


Além de participar de gincanas temáticas que remetem ao seriado, como equilibrar uma vassoura no pé, os fãs terão a chance de conhecer os dubladores oficiais dos personagens do desenho animado do Chaves. Nomes confirmados: Gustavo Berriel (Nhonho), Beatriz Loureiro (Bruxa do 71), Duda Espinoza (Godines), Waldir Fiori (Jaiminho) e Aline Ghezzi (Paty). Também está programado um show da banda Netos de Dona Neves, com músicas do seriado.
A 2ª Convenção Jovem Ainda será o décimo evento organizado pelo fã-clube CHESPIRITO-Brasil desde sua criação, em 2002. O maior deles aconteceu em 24 de abril de 2010: o 2º Festival da Boa Vizinhança, que trouxe a São Paulo os atores originais do seriado Carlos Villagrán (Kiko) e Edgar Vivar (Senhor Barriga/Nhonho).
O seriado Chaves estreou no México em 1971 e foi vendido para mais de 80 países. No Brasil, é exibido pelo SBT há 26 anos e pelo canal pago Cartoon Network desde o dia 1º de novembro de 2010.
Serviço:
2ª Convenção Jovem Ainda
Data: 20 de novembro de 2010 (sábado), das 10h às 20h
Local: UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) – Campus Maracanã
Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524 – Maracanã – Rio de Janeiro (RJ)
Ingresso: R$ 7 + 1kg de alimento não-perecível (ou R$ 10)
Mais informações: http://sitedochaves.com/
Os fins sobrepujam os meios
A TV é, ainda, o meio mais eficaz de divulgação de uma marca, um produto ou uma ideia, por ainda ser o veículo mais democrático e mais acessível, já que quase todos os lares possuem televisores. Dessa forma, a AACD precisa da TV para divulgar seu nobre trabalho na recuperação de deficientes físicos.
Se não fosse a TV, e se a AACD não fosse lembrada ano a ano por causa do Teleton, aposto que a associação jamais conseguiria arrecadar R$ 23 milhões em duas noites. Muitas pessoas só lembram que a AACD existe uma vez por ano, porque assistem ao Teleton - por isso é fundamental levar as crianças deficientes ao palco, mostrar o tratamento dado a elas, enfim, divulgar o trabalho da AACD.
Muitas destas pessoas são fãs dos artistas que participam do Teleton. Por isso a presença desses artistas é importante. Eu diria que é um apelo midiático do bem. O Léo, da dupla Victor & Léo, falou bem sobre isso no sábado, que a causa de ajudar é maior e mais importante do que a presença dos artistas no palco (não foi com essas palavras). Mesmo que as pessoas contribuam somente porque os artistas pedem, pelo menos elas doam.
Sobre o apelo por ibope, o Teleton e o único "programa" que converte instantaneamente audiência em dinheiro. Cada doação de R$ 5 era uma pessoa assistindo (que pode ter doado mais vezes também). Programas de TV precisam de audiência para mostrar os altos índices do Ibope ao mercado publicitário e, assim, faturar. Contudo, no Teleton, a única instituição que "fatura" é a AACD, diferenciando-se, assim, do mencionado Programa do Gugu.
Acho muito válido ter uma opinião contundente sobre o Teleton, Daniel. Ainda mais nessa sociedade hipócrita, que liga para o Teleton e discrimina os deficientes físicos nos outros 364 dias do ano. Porém, não tratando o evento como um mero show sensacionalista. A TV, em sua característica fundamental, é show. Para chamar o público, o show é um dos meios mais eficazes. E o Teleton deve continuar assim, porque seu motivo é nobre.
Sabe aquela frase do pensador Maquiavel, "Os fins justificam os meios"? No Teleton, esta frase ganha novo sentido: "Os fins sobrepujam os meios".
Pelo menos para nós, fãs brasileiros, o dia 1º de novembro de 2010 é o Dia da Independência do SBT. Conhecemos El Chavo del 8 graças ao SBT, retribuimos com audiência, e essa relação se mantém há 26 anos.
