sábado, 29 de maio de 2010

Novo "velho" domingo

Após a agitação do mercado da TV em 2009, as estratégias saturaram. Nem um ano se passou da ida de Gugu à Record e Eliana ao SBT, mas as maiores apostas das respectivas emissoras não vingaram. Tanto que um programa foi transformado em quadro de Eliana, e Gugu quebrou uma cláusula de contrato para trocar de horário. Agora, os dois se enfrentarão em mais um capítulo da acirrada disputa por audiência aos domingos.

Eliana chegou ao SBT impressionando, com picos de 15, 16 pontos no Ibope. No entanto, o programa esfriou, especialmente após os "melhores momentos" exibidos durante as férias (Eliana estreou somente em 30 de agosto, tempo relativamente curto até dezembro). Atualmente, obtém derrotas sucessivas para Ana Hickmann e seu Tudo é Possível, na Record. Para dar fôlego à audiência da atração do SBT, o programa Romance no Escuro, uma das estreias anunciadas para 2010, foi editado e transformado em quadro de Eliana, assim como o Troca de Família foi incorporado ao Tudo é Possível.

Com Gugu, a decepção é maior. O mais alto salário da TV (R$ 3 milhões mensais) perde semanalmente para Silvio Santos, do SBT, e o Pânico na TV, da RedeTV!, amargando o quarto lugar na audiência. A mudança de horário, anunciada nesta semana pela Record, parece ser bem-vinda, embora uma cláusula do contrato - de que o Programa do Gugu deveria ser exibido após às 20 horas - tivesse de ser quebrada. A Record precisa alavancar o ibope de Gugu para compensar o dinheiro pago para tirá-lo do SBT. A medida, desta vez, é transmitir o Programa do Gugu às 16 horas, antecedendo o Domingo Espetacular, uma das maiores audiências da Record no dia.

Os dois apresentadores se enfrentarão a partir deste domingo. O Programa do Gugu leva vantagem por ser ao vivo e se mantiver o game entre loiras e morenas, que é perfeito para o horário da tarde, mas já mostrou ineficácia à noite. Porém, apesar das mudanças realizadas por Record e SBT, Eliana e Gugu demonstram saturação, principalmente pelo "sangue novo" que o Pânico na TV trouxe aos domingos.

sábado, 15 de maio de 2010

Virada otaku

Parecia trio elétrico, mas em cima do carro de som não havia Ivete Sangalo nem Claudia Leitte. Veronica, vocalista da banda J~Squad, ao lado dos demais integrantes, cantou músicas-tema de animes (animações japonesas) e agitou a Parada Cosplay, no início da Virada Cultural 2010, na noite deste sábado. É a primeira vez que a cultura pop japonesa tem espaço no evento, que acontece desde 2005.

Os otakus, como são conhecidos os fanáticos pela cultura pop japonesa, seguiram o carro de som pelo centro de São Paulo. A reunião começou por volta das 18h30, na praça João Mendes. Em seguida, vieram cantando músicas das animações nipônicas. Os cosplayers, que se vestem como seus personagens de anime favoritos, viraram alvo dos fotógrafos e dos frequentadores da Virada.

Por volta das 19h, o carro parou na praça do Patriarca, e os fãs puderam tomar fôlego para cantar suas anime songs preferidas. Os cantores driblaram o frio com as músicas e a animação do público. A apresentação ficou prejudicada pelas falhas do playback (alguém riscou o CD do show!).

Às 20 horas, os otakus se reuniram com outros nerds na praça Roosevelt, no encontro denominado Dimensão Nerd. Um palco já estava montado para Veronica, Eduardo Costa e os demais integrantes da J~Squad entoarem as músicas preferidas da animada plateia. No meio do show, as bandanas de Naruto dividiram espaço com sabres de luz, e os Cavaleiros do Zodíaco se encontraram com os Cavaleiros Jedi. Fãs de anime e de Star Wars se encontraram e, por um instante, a apresentação da J~Squad foi ofuscada pela presença de Darth Vader.

