sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mário Lúcio de Freitas para todos os gostos

Jovem Guarda, novelas e desenhos animados compõem carreira versátil do artista

Mário Lúcio de Freitas é um nome pouco conhecido por grande parte do público. No entanto, basta citar alguns de seus trabalhos que a maioria o reconhecerá: Mário fez composições e arranjos para comerciais, novelas da Rede Globo e, principalmente, para aberturas de programas do SBT. Entre tantas músicas, uma é especial, exibida até hoje: a abertura da série Chaves.

Aos 60 anos, Mário possui uma longa carreira: aos quatro anos já era artista, trabalhando com a família como palhaço em diversos circos. Na "Caravana do Peru", conheceu Silvio Santos, o futuro dono da emissora para a qual o então palhaço comporia diversas músicas.

Não demorou muito para o pequeno Mário Lúcio atuar em programas de televisão, como Praça da Alegria, na TV Paulista (atual Rede Globo), e na famosa série Vigilante Rodoviário.

Simultaneamente, a carreira musical de Mário aflorava. Apesar de já ter cantado no circo, apenas na década de 1960 começou a tocar guitarra, com uma professora especial, a namorada de um grande amigo que, mais tarde, o destino os cruzaria de novo: Marcelo Gastaldi, o dublador do Chaves, também conhecido como “Maga”.

Embora tenha aprendido a tocar guitarra, Mário precisou ser contrabaixista do conjunto The Giannini's, que havia sido contratado pela Rede Record para aquecer a fila enquanto as portas do teatro não abriam para mais uma edição do programa Jovem Guarda. O acaso pregou mais uma peça: um contrabaixista da banda The Beatniks saíra do grupo, sendo substituído por aquele que estava tocando na rua, Mário Lúcio.

Na época, um relacionamento o fez amadurecer antes do tempo: tornou-se, aos 17 anos, pai de Júlio César, hoje com 42 anos.

Sua aptidão para a música o levou novamente para a TV, desta vez como apresentador e produtor musical. Na Cultura, ensinava a tocar violão no programa Violão pela TV. O destino o levou novamente para a Globo, produziu músicas para novelas como Vamp, Barriga de Aluguel, Rainha da Sucata e Meu Bem Meu Mal.

Em 1981, voltou trabalhar com Silvio Santos, desta vez pela TVS (atual SBT). Ali, reencontrou “Maga” e, juntos, contribuíram para o sucesso de uma série preterida pelos executivos da emissora, até pelo próprio Silvio: Chaves. Gastaldi emprestou sua voz ao protagonista, enquanto Freitas cuidou da parte musical. É dele a música de abertura do programa, em exibição desde 1993.

Os jovens conhecem Mário Lúcio pelo seu trabalho em dublagem. Após o fechamento de um estúdio em sociedade, Mário fundou sua própria dubladora. A Gota Mágica recebeu os desenhos animados mais venerados pelos jovens de hoje (crianças nos anos 1990): Os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Bananas de Pijamas e Ursinhos Carinhosos, entre outros títulos.

Nesses trabalhos, nota-se a participação da família de Mário Lúcio: a cantora Sarah Regina, de quem foi marido por 15 anos, cantou em diversas aberturas de desenhos e no CD de Os Cavaleiros do Zodíaco, lançado em 1995. Este disco também contou com a participação de Karina, Rodrigo e Felipe, filhos de Freitas.

No fim dos anos 1990, Freitas viveu seu “inferno astral” (fazendo um trocadilho com uma de suas composições para o álbum do desenho Os Cavaleiros do Zodíaco): seu casamento com Sarah Regina terminara e a Gota Mágica teve de ser fechada por motivos financeiros, embora tenha funcionado sem estúdio próprio até o começo da década seguinte. Mário encerrou as atividades de seu estúdio com a série de cujas músicas estão na boca do público. O SBT recebera novos episódios de Chaves, exibidos no programa Clube do Chaves. A Gota Mágica foi responsável pela versão brasileira.

Mário Lúcio, agora como diretor de dublagem, não pôde contar com seu fiel companheiro – Marcelo Gastaldi havia falecido em 1995. Para substituí-lo, chamou o ator Cassiano Ricardo, que recebeu duras críticas por tentar se passar pelo antigo dublador, venerado até hoje pelos fãs. Entretanto, segundo Freitas, qualquer voz seria vetada, já que a dublagem de “Maga” foi marcante.

Pai de cinco filhos e avô de quatro netos, Mário Lúcio de Freitas, hoje casado com a produtora Mary Hellen, participou da vida de gerações de crianças com suas músicas e dublagens de desenhos, e recebe o apoio da família: “Todos gostam muito do trabalho. Alguns ainda assistem, já viram muitas vezes”, declara.

Atualmente, Freitas colhe os louros de seu trabalho musical. É presença garantida em eventos sobre o seriado Chaves. Breve, pretende reunir sua trajetória em um livro, ainda sem previsão de lançamento. Mas será que seus quase 60 anos de carreira caberão em uma publicação?

4 comentários:

  1. Você falando de ícones relacionados ao SBT e ao Chaves?!?!?!?!!? Não acredito... novidade! Brincadeiras à parte, tenho que dizer que ninguém o faz melhor que você.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Eu mesmo não conhecia Mário Lúcio de Freitas, mas certamente os seus trabalhos. Não dá pra acreditar que um só indivíduo possa ter feito tanta coisa (entre elas, a antológica música de abertura do Chaves!!).

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    Um abraço

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