Abaixo, a primeira exibição de Chaves pelo Cartoon Network:
É fácil demais torcer pelo time que está ganhando. Queremos ser vencedores, e imprimimos nossa vontade de triunfar, por exemplo, no futebol. Então, como explicar a existência de uma Nação formada por 30 milhões de apaixonados por um time que não conquistou títulos internacionais significativos nem possui estádio – por enquanto – digno? Uma pergunta tão complexa pode ser respondida com exemplos pessoais. Conto, pois, o meu.
Contrariando a lógica familiar, não herdei de meu pai o time do coração. Simplesmente porque ele não torcia – e ainda não torce – por time algum. E a aversão dele ao futebol contagiou-me durante sete anos. Minha memória inicia-se em 1993, quando decidi ser torcedor de um time por ano. Isso mesmo. Só que a memória para aí. Não me lembro quais os times escolhidos, exceto por uma lembrança: uma caneca, comprada em 1993, do Corinthians. Nesse ano, portanto, eu era corintiano. Ano em que o Corinthians não foi campeão – perdendo inclusive para seu arquirrival, Palmeiras. Por que torci por um time perdedor, então?
O ano de 1997 foi um divisor de águas. O Corinthians venceu o Campeonato Paulista às vésperas do meu aniversário de oito anos. Fui seduzido pela conquista, que acalmou um dos anos mais conturbados de minha vida. A partir do título paulista, tornei-me corintiano. Mas o azar pegou-me de surpresa: o segundo semestre do time foi catastrófico, correndo o risco de cair para a segunda divisão no Campeonato Brasileiro. No entanto, mantive minha fidelidade ao Corinthians. Por quê?
Fiel em 1998, quando Raí tirou o título paulista do Corinthians. Jogo que perdi. Tive que acompanhar minha mãe em uma busca inquietante pelo CD “Chiquititas
Em seguida, veio a época mais vitoriosa do clube. Quatro títulos, sendo dois nacionais e um mundial. Entreguei minha vida ao Corinthians, colecionando tudo (o que estava ao alcance do meu bolso infantil) sobre o clube. Camisas, jornais, pôsteres e revistas – a maioria destas, aliás, assinadas por quem viria a ser meu professor de Jornalismo, uma emocionante coincidência. Em 1999, era orgulho ser corintiano, mesmo tendo sido eliminado da Taça Libertadores pelo Palmeiras. E daí? Aquele timaço apaixonado sobrepujava qualquer gozação adversária.
O desafio final veio em 2000. Comemorei o Mundial embalado pelas conquistas do ano anterior. Contudo, a nuvem alvinegra que pairou sobre mim durante esse tempo tornou-se negra por completo. Uma de minhas maiores decepções como corintiano aconteceu em 6 de junho. Terça-feira. Véspera do meu aniversário de 11 anos. Semifinal da Taça Libertadores. Corinthians x Palmeiras. Após termos vencido com suor e raça o primeiro jogo por
O resultado: eliminação nos pênaltis. Após a cara incrédula, o desabafo. O choro incontido no quarto. A expectativa ruim para o dia seguinte, quando esperaria os colegas palmeirenses prontos para tirar sarro do único corintiano da sala. Eu já sofria bullying por outros motivos, desta vez por ser corintiano. E agora, o que faço? Troco de time? Desisto do futebol? Não. Bom, eu realmente me afastei do vício e ingressei na pré-adolescência. Mas o amor que eu acreditava ter sido suprimido pela dor da derrota, reaparecia a cada título posterior. Sem perceber, comemorei com incrível entusiasmo as conquistas no Campeonato Paulista, na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro. Resisti às lágrimas em 2007. Vibrei com a volta em 2008.
Tantas derrotas citei neste texto. Tantos motivos para desistir de ser corintiano. Mas corintiano não desiste. Porque ser corintiano é razão de existência. Quando menos se espera, corpo e alma estão amalgamados ao amor pelo Corinthians. Não vibro pela vitória. Não vibro pela derrota. Vibro pelo Corinthians, e agradeço por essa alma alvinegra ter dado a mim um motivo para sorrir – e chorar; enfim, para viver. Obrigado, Corinthians!
Por que A Sina do Aventureiro só saiu agora em DVD?