A Parada Cosplay foi um aquecimento para dois eventos que acontecerão em breve: a
CosplayCon, nos dias 22 e 23 de maio, e o Anime Friends, em julho. Porém, a expectativa fica para que a cultura pop japonesa continue na próxima Virada Cultural.

sábado, 8 de maio de 2010

O crítico polêmico

Por Raphael Scire e Paulo Pacheco

Por quase dez anos, Daniel Castro assinou a coluna Outro Canal, da Folha de S.Paulo. Em julho de 2009, porém, ele trocou o jornal para assumir um blog no portal R7, da Rede Record. "A proposta financeira daqui era melhor", conta. Além do salário mais alto, Castro também foi convidado a dirigir um talk show, ainda em projeto, que seria comandado pelo apresentador Augusto Liberato.

Polêmico, ele aponta o reality show Big Brother Brasil como o melhor programa da televisão brasileira. "É uma visão técnica. Eu acho o programa mais difícil de fazer e o mais bem-feito", opina. Além disso, Castro também foi protagonista de inúmeros desentendimentos na internet – o novelista Aguinaldo Silva escreveu em seu blog que ele era um jornalista com "j minúsculo". Mas ele encara essas desavenças com muito bom humor. Em entrevista exclusiva, ele fala de sua carreira, jornalismo televisivo e de sua saída do jornal paulistano.

Quando você começou no jornalismo, você pensava em fazer crítica televisiva?
Nunca.

E como você caiu nessa área?
Por acaso. Entrei na Folha em 1991. Primeiro eu comecei em jornal de bairro, fiz por uns três anos, e foi uma escola para mim. Eu fazia simultaneamente com a faculdade de jornalismo, que na verdade eu não fazia [direito]. Eu entrei na Folha como diagramador, mas não queria ser diagramador,
queria ser repórter. Logo que entrei, reativaram o trainee, fiz todo o processo de seleção e passei: era trainee das 9h às 18h e diagramador das 18h às 2h, durante uns dois meses. Passaram-se mais dois meses e comecei a trabalhar como repórter de suplementos de móveis, empregos, durante quase um ano. No meio da ECO-92, fui repórter do caderno "Cotidiano". Lá, eu deslanchei como repórter. Aí, um dia, teve uma reformulação do caderno de TV da Folha – isso foi em meados de 1996. Um cara que tinha trabalhado comigo no "Cotidiano" virou editor do "TV Folha" e me convidou. Eu falei: "Cara, eu nem assisto à televisão", mas ele rebateu: "Eu não quero alguém viciado, que gosta de televisão. Eu quero um repórter como você, com o seu perfil". Foi aí, nunca tinha pensado, eu tinha entrado na faculdade de jornalismo e queria ser repórter de política, trabalhar em Brasília.

Como você avalia o jornalismo sobre televisão no Brasil?
Acho que ele evoluiu muito nos últimos anos, mas ai
nda está muito aquém de outras áreas do jornalismo, como o político e o econômico. É um jornalismo que tem a característica de ser muito acrítico, que ainda carrega aquela carga que ele traz da fofoca. O jornalismo de televisão sempre esteve associado à fofoca, ao Nelson Rubens, e ele não perdeu isso: ainda tem esse ranço, tem esse texto, tem a preguiça da apuração, não é um jornalismo tão rigoroso como o que se pratica em outras áreas. É lógico que isso varia de veículo para veículo. Na Folha de S.Paulo, no Estadão e na Veja existe um padrão que acompanha o resto do jornal, mas mesmo nesses veículos ele é a área de lazer do jornalismo.

O jornalismo sobre televisão não investiga a televisão. Ele se contenta com muito pouco. O jornalista, os editores e os repórteres que cobrem essa área vão à entrevista coletiva, ouvem o que a emissora quer falar, o que os artistas têm a dizer, compõem o material e vão embora. Falta empenho para fazer outras pautas, investigar outras áreas. Tem tanta coisa nos bastidores da televisão que ninguém vai atrás.

Por que falta investir nessa área?

