quarta-feira, 29 de julho de 2009

Por trás da restrição aos fretados em SP

Desde segunda-feira (dia 27), os ônibus fretados estão impedidos de circular nas principais vias de São Paulo. Avenidas como a Paulista e Brigadeiro Faria Lima fazem parte da ZMRF (Zona Máxima de Restrição de Fretamento), área de 70 km² dentro do centro expandido. A polêmica medida, que visa desafogar o trânsito da cidade, esconde a real intenção da Prefeitura e do Governo de São Paulo.

Os fretados paravam em qualquer ponto da via, prejudicando a fluidez do trânsito. Com a restrição, o embarque e desembarque nos ônibus convencionais torna-se mais ágil nas pistas, antes "disputadas" entre os transportes público e particular.

Pontos de parada exclusivos foram criados próximo a estações da CPTM e do Metrô e o Expresso Tiradentes (antigo Fura-Fila), como alternativa aos usuários dos fretados para continuar o percurso rumo ao trabalho. Denota-se, na implantação desses bolsões, a esperteza da Prefeitura e do Governo de São Paulo de aumentar a arrecadação dos transportes públicos. Mais trabalhadores pagarão a tarifa de R$ 2,30 nos ônibus e R$ 2,55 nos trens.

O erro está na falta de planejamento: o "Expansão SP", grande trunfo midiático de José Serra, pré-candidato do PSDB à presidência da República em 2010, ainda está longe de ser concluído, o projeto de novas linhas continua no papel e só deve ser entregue na Copa do Mundo de 2014 de futebol. Apesar das novas estações, há sobrecarga de passageiros nas linhas existentes, principalmente quando estas se encontram, na Sé e no Paraíso. Com a restrição aos fretados, até estações novas, como a recém-inaugurada Santos-Imigrantes, tiveram sobrecarga de usuários.

Já a SPTrans, da Prefeitura, criou 11 linhas de ônibus especialmente para os passageiros dos fretados. Além de ocupar o espaço destes na via, os novos ônibus aumentam a arrecadação do sistema. Para ser "reeleito" em 2008, o prefeito Gilberto Kassab prometeu congelar a o preço da passagem em R$ 2,30 até 2009. A avaliação do transporte feita pelos usuários chegou ao valor mais baixo da década, 40%, segundo pesquisa da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).

A reportagem de 29 de junho feita pelos jornais Folha de S.Paulo e Agora revela as consequências da manutenção da tarifa – sem aumento desde novembro de 2006. A cidade ganhou passageiros e perdeu veículos, e a chegada dos usuários dos fretados piora o conforto de quem usa os já lotados ônibus para ir ao trabalho.

A restrição aos fretados pode ser bem-vinda para auxiliar na fluidez do trânsito. No entanto, a Prefeitura e do Governo de São Paulo almejam maior arrecadação dos transportes, criando linhas especiais de ônibus e bolsões de parada próximos ao Metrô. O que "ajudaria" os usuários dos veículos contratados esconde a verdadeira intenção da administração pública.

Nenhum comentário:

Postar um comentário