Foi lançado em 1958 no cinema e os padres proibiram. Tive que ir para o interior e, em cada sala onde ia passar, revertia uma parte dos lucros para a Igreja da cidade onde estava, para que não proibissem. Foi uma fita que trouxe muitos problemas para mim, mas, ao mesmo tempo, abriu um caminho grande, porque foi o primeiro CinemaScope - técnica que utiliza lentes anamórficas para gravar filmes widescreen - brasileiro. Sinto-me orgulhoso por ter essa ousadia, porque na época diziam que não era possível fazer isso no Brasil. E, daí em diante, abriu-se o caminho para todos os filmes de Mojica, e entrei naquilo de que mais gostava, que é o gênero terror.
Mas A Sina do Aventureiro não é de terror, é?
Não, é um bangue-bangue. Para a época era violento e o consideraram muito erótico. Hoje não tem mais isso.
O terror não assusta mais?
Não. Hoje o gênero para assustar é difícil, porque o terror natural é muito maior do que o de ficção. Você sai na rua e não sabe se volta para casa. Vivemos um momento terrível, principalmente eu, que tenho filhos e netos. Fico preocupado o tempo todo. Sempre há reclamações, coisas acontecendo perto de casa. Estamos vivendo tempos de violência que devem ser levados ao cinema. Se ninguém se preocupar com isso, ano que vem devo abordar esse tema no cinema, para ver se quem entrar na Presidência começa a levar por um caminho mais sério. E usar o cinema, que é uma comunicação geral, como um emissor, para que o povo, principalmente a juventude de hoje, saiba o rumo a seguir.
Quer dizer que, depois de Encarnação do Demônio, haverá mais um filme do Zé do Caixão?
Encarnação do Demônio faz parte de uma trilogia que só termina com Sete Ventres para um Demônio. Meu próximo filme, Corpo Seco, não tem nada com encarnação. É uma obra de terror que vou fazer em Pouso Alegre (MG), sobre uma lenda local.
Há previsão para estreia?
A de Corpo Seco só será em 2011, porque nesse ano vou trabalhar no lançamento de A Praga - de 1980 -, que só faltam dois minutos para fazer a apresentação e será lançado em outubro.
Em 2009 e 2010, fez o “Cinetério” no Cemitério da Cachoeirinha (zona norte de SP). Isso o senhor já faz há um tempo...
O “Cinetério” eu faço há uns 30 anos. Isso para mim é a coisa mais normal do mundo. Tanto ir, dormir numa tumba aberta, não tem problema. Ou mesmo ficar em uma câmara de cadáveres congelados, já fiz isso muitas vezes.
Quantos cemitérios já visitou?
Entre o Brasil e o exterior, acho que uns 400. É muito cemitério.
Há mais do que pessoas mortas ali?
Tem muita coisa. Mas é legal, porque ninguém fala mal de ninguém. É um lugar de paz.
Para evitar que o segundo jogo da semifinal da Libertadores coincidisse com a final da Copa do Brasil, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmembol), a pedido da Rede Globo, adiou a partida em um dia. Assim, a emissora carioca poderia transmitir os dois jogos decisivos, e a Band não exibiria com exclusividade Vitória x Santos. Foi o que aconteceu ontem.
A alteração da data do jogo entre São Paulo e Internacional parece ter sido ignorada ou esquecida pela Band, que marcou o primeiro debate entre candidatos à presidência na mesma noite. A primeira vez
Como se não bastasse, o local do debate – a sede da TV Bandeirantes – e o do jogo – o estádio Cícero Pompeu de Toledo – ficam no mesmo local, o bairro do Morumbi (zona oeste de SP) a poucos quilômetros de distância um do outro.
Estranha o fato de que a Band é conhecida pelos debates e pela cobertura esportiva. No entanto, optou por não mudar a data do debate, já que os candidatos – especialmente Dilma Rousseff – cancelou a ida a vários eventos semelhantes por problemas na agenda.
No entanto, o maior prejudicado é o eleitor, que perderá a chance de acompanhar as propostas de Dilma, Serra, Marina Silva e Plínio de Arruda Sampaio. A Band, que se orgulha de sua tradição de debates, marcou um gol contra em seu primeiro ato nesta cobertura eleitoral.
