sábado, 19 de dezembro de 2009

Quatro erros do SBT em 2009

Continuando o balanço anual da programação do SBT, iniciado em 2008, segue o balanço de 2009. Aqui estão os erros deste ano:

Apelação em horário nobre: Uma estratégia de mestre recuperou a audiência noturna do SBT. Mas o espírito do "velho" SBT - que não tinha escrúpulos para aumentar o ibope - ainda resiste. Prova disso foi a exibição de Pegadinhas Picantes (foto ao lado) às 22 horas. Gravado no Leste Europeu, o programa, que estreou em 14 de setembro, causa risos pela nudez inesperada das atrizes. Mas a alegria esconde o desconforto em ver pornografia em horário inadequado - apesar de a classificação indicativa ser 14 anos. Já que o SBT gostaria de manter a boa audiência das séries das 21 horas com humor, poderia ter trazido de volta o Câmera Café - transmitido em 2007 antes e após os telejornais da emissora. Comédia bem feita e sem apelação.

Roberto Justus, o "animador": Foi precipitada a investida de Roberto Justus em um game show. O 1 contra 100 (foto ao lado), que estreou em 16 de setembro, é uma atração com a cara do SBT, emissora craque em programas de entretenimento. Todavia, ter deixado Justus, conhecido nacionalmente como o irredutível chefe de O Aprendiz - reality show apresentado por ele durante seis anos na Record -, no comando foi uma atitude infeliz. Sem menosprezar o talento de Justus, mas o público se assustou ao ver a mudança brusca de feição dele. Talvez isso tenha deixado transparecer a incipiente tentativa do apresentador em sair do estigma de mal-humorado. Um reality envolvendo o mundo empresarial, porém mais dinâmico - como promete o O Grande Desafio, que estreará em 2010 - deveria ter sido a estreia de Justus no SBT.

Desperdício de novelas:
Como se o fracasso de Revelação não tivesse bastado, o SBT insistiu no erro e escalou outra novela de Íris Abravanel para o horário das 22 horas. Vende-se um Véu de Noiva (foto ao lado) manteve um público fiel, mas não sai dos cinco pontos de audiência. Um dos motivos pode ter sido o excesso de externas, que deixou a novela "iluminada" demais, adequada para um folhetim exibido às 19 horas, mas não às 22 horas, fato que prejudicou a fotografia. Contudo, partindo para o campo estratégico, Vende-se um Véu de Noiva herdou um horário antes ocupado pelo boom de Pantanal. Após o término da trama da extinta Manchete, Revelação ficou sozinha no horário. E pior: pensando que alavancaria o ibope da novela de Íris, estreou a nova "arma secreta" da Manchete, Dona Beija (foto abaixo) - quando todos pensavam que seria A História de Ana Raio e Zé Trovão -, após Revelação, às 23 horas. Está certo que a história protagonizada por Maitê Proença dobrou a audiência no horário (de míseros dois pontos para quatro), fato que nada significava para quem esperava um sucesso semelhante ao de Pantanal. Na soma dos prejuízos, três novelas desperdiçadas: Dona Beija - exibida em horário ingrato -, A História de Ana Raio e Zé Trovão - que permanecerá na "geladeira" da emissora em virtude do fraco desempenho das reprises da Manchete -, e Véu de Noiva, texto de Janete Clair (1925-1983) - a maior novelista brasileira.

SBT Manhã, SBT Manhã e SBT Manhã: Não é ilusão. Quando o teles
pectador liga a TV às 4 horas, assiste ao Jornal do SBT Manhã (foto abaixo, de 2008). Às 5 horas, o mesmo jornal é reapresentado. Às 6 horas, surpresa: nova reprise. Deve-se ressaltar o fato de que "só" havia duas apresentações - às 5 e às 6 horas -, mas a partir de 9 de novembro resolveu-se reprisar novamente. Pode ser útil para quem estiver acordando, mas três horas com o mesmo noticiário dos outros telejornais do SBT e com a aparição dos âncoras gravada é um retrocesso para uma emissora que vem investindo pesadamente no jornalismo.

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