Porque os veículos não esperam dessa área uma abordagem mais crítica e os jornalistas que cobrem essa área, geralmente, são muito novinhos, muito fãs. Eu já vi jornalista pedir autógrafo para ator, achei uma coisa inconcebível. Lógico, eles são cidadãos, tem todo o direito de ter os ídolos dele,
mas pedir autógrafo em uma coletiva é inaceitável. A maioria dos jornalistas que cobrem essa área peca pelo excesso de idolatria. É o cara que é fanático por seriado, assiste a todos os seriados e entende muito daquilo, mas não tem uma postura mais crítica.

Já que você está falando de profissionais, quem você destacaria na área do jornalismo sobre televisão?
Eu gostava muito do trabalho de um cara que já não está mais nessa área, que é o Ricardo Valadares, da Veja. Dos colu
nistas atuais que estão nos três grandes veículos – Veja, Folha de S.Paulo e Estadão – não vejo muito. Um cara que está despontando, que tem futuro nessa área, é o Leandro Nomura [atualmente faz parte da coluna da Mônica Bergamo, na Folha]. Ele tem aquela pegada de celebridades, mas de vez em quando ele vai atrás de uma pauta mais interessante, procura um novo viés.

A TV no Brasil é vista como uma coisa menor, alienante. Isso interfere na cobertura jornalística que trata dela?
Interfere e esse é o equívoco. Não que a TV seja alienante, o que é alienante é o ensino que a gente tem, é o analfabetismo real e funcional. Isso sim é alienante. Temos uma TV de muito boa qualidade, um padrão muito bom, muito alto, e a imprensa e a elite, de uma forma geral, desprezam a televisão porque é um veículo de massa, o maior que existe.

Mas a elite faz uso da TV também, porque para se manter como uma elite ela precisa da televisão, que é o maior meio de comunicação do Brasil...
Essa é a pequena elite; a elite que comanda te
m outra visão. A elite cultural, principalmente, vê a televisão com preconceito: ela reconhece a televisão como a principal indústria cultural, não só do Brasil como de outros países.

Na TV aberta atual, quais os programas que você destaca?
O melhor programa, hoje, é o Big Brother Brasil. Não que ele acrescente algo à vida das pessoas, eu não vejo a televisão como u
m produto que tem que educar. A televisão, principalmente em alguns produtos dela, é meramente entretenimento, e o Big Brother, embora muita gente não reconheça, é isso: entretenimento muito bem feito. O que eu valorizo no Big Brother é que ele é muito difícil de ser feito. A chance de você juntar 16 pessoas em uma casa e não dar em nada é muito grande. A Globo e o Boninho conseguem fazer isso de uma forma que vire uma "novela da vida real", mas não é real. É um reality show com muito pouco de "reality"; reais são os personagens. Mas mesmo quem está lá dentro cria personagens de si mesmo. É uma visão técnica. Eu acho o programa o mais difícil de fazer e o mais bem-feito.

Big Brother é o melhor. E o pior?
Se eu falar Programa do Ratinho vou ser tão clichê... Eu já fiz reportagens desmascarando o Ratinho quando eu estava na Folha. O Ratinho sempre foi associado à baixaria, mas depois que eu passei a conhecer mais televisão, antes mesmo de trabalhar com ela, passei a reconhecer o Ratinho como um comunicador popular, assim como o Silvio Santos é um grande comunicador, assim como o Chacrinha foi. Ele sabe falar de maneira cômica, fazer aquele circo muito bem feito. Eu precisava ver as grades das emis
soras para pensar em um programa ruim, mas tem. A novela do SBT Uma Rosa com Amor, por exemplo, tem problemas técnicos. Tem ritmo industrial de uma fábrica chinesa.

O que o motivou a sair da Folha e assumir o blog no R7?
A proposta financeira do R7 era melhor. E também o desafio. Foi uma coisa que ainda não aconteceu, porque o que me trouxe para cá foi o convite para dirigir um talk show a ser apresentado pelo Gugu. Esse projeto
ainda não aconteceu, está adormecido.