O maior sucesso da animação japonesa no Brasil finalmente retorna à TV. Porém, Os Cavaleiros do Zodíaco, que virou febre em meados dos anos 90, volta nesta tarde para a Band de forma repentina, sem alarde e com publicidade deficiente, e será exibido nos dias em que não haverá jogos da Copa do Mundo.
A notícia pegou de surpresa até mesmo o site CavZodiaco.com.br, o site sobre animes mais acessado no Brasil e parceira de praticamente todos os projetos relacionados a Os Cavaleiros do Zodíaco. Ontem, foi publicada a nota de que a série seria exibida na manhã de hoje, 30 de junho, dentro do programa Band Kids. Mais tarde, a informação foi corrigida: o dia permanece o mesmo, mas o horário mudou para 14h15. A estreia aconteceria em maio, mas fora adiada pela Copa do Mundo.
Mais irritante do que a troca para o horário de programação local – só passará para a Grande São Paulo – é o caráter súbito da informação. A Band demonstra, assim, total descaso com o produto que impulsionou uma geração de fãs nos anos 90. Os Cavaleiros do Zodíaco estreou em 1º de setembro de 1994 na extinta TV Manchete. Por lá ficou até 12 de setembro de 1997, após três anos de sucesso, ter ganhado da Globo no Ibope e vendido mais de 500 mil bonecos dos personagens da série – o principal objetivo da Samtoy, empresa espanhola de brinquedos que trouxera Cavaleiros, tardiamente, para o Brasil.
Após um hiato de seis anos, Cavaleiros voltou a ser pauta de revistas e dos primeiros sites especializados. Mas a censura barrou a exibição do anime nas manhãs da Rede Globo, que desistiu da compra e deixou o caminho aberto para a Band. Antes de voltar à TV aberta, o anime foi redublado – a versão do estúdio Gota Mágica foi extraviada; na Álamo, alguns erros que vieram da dublagem espanhola foram corrigidos – e estreou no canal fechado Cartoon Network exatamente nove anos depois da Manchete: 1º de setembro de 2003.
Até a exibição da Band, em 5 de julho de
Este foi só o início da difícil temporada de Cavaleiros na Band. A estreia das sagas de Asgard e Poseidon aconteceu às 12h30 de 4 de abril de 2005, horário restrito à Grande São Paulo. Isso sem falar da estúpida ideia de cortar episódios da terceira reprise da saga do Santuário, às 17h30, para o último episódio ser exibido na sexta-feira e o primeiro de Asgard, na segunda-feira.
Gradativamente, Cavaleiros ia deixando a Band – exceto como tapa-buraco na programação – para ser exibido na Rede 21, canal do mesmo grupo, a partir de 22 de agosto de 2005. Em 2007, com o vencimento do contrato da saga do Santuário, as sagas de Asgard e Poseidon foram reprisadas exaustivamente. Após mais de dez transmissões sucessivas, Cavaleiros encerrou suas atividades no início de 2008, com o último episódio da saga de Asgard. Desde então, o anime teve exibição em canais menores, como a Rede Brasil (canal 59 UHF SP), mas por meio de reprodução dos DVDs lançados pela PlayArte Pictures.
Mais de dois anos separam a última exibição e a reestreia, hoje. No entanto, os fãs já preveem uma exibição instável e desrespeitosa. A chamada, feita às pressas, mostra Cavaleiros às 14h15, Malcom às 15h e Que Dureza às 15h30. São tapa-buracos da programação da Band, já que não haverá jogos da Copa do Mundo, sua prioridade. As partidas voltam na sexta-feira, cancelando as séries. Em mais uma reestreia na TV, Os Cavaleiros do Zodíaco ainda é tratado como um produto qualquer.
Por quase dez anos, Daniel Castro assinou a coluna Outro Canal, da Folha de S.Paulo. Em julho de 2009, porém, ele trocou o jornal para assumir um blog no portal R7, da Rede Record. "A proposta financeira daqui era melhor", conta. Além do salário mais alto, Castro também foi convidado a dirigir um talk show, ainda em projeto, que seria comandado pelo apresentador Augusto Liberato.
