como Garrincha.

As décadas de 70 e 80 trazem ótimas recordações aos corintianos. A invasão do Maracanã, em 1976, levou o time à final do Campeonato Brasileiro. Em 1977, após 22 anos, 8 meses e 7 dias, o jejum de títulos paulistas terminava. Entre 1981 e 1985, tornou-se conhecida a Democracia Corinthiana, protagonizada por Sócrates, ídolo reverenciado por Celso Unzelte na apresentação.

Os anos 90 e 00 foram de muitos títulos ao Corinthians. O principal da história do clube, o Mundial da Fifa, provoca discussões inclusive entre os corintianos. Celso rebateu as provocações: "A legitimidade é perfeitamente discutível, mas discutir a legalidade desse título é burrice". O jornalista encerrou a apresentação com o hino corintiano. Em holandês: "Não vou tocar esse hino [em português], todo mundo conhece".

Ainda faltava a resposta para o seguinte enigma: por que o corintiano é tão fiel? Celso Unzelte responde: "Não vou dizer que nas outras torcidas não existam pessoas que amem seus clubes como o corintiano. A diferença é que há uma quantidade maior de xiitas no Corinthians". A comprovação veio ao final da apresentação, com os corintianos pedindo fotos e autógrafos ao jornalista tão fanático quanto à fiel torcida.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Rumo à África do Sul

Com a vitória sobre a arquirrival Argentina por 3 a 1 no último sábado, o Brasil assegurou sua vaga na próxima Copa do Mundo de Futebol, em 2010, na África do Sul, mantendo-se como único país a disputar todos os Mundiais. No jogo da festa, 4 a 2 contra o Chile, na última quarta-feira. Com a classificação, Dunga cala quem questionou sua performance como técnico da seleção.

Mesmo este blog não acreditava no capitão do Tetra comandando o time cinco vezes campeão do mundo. O desempenho da seleção no início realmente desagradou, como o antigo Letras Escapadas mostrou em três artigos: " Exército de um homem só?", "Apatia canarinha" e "Redenção passageira de Dunga".

O ano de 2008 foi ruim para a seleção. Além de desapontar os torcedores fluminenses com apresentações vergonhosas contra Bolívia e Colômbia, não trouxe o inédito ouro olímpico de Pequim. Vaias e o segundo lugar nas eliminatórias contestado em virtude do péssimo futebol.

O prenúncio da redenção aconteceu nas vitórias nos amistosos contra Itália e Portugal. Ao sagrar-se bicampeão da Copa das Confederações, a seleção deu a volta por cima: além de eliminar a Squadra Azzurra, suou para derrotar, de virada, os EUA, gerando um movimento no Twitter que calou o ator Ashton Kutcher.

Os atuais resultados denotam uma melhora de entrosamento da seleção brasileira. Dunga conquistou mais liberdade para mesclar jogadores tradicionais e grandes promessas, com a convocação do ex-corintiano André Santos, do são-paulino Miranda e dos palmeirenses Cleiton Xavier e Diego Souza. O artilheiro das eliminatórias, Luís Fabiano, tem grandes chances de ir à África do Sul.

Paulatinamente, Dunga demonstrou não se importar com as críticas da torcida e da imprensa. A desconfiança em relação a estreia do ex-jogador como técnico parece ter arrefecido. A seleção conseguiu ter o respaldo dos brasileiros, e, aliada à liderança no ranking da FIFA, a segurança para declarar-se favorito ao hexacampeonato mundial.