Na época da sua saída, sua coluna bombardeava os índices da Record, da Record News, das novelas. É coincidência a Record ter lhe chamado? Foi para tirar você da Folha, para brecar suas críticas?

Eu não sou romântico de achar que a Record queria minha mão de obra. Até quis que assim fosse, mas a intenção deles não era para que eu dirigisse um programa, era para o R7, porque o R7 precisa de alguns jornalistas que tivessem credibilidade. Mesmo assim, eu não sou ingênuo de acreditar que vim para cá porque a Record me acha lindo e maravilhoso. Não é verdadeiro também dizer que eu atacava a Record, que eu tinha uma guerra pessoal com a emissora.

A minha coluna sempre foi crítica, sempre bateu em todas as emissoras. Ela batia muito na Globo, desde 2000. Eu já tive fases ali em que eu batia em todas as TVs e tive uma fase também em que a Record teve uma imagem muito positiva na minha coluna. Em 2006, eu fui ao Troféu Imprensa e o Silvio Santos reclamou no ar: "Pô, Daniel, você é evangélico? Porque você só fala bem dos bispos da Record, você devia ir lá em casa, frequentar a mesma igreja das minhas filhas". Ele fez essa piadinha e isso foi ao ar.

O que aconteceu com a Record foi o seguinte: em dezembro de 2007, a Elvira Lobato, repórter da Folha, fez uma reportagem sobre os 30 anos da Igreja Universal, falando do império empresarial que a igreja construiu, e isso gerou uma série de ações contra a Folha e a repórter. Fiéis da igreja entraram com mais de uma centena de ações e isso aproximou a Globo da Folha. Em meados de 2008, em agosto, fui almoçar com o Octavio Florisbal, diretor-geral da TV Globo, e ele só reclamou da minha cobertura, que eu só batia na Globo e ela defendendo a Folha contra a Igreja. Isso aproximou muito os Frias dos Marinho e chegou a um ponto ali em que a direção da Folha me disse: "Não tem como ignorar o apoio que a Globo está dando". Não houve uma coisa declarada, "Faça isso, bata na Record”, mas eu entendi a mensagem assim: "Pare de bater na Globo e passe a bater na Record". Virei a artilharia: era uma coisa equilibrada, batia nas duas. A Record cresceu, chegou a um ponto, parou de crescer, começou a apanhar, começou a ter um noticiário crítico para ela, um noticiário negativo. A Globo tinha épocas que estava desesperada pelo crescimento da Record, eu percebia isso, minhas fontes falavam isso, e eram fontes quentes, não tinha como não registrar. Eu podia, eu tinha essa liberdade.

Desde que você saiu da coluna na Folha, ela está um pouco defasada. Por ela, já passaram duas colunistas, Silvia Corrêa e Andréa Michael, a atual, e, nesse meio tempo, uma série de interinos. Acha que seu nome dava peso à coluna? Porque não acharam substitutos.

Não sei se é o nome, mas dava outra dimensão para ela. Não sei, acho que talvez o problema da Silvia, pelo que me relataram, é que ela não aguentou a pressão, embora o jornal não tenha essa pressão por audiência. Não sei que cobrança ela estava sofrendo.

Você chegou a indicar algum nome na hora em que saiu de lá?

Daniel Bergamasco, mas ele não quis. Agora ele é editor-adjunto de "Cotidiano". O Daniel era "meu fã". Quando ele estava na faculdade, na UNESP, teve um dia em que ele foi conhecer a Folha, me conhecer pessoalmente e eu mostrei a redação para ele. Eu o acho um repórter excelente. Ele entrou lá como assistente da Bergamo, só que quando ele foi para Nova Iorque, ganhou uma outra projeção, ganhou moral no jornal, fez um trabalho muito bom como correspondente e soube usar isso na hora em que o jornal falou para ele fazer a coluna. Ele respondeu dizendo: "Não, não vou fazer porque eu não quero. Quero ter outras ambições. Gosto de televisão como telespectador, como leitor de televisão, mas não quero cobrir isso porque acho muito rotineiro, muito a mesma coisa". Ele achava que era uma coisa que cansava. Eram sempre as mesmas fontes, sempre as mesmas pautas, eu já estava no limite ali, saí na hora certa.