Polêmico, ele aponta o reality show Big Brother Brasil como o melhor programa da televisão brasileira. "É uma visão técnica. Eu acho o programa mais difícil de fazer e o mais bem-feito", opina. Além disso, Castro também foi protagonista de inúmeros desentendimentos na internet – o novelista Aguinaldo Silva escreveu em seu blog que ele era um jornalista com "j minúsculo". Mas ele encara essas desavenças com muito bom humor. Em entrevista exclusiva, ele fala de sua carreira, jornalismo televisivo e de sua saída do jornal paulistano.
Quando você começou no jornalismo, você pensava em fazer crítica televisiva?
Nunca.
E como você caiu nessa área?
Por acaso. Entrei na Folha em 1991. Primeiro eu comecei em jornal de bairro, fiz por uns três anos, e foi uma escola para mim. Eu fazia simultaneamente com a faculdade de jornalismo, que na verdade eu não fazia [direito]. Eu entrei na Folha como diagramador, mas não queria ser diagramador, queria ser repórter. Logo que entrei, reativaram o trainee, fiz todo o processo de seleção e passei: era trainee das 9h às 18h e diagramador das 18h às 2h, durante uns dois meses. Passaram-se mais dois meses e comecei a trabalhar como repórter de suplementos de móveis, empregos, durante quase um ano. No meio da ECO-92, fui repórter do caderno "Cotidiano". Lá, eu deslanchei como repórter. Aí, um dia, teve uma reformulação do caderno de TV da Folha – isso foi em meados de 1996. Um cara que tinha trabalhado comigo no "Cotidiano" virou editor do "TV Folha" e me convidou. Eu falei: "Cara, eu nem assisto à televisão", mas ele rebateu: "Eu não quero alguém viciado, que gosta de televisão. Eu quero um repórter como você, com o seu perfil". Foi aí, nunca tinha pensado, eu tinha entrado na faculdade de jornalismo e queria ser repórter de política, trabalhar em Brasília.
Como você avalia o jornalismo sobre televisão no Brasil?
Acho que ele evoluiu muito nos últimos anos, mas ainda está muito aquém de outras áreas do jornalismo, como o político e o econômico. É um jornalismo que tem a característica de ser muito acrítico, que ainda carrega aquela carga que ele traz da fofoca. O jornalismo de televisão sempre esteve associado à fofoca, ao Nelson Rubens, e ele não perdeu isso: ainda tem esse ranço, tem esse texto, tem a preguiça da apuração, não é um jornalismo tão rigoroso como o que se pratica em outras áreas. É lógico que isso varia de veículo para veículo. Na Folha de S.Paulo, no Estadão e na Veja existe um padrão que acompanha o resto do jornal, mas mesmo nesses veículos ele é a área de lazer do jornalismo.
O jornalismo sobre televisão não investiga a televisão. Ele se contenta com muito pouco. O jornalista, os editores e os repórteres que cobrem essa área vão à entrevista coletiva, ouvem o que a emissora quer falar, o que os artistas têm a dizer, compõem o material e vão embora. Falta empenho para fazer outras pautas, investigar outras áreas. Tem tanta coisa nos bastidores da televisão que ninguém vai atrás.
Por que falta investir nessa área?
Porque os veículos não esperam dessa área uma abordagem mais crítica e os jornalistas que cobrem essa área, geralmente, são muito novinhos, muito fãs. Eu já vi jornalista pedir autógrafo para ator, achei uma coisa inconcebível. Lógico, eles são cidadãos, tem todo o direito de ter os ídolos dele, mas pedir autógrafo em uma coletiva é inaceitável. A maioria dos jornalistas que cobrem essa área peca pelo excesso de idolatria. É o cara que é fanático por seriado, assiste a todos os seriados e entende muito daquilo, mas não tem uma postura mais crítica.
Já que você está falando de profissionais, quem você destacaria na área do jornalismo sobre televisão?
Eu gostava muito do trabalho de um cara que já não está mais nessa área, que é o Ricardo Valadares, da Veja. Dos colunistas atuais que estão nos três grandes veículos – Veja, Folha de S.Paulo e Estadão – não vejo muito. Um cara que está despontando, que tem futuro nessa área, é o Leandro Nomura [atualmente faz parte da coluna da Mônica Bergamo, na Folha]. Ele tem aquela pegada de celebridades, mas de vez em quando ele vai atrás de uma pauta mais interessante, procura um novo viés.
A TV no Brasil é vista como uma coisa menor, alienante. Isso interfere na cobertura jornalística que trata dela?
Interfere e esse é o equívoco. Não que a TV seja alienante, o que é alienante é o ensino que a gente tem, é o analfabetismo real e funcional. Isso sim é alienante. Temos uma TV de muito boa qualidade, um padrão muito bom, muito alto, e a imprensa e a elite, de uma forma geral, desprezam a televisão porque é um veículo de massa, o maior que existe.
Mas a elite faz uso da TV também, porque para se manter como uma elite ela precisa da televisão, que é o maior meio de comunicação do Brasil...
Essa é a pequena elite; a elite que comanda tem outra visão. A elite cultural, principalmente, vê a televisão com preconceito: ela reconhece a televisão como a principal indústria cultural, não só do Brasil como de outros países.
Na TV aberta atual, quais os programas que você destaca?
O melhor programa, hoje, é o Big Brother Brasil. Não que ele acrescente algo à vida das pessoas, eu não vejo a televisão como um produto que tem que educar. A televisão, principalmente em alguns produtos dela, é meramente entretenimento, e o Big Brother, embora muita gente não reconheça, é isso: entretenimento muito bem feito. O que eu valorizo no Big Brother é que ele é muito difícil de ser feito. A chance de você juntar 16 pessoas em uma casa e não dar em nada é muito grande. A Globo e o Boninho conseguem fazer isso de uma forma que vire uma "novela da vida real", mas não é real. É um reality show com muito pouco de "reality"; reais são os personagens. Mas mesmo quem está lá dentro cria personagens de si mesmo. É uma visão técnica. Eu acho o programa o mais difícil de fazer e o mais bem-feito.
Big Brother é o melhor. E o pior?
Se eu falar Programa do Ratinho vou ser tão clichê... Eu já fiz reportagens desmascarando o Ratinho quando eu estava na Folha. O Ratinho sempre foi associado à baixaria, mas depois que eu passei a conhecer mais televisão, antes mesmo de trabalhar com ela, passei a reconhecer o Ratinho como um comunicador popular, assim como o Silvio Santos é um grande comunicador, assim como o Chacrinha foi. Ele sabe falar de maneira cômica, fazer aquele circo muito bem feito. Eu precisava ver as grades das emissoras para pensar em um programa ruim, mas tem. A novela do SBT Uma Rosa com Amor, por exemplo, tem problemas técnicos. Tem ritmo industrial de uma fábrica chinesa.
O que o motivou a sair da Folha e assumir o blog no R7?
A proposta financeira do R7 era melhor. E também o desafio. Foi uma coisa que ainda não aconteceu, porque o que me trouxe para cá foi o convite para dirigir um talk show a ser apresentado pelo Gugu. Esse projeto ainda não aconteceu, está adormecido.
Na época da sua saída, sua coluna bombardeava os índices da Record, da Record News, das novelas. É coincidência a Record ter lhe chamado? Foi para tirar você da Folha, para brecar suas críticas?
Eu não sou romântico de achar que a Record queria minha mão de obra. Até quis que assim fosse, mas a intenção deles não era para que eu dirigisse um programa, era para o R7, porque o R7 precisa de alguns jornalistas que tivessem credibilidade. Mesmo assim, eu não sou ingênuo de acreditar que vim para cá porque a Record me acha lindo e maravilhoso. Não é verdadeiro também dizer que eu atacava a Record, que eu tinha uma guerra pessoal com a emissora.
A minha coluna sempre foi crítica, sempre bateu em todas as emissoras. Ela batia muito na Globo, desde 2000. Eu já tive fases ali em que eu batia em todas as TVs e tive uma fase também em que a Record teve uma imagem muito positiva na minha coluna. Em 2006, eu fui ao Troféu Imprensa e o Silvio Santos reclamou no ar: "Pô, Daniel, você é evangélico? Porque você só fala bem dos bispos da Record, você devia ir lá em casa, frequentar a mesma igreja das minhas filhas". Ele fez essa piadinha e isso foi ao ar.