Você tem mais liberdade no blog? Procura o que quer, os canais que quer?

Em relação à Folha, eu tenho a liberdade de escrever e botar no ar. Também nunca me mandaram tirar nada e nem poderia, mas nunca tive uma crise por causa disso. Na Folha, cada linha era lida por um ser da direção. Talvez tenha sido isso que tenha feito a Silvia Corrêa sair. O começo é muito difícil, imagino que a Andréa Michael não esteja agradando quem acompanha ela no trabalho, mas daqui a seis meses, um ano...

Você acompanha os comentários?

Agora, o R7 está contratando estagiários para fazer isso, mas eu libero todos.

Você acompanha outros blogs do R7? Da Fabíola Reipert, por exemplo?

Alguma coisa, sim. Do R7, eu sou mais leitor da Rosana Hermann, de quem eu já era, e do André Forastieri. Do Pedro Tourinho, eu entrei em seu blog no 1º, no 2º dia, sempre vejo alguma coisa. O da Fabíola eu acompanho sistematicamente, até para ver o que ela está escrevendo. Eu a acho muito divertida, mas é outra linha. Ela é o expoente daquilo que eu critiquei no começo: é mais a fofoca.

Você já protagonizou desentendimentos com Aguinaldo Silva e com a Daniela Albuquerque.

Com o Aguinaldo, eu não entendi. O Aguinaldo ficou "puto" porque Duas Caras não foi uma novela muito bem resolvida: teve várias notas que provavelmente ele não gostou, mas ele nunca manifestou isso. Até quando eu vim para o R7, a gente chegou a trocar e-mails, ele me passou algumas informações, mas já não era mais aquela prioridade que tinha quando estava na Folha. Mesmo estando na Folha, com Cinquentinha ele priorizou outros colunistas. O Flávio Ricco deitou e rolou em Cinquentinha e eu fiquei assim "ah tá, ok, eu mando um e-mail para o cara e ele me responde qualquer bosta". Quando estreou Cinquentinha, eu fiz uma crítica que ele não gostou. Eu falava que gostava e a crítica que eu fazia era a seguinte: ele debochava das próprias atrizes, tirando uma onda com as próprias biografias, com o próprio gênero, e não entendi por que ele não gostou disso. Talvez ele não tenha gostado que eu assisti à minissérie acompanhando pelo Twitter e registrei diferentes reações que eu captei no Twitter – e as pessoas no Twitter eram muito cruéis.

E a Daniela?

A Daniela é uma coitada, tenho dó dela. Ela não sabe escrever, não sabe falar. Se quiser ser jornalista, não pode ficar fazendo merchandising desse jeito."Eu faço programa de entretenimento", então esquece o jornalismo. São coisas incompatíveis. O que aconteceu foi o seguinte: no ano passado, no Carnaval, por ser mulher de um dos donos da RedeTV!, botaram ela para ficar ao lado do Nelson Rubens e, no último dia do Gala Gay, aparece uma "bicha" fantasiada com vários braços e ela fala: "Olha, a Medúsia!", e ela tenta corrigir, fica pior ainda. Eu nem vi isso. No dia seguinte, Quarta-feira de Cinzas, chego cedo no jornal e tenho e-mails de umas fontes que falaram "Ela falou isso, isso e isso". Eu peguei a fita, vi e falei "pô, sensacional isso" e fiz um texto falando que a RedeTV! cobre muito legal, é o lado B, faz muito bem isso, e era um texto até irônico, debochado e registrava isso, só que a Medúsia estava no título. Neste ano, na sexta-feira de Carnaval, eu estava vendo TV e estava no Twitter. Uns meninos que são SBTistas perguntaram "Poxa, cadê a Medúsia?" e eu respondi "Olha, a Medúsia deve estar de castigo por causa da bobagem que ela falou no ano passado". E a "Medúsia" tinha acabado de virar minha seguidora. Eu já a seguia há muito tempo e ela passou a me seguir porque a minha foto ainda estava no painel dela.