O que aconteceu com a Record foi o seguinte: em dezembro de 2007, a Elvira Lobato, repórter da Folha, fez uma reportagem sobre os 30 anos da Igreja Universal, falando do império empresarial que a igreja construiu, e isso gerou uma série de ações contra a Folha e a repórter. Fiéis da igreja entraram com mais de uma centena de ações e isso aproximou a Globo da Folha. Em meados de 2008, em agosto, fui almoçar com o Octavio Florisbal, diretor-geral da TV Globo, e ele só reclamou da minha cobertura, que eu só batia na Globo e ela defendendo a Folha contra a Igreja. Isso aproximou muito os Frias dos Marinho e chegou a um ponto ali em que a direção da Folha me disse: "Não tem como ignorar o apoio que a Globo está dando". Não houve uma coisa declarada, "Faça isso, bata na Record”, mas eu entendi a mensagem assim: "Pare de bater na Globo e passe a bater na Record". Virei a artilharia: era uma coisa equilibrada, batia nas duas. A Record cresceu, chegou a um ponto, parou de crescer, começou a apanhar, começou a ter um noticiário crítico para ela, um noticiário negativo. A Globo tinha épocas que estava desesperada pelo crescimento da Record, eu percebia isso, minhas fontes falavam isso, e eram fontes quentes, não tinha como não registrar. Eu podia, eu tinha essa liberdade.
Desde que você saiu da coluna na Folha, ela está um pouco defasada. Por ela, já passaram duas colunistas, Silvia Corrêa e Andréa Michael, a atual, e, nesse meio tempo, uma série de interinos. Acha que seu nome dava peso à coluna? Porque não acharam substitutos.
Não sei se é o nome, mas dava outra dimensão para ela. Não sei, acho que talvez o problema da Silvia, pelo que me relataram, é que ela não aguentou a pressão, embora o jornal não tenha essa pressão por audiência. Não sei que cobrança ela estava sofrendo.
Você chegou a indicar algum nome na hora em que saiu de lá?
Daniel Bergamasco, mas ele não quis. Agora ele é editor-adjunto de "Cotidiano". O Daniel era "meu fã". Quando ele estava na faculdade, na UNESP, teve um dia em que ele foi conhecer a Folha, me conhecer pessoalmente e eu mostrei a redação para ele. Eu o acho um repórter excelente. Ele entrou lá como assistente da Bergamo, só que quando ele foi para Nova Iorque, ganhou uma outra projeção, ganhou moral no jornal, fez um trabalho muito bom como correspondente e soube usar isso na hora em que o jornal falou para ele fazer a coluna. Ele respondeu dizendo: "Não, não vou fazer porque eu não quero. Quero ter outras ambições. Gosto de televisão como telespectador, como leitor de televisão, mas não quero cobrir isso porque acho muito rotineiro, muito a mesma coisa". Ele achava que era uma coisa que cansava. Eram sempre as mesmas fontes, sempre as mesmas pautas, eu já estava no limite ali, saí na hora certa.
Você tem mais liberdade no blog? Procura o que quer, os canais que quer?
Em relação à Folha, eu tenho a liberdade de escrever e botar no ar. Também nunca me mandaram tirar nada e nem poderia, mas nunca tive uma crise por causa disso. Na Folha, cada linha era lida por um ser da direção. Talvez tenha sido isso que tenha feito a Silvia Corrêa sair. O começo é muito difícil, imagino que a Andréa Michael não esteja agradando quem acompanha ela no trabalho, mas daqui a seis meses, um ano...
Você acompanha os comentários?
Agora, o R7 está contratando estagiários para fazer isso, mas eu libero todos.
Você acompanha outros blogs do R7? Da Fabíola Reipert, por exemplo?
Alguma coisa, sim. Do R7, eu sou mais leitor da Rosana Hermann, de quem eu já era, e do André Forastieri. Do Pedro Tourinho, eu entrei em seu blog no 1º, no 2º dia, sempre vejo alguma coisa. O da Fabíola eu acompanho sistematicamente, até para ver o que ela está escrevendo. Eu a acho muito divertida, mas é outra linha. Ela é o expoente daquilo que eu critiquei no começo: é mais a fofoca.
Você já protagonizou desentendimentos com Aguinaldo Silva e com a Daniela Albuquerque.
Com o Aguinaldo, eu não entendi. O Aguinaldo ficou "puto" porque Duas Caras não foi uma novela muito bem resolvida: teve várias notas que provavelmente ele não gostou, mas ele nunca manifestou isso. Até quando eu vim para o R7, a gente chegou a trocar e-mails, ele me passou algumas informações, mas já não era mais aquela prioridade que tinha quando estava na Folha. Mesmo estando na Folha, com Cinquentinha ele priorizou outros colunistas. O Flávio Ricco deitou e rolou em Cinquentinha e eu fiquei assim "ah tá, ok, eu mando um e-mail para o cara e ele me responde qualquer bosta". Quando estreou Cinquentinha, eu fiz uma crítica que ele não gostou. Eu falava que gostava e a crítica que eu fazia era a seguinte: ele debochava das próprias atrizes, tirando uma onda com as próprias biografias, com o próprio gênero, e não entendi por que ele não gostou disso. Talvez ele não tenha gostado que eu assisti à minissérie acompanhando pelo Twitter e registrei diferentes reações que eu captei no Twitter – e as pessoas no Twitter eram muito cruéis.
E a Daniela?
A Daniela é uma coitada, tenho dó dela. Ela não sabe escrever, não sabe falar. Se quiser ser jornalista, não pode ficar fazendo merchandising desse jeito."Eu faço programa de entretenimento", então esquece o jornalismo. São coisas incompatíveis. O que aconteceu foi o seguinte: no ano passado, no Carnaval, por ser mulher de um dos donos da RedeTV!, botaram ela para ficar ao lado do Nelson Rubens e, no último dia do Gala Gay, aparece uma "bicha" fantasiada com vários braços e ela fala: "Olha, a Medúsia!", e ela tenta corrigir, fica pior ainda. Eu nem vi isso. No dia seguinte, Quarta-feira de Cinzas, chego cedo no jornal e tenho e-mails de umas fontes que falaram "Ela falou isso, isso e isso". Eu peguei a fita, vi e falei "pô, sensacional isso" e fiz um texto falando que a RedeTV! cobre muito legal, é o lado B, faz muito bem isso, e era um texto até irônico, debochado e registrava isso, só que a Medúsia estava no título. Neste ano, na sexta-feira de Carnaval, eu estava vendo TV e estava no Twitter. Uns meninos que são SBTistas perguntaram "Poxa, cadê a Medúsia?" e eu respondi "Olha, a Medúsia deve estar de castigo por causa da bobagem que ela falou no ano passado". E a "Medúsia" tinha acabado de virar minha seguidora. Eu já a seguia há muito tempo e ela passou a me seguir porque a minha foto ainda estava no painel dela.
Você ainda a segue?
Sigo. Eu entro no Twitter dela, mas às vezes eu entro para ver o que ela está falando. Outro dia, ela escreveu para um amigo meu, mandou uma DM falando "não sei o quê, você é muito 'jatinho', mas eu gosto de você". Ela não sabe escrever. Agora estou analisando ela com mais afinco. Ontem saiu uma nota sensacional no Agora, falando que ela foi pilotando o helicóptero da casa dela para a RedeTV!. É sensacional. Tinha que ter uma investigação em cima disso. Ela fez isso mesmo: quem foi?, ela pode?, ela consegue? Ela faz um monte de coisa, o marido dela pilota – ele vai para Santa Catarina e para o Rio de helicóptero.
Você tem os números do seu blog, quantos acessos ele tem?
Em fevereiro, ele cresceu 30% em relação a janeiro e atingiu 1 milhão de pageviews.
Você acha que a web vai tomar conta da TV?
Acho que não. Aliás, mais de um teórico já escreveu sobre isso. As mídias não são substituídas, elas se complementam e se adaptam. A web, sim, vai obrigar a televisão a mudar. Ela mudou o jornalismo impresso, mas substituir, não. A TV vai mudar cada vez mais, por causa da web. Da web, tira os recursos de interatividade que, por ventura, venham a ter. A TV digital permite tanta coisa que as TVs não abrem justamente para não correrem esse risco. Mas, em tese, hoje seria possível você fazer um programa e toda a audiência interferir no roteiro dele em tempo real.