Você ainda a segue?

Sigo. Eu entro no Twitter dela, mas às vezes eu entro para ver o que ela está falando. Outro dia, ela escreveu para um amigo meu, mandou uma DM falando "não sei o quê, você é muito 'jatinho', mas eu gosto de você". Ela não sabe escrever. Agora estou analisando ela com mais afinco. Ontem saiu uma nota sensacional no Agora, falando que ela foi pilotando o helicóptero da casa dela para a RedeTV!. É sensacional. Tinha que ter uma investigação em cima disso. Ela fez isso mesmo: quem foi?, ela pode?, ela consegue? Ela faz um monte de coisa, o marido dela pilota – ele vai para Santa Catarina e para o Rio de helicóptero.

Você tem os números do seu blog, quantos acessos ele tem?

Em fevereiro, ele cresceu 30% em relação a janeiro e atingiu 1 milhão de pageviews.

Você acha que a web vai tomar conta da TV?

Acho que não. Aliás, mais de um teórico já escreveu sobre isso. As mídias não são substituídas, elas se complementam e se adaptam. A web, sim, vai obrigar a televisão a mudar. Ela mudou o jornalismo impresso, mas substituir, não. A TV vai mudar cada vez mais, por causa da web. Da web, tira os recursos de interatividade que, por ventura, venham a ter. A TV digital permite tanta coisa que as TVs não abrem justamente para não correrem esse risco. Mas, em tese, hoje seria possível você fazer um programa e toda a audiência interferir no roteiro dele em tempo real.

sábado, 1 de maio de 2010

Nietzsche é tema de novo livro do professor Mauro Araujo de Sousa

Livro de docente da Faculdade Cásper Líbero traz os principais conceitos do filósofo alemão

Professor Mauro Araujo e seu livro. Foto: Viviane Laubé

Nietzsche volta a ser tema de uma publicação do professor de filosofia da Faculdade Cásper Líbero, Mauro Araujo de Sousa. Assim como a anterior, Nietzsche Asceta, lançada em dezembro de 2009 (Ed. UNIJUÍ), Nietzsche: Viver intensamente, tornar-se o que se é, publicado pela Editora Paulus, teve seu lançamento na livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, no dia 27 de abril.

De acordo com o autor, a mais recente obra, escrita há dois anos durante as férias, distingue-se da anterior por ser mais condensada e por ter linguagem mais acessível. "Nietzsche Asceta é um livro mais denso, indicado para quem quer se aprofundar em alguns conceitos do filósofo com uma linguagem mais trabalhada. Recomendaria primeiro ler este e depois ler Nietzsche Asceta", declara.

Na livraria, ocorreu um bate-papo entre Mauro Araujo, o também professor de Filosofia da Cásper Líbero Francisco Nunes e o professor Rodrigo Fernandes. Logo no início do debate, o autor esclareceu a intenção da obra: "Já pensara no livro com este intuito, não de ser auto-ajuda, mas de competir com ela. Nada contra os de auto-ajuda, mas acredito que prometem demais e, ao invés de auxiliarem as pessoas, eles frustram-nas", afirma Araujo.

Fernandes lembra que o subtítulo da publicação nomeia um capítulo da autobiografia de Nietzsche, Ecce Homo. Segundo o autor, foi proposital. "Uma das intenções é também 'morar em sua própria casa', porque vivemos muito com modismos. Aliás, precisamos tomar cuidado "om os próprios escritos de Nietzsche para não virar moda, porque já virou, não é?", provoca. Mauro Araujo completa a explicação afirmando que "muitos de nós estamos sem teto, pois não somos autênticos".

Ele recomenda Nietzsche: Viver intensamente, tornar-se o que se é para pessoas que não se contentam em estagnar e pensam que todos os obstáculos que aparecem possam se transformar em estímulos fortalecedores. "E, como parte de Nietzsche, claro que é também um livro provocativo, polêmico", finaliza.

Esta reportagem foi originalmente publicada no site de Cultura Geral da Faculdade Cásper